Categorias: Economia

Cenário externo pede cautela, mas BC decide manter postura incisiva

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta quinta-feira (17), por meio da ata de seu último encontro, quando a taxa básica de juros subiu para 10,25% ao ano, que a economia brasileira entrou em um "novo ciclo de expansão", com a demanda (procura por produtos e serviços) "robusta" em um "contexto de virtual esgotamento da margem de ociosidade na utilização dos fatores de produção" (uso alto do parque industrial, o que poderia ensejar a remarcação de preços).

A autoridade monetária lembra ainda na ata do Copom que o cenário externo, com crescimento das incertezas na Europa, introduziu "certa dose de cautela" nas análises sobre o cenário previsto para a inflação, mas acrescenta que, ao subir os juros na semana passada, prevaleceu o entendimento da diretoria do BC que competiria à política monetária [definição de juros] agir de "forma incisiva" para evitar que a maior incerteza, detectada em horizontes mais curtos, se propague para horizontes mais longos. A previsão do mercado financeiro é de que os juros continuem subindo nos próximos meses, e que terminem 2010 em 11,75% ao ano.

Demanda robusta
"A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, estímulos fiscais e creditícios foram aplicados na economia nos últimos trimestres, e deverão contribuir para a consolidação da expansão da atividade e, consequentemente, para a redução de qualquer margem residual de ociosidade dos fatores produtivos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os efeitos da reversão de parcela substancial das iniciativas tomadas durante a recente crise financeira internacional, os da mudança de postura da política monetária e os do agravamento da crise fiscal porque passam diversos países europeus", avaliou o Copom.

Meta de inflação
Ao subir os juros, o BC busca conter o crescimento da inflação e fazer com que o IPCA convirja para a meta central de 4,5% estabelecida para este ano e para 2011. O mercado financeiro já projeta um IPCA acima de 5,6% para este ano. No sistema de metas, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, de modo que o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

O próprio BC informou, na ata, que a sua estimativa de inflação para 2010 se mantém "sensivelmente acima" da meta central. Para 2011, a projeção também está acima do centro da meta de 4,5%.

"O Copom considera que essa deterioração [das expectativas de inflação] deva ser contida e, para tanto, precisam ser revertidos os sinais de persistência do descompasso entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta agregadas, que, em última instância, tendem a aumentar o risco para a dinâmica inflacionária. Em tais circunstâncias, a postura de política monetária deve ser ajustada (subida de juros)", informou o BC na ata do Copom.

Dinamismo da atividade
O BC avalia ainda que o "dinamismo da atividade doméstica" também deverá ser favorecido, entre outros fatores, pelos impulsos fiscais (aumento de gastos), pelas políticas dos bancos oficiais (aumento de crédito) e, em menor escala, pelo ritmo de recuperação da atividade global. Acrescenta que os indicadores divulgados reforçam a percepção de pressões, o que "aumenta a probabilidade de que desenvolvimentos inflacionários inicialmente localizados venham a apresentar riscos para a trajetória da inflação".

"Nesse contexto, aumenta também o risco de repasse de pressões de alta de custos para os preços no atacado e destes para os preços ao consumidor. O Comitê pondera que a materialização desses repasses, bem como a generalização de pressões inicialmente localizadas sobre preços ao consumidor, segue dependendo de forma crítica das expectativas dos agentes econômicos para a inflação e do grau de ociosidade da economia, dentre outros fatores", informou.

G1

 

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