Cidades do litoral paulista já se preparam para o pré-sal
Municípios se organizam para receber empresas e infraestrutura.
Veja os planos de cada cidade para ganhar com o pré-sal.
A exploração do petróleo do pré-sal na Bacia de Santos deve levar um novo tipo de atividade econômica ao litoral paulista, que hoje tem como principais atividades o turismo e o porto de Santos. Com a entrada em produção dos campos, municípios da Baixada Santista e do litoral norte devem receber atividades como bases de apoio logístico às petrolíferas (de onde saem helicópteros, barcos e navios para a produção em alto-mar), escritórios da Petrobras e de outras empresas petrolíferas ou fornecedoras, manutenção de navios e barcos e cursos na área de petróleo e gás.
Muita coisa ainda está indefinida quando se fala do pré-sal, já que todos os campos ainda estão em fase de teste e ainda não se sabe qual será o volume e o ritmo de produção nos próximos anos. Mesmo assim, o setor de petróleo e gás como um todo deve ter investimentos de US$ 200 bilhões em cinco anos feitos pela Petrobras e por empresas privadas, tanto no pré-sal como em outras áreas onde já há produção de petróleo, segundo Alfredo Renault, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).
De olho em toda essa movimentação econômica, municípios já fazem obras de infraestrutura e buscam parcerias para aumentar a oferta de qualificação profissional na área de petróleo e gás e também na área naval. A ideia é que os moradores do litoral paulista possam preencher boa parte dos empregos gerados pelo pré-sal.
A Petrobras estuda a implantação de uma nova base logística em Guarujá, em parte do terreno da Base Aérea de Santos, segundo a empresa. Parte do apoio aéreo à Petrobras é feito a partir do aeroporto de Itanhaém, em São Paulo. Na vizinha Santos, a Petrobras está construindo um prédio para abrigar uma sede, no bairro do Valongo.
A estatal prevê que sejam criados 10 mil empregos diretos na Baixada Santista nos próximos anos. O setor de petróleo emprega atualmente cerca de mil pessoas na região, segundo a Petrobras, além de cerca de 2.000 trabalhadores que trabalham no gasoduto entre Caraguatatuba e Taubaté e outros 3.000 que trabalham na construção da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato, também em Caraguatatuba.
Mas o pré-sal deve trazer uma grande quantidade de empregos indiretos ao litoral paulista, tanto na construção civil quanto depois nas empresas que dão apoio às petrolíferas. Segundo a especialista Goret Pereira Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio, o litoral paulista pode ter um desenvolvimento semelhante ao que aconteceu na região de Macaé (RJ) com o desenvolvimento da Bacia de Campos.
Infraestrutura e educação
As cidades da região buscam se preparar para a chegada do setor de petróleo e gás. Em Santos, são necessários investimentos nos acessos rodoviários à cidade, além de reforços nos sistemas ferroviário e hidroviário, segundo o prefeito João Paulo Tavares Papa.
A cidade também aposta nas bases de apoio: “as operações relacionadas ao petróleo e gás dependem das unidades de apoio ‘offshore’, de onde partem suprimentos, máquinas e equipamentos utilizados nas plataformas de exploração”, diz Papa. “Este será mais um grande negócio para a cidade. A cidade já conta com um terminal de apoio à Petrobras e outras empresas que atuam ou venham a atuar na Bacia. Além disso, são necessárias bases de suporte naval, para manutenção, reparos e produção das embarcações que se deslocarão da costa às plataformas.”
Em Itanhaém, a Bacia de Santos já trouxe movimento ao aeroporto da cidade, usado por helicópteros que levam funcionários às plataformas de petróleo. Segundo o vice-prefeito Ruy Santos, foram 2.900 pousos e decolagens no ano passado. “Isso já trouxe um movimento grande para a rede hoteleira, para o comércio e para os restaurantes. Também já há funcionários da Petrobras comprando casas na cidade e matriculando os filhos em escolas particulares”, diz ele.
Para atender à demanda esperada, Itanhaém quer ampliar o aeroporto, com um terminal de passageiros e ampliação da pista para 2.450 metros. Além disso, a cidade cedeu uma área ao lado do aeroporto para a construção de um hangar.
Guarujá também quer investir no porto e no retroporto (área de apoio à atividade portuária), além de ampliar o aeroporto para receber helicópteros e voos executivos, segundo a prefeita Maria Antonieta de Brito. “Também queremos preparar a cidade para receber obras viárias que serão feitas na região, como a Perimetral e a Ponte entre Santos e Guarujá”, diz ela.
Outra aposta da cidade é em parcerias para oferecer cursos no setor de petróleo e gás a trabalhadores da cidade. “O desenvolvimento do pré-sal vai demandar mão-de-obra básica, de nível técnico e de nível superior. Queremos que as pessoas da cidade possam entrar nesses postos de trabalho”, afirma Brito.
G1