O envelhecimento populacional e a crise financeira mundial deflagrada em virtude da pandemia coloca mais uma vez a questão previdenciária no centro do debate econômico, trazendo uma onda de contratações para os idosos na construção civil. Segundo o do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-JP), Wagner Breckenfeld, enquanto em outros segmentos econômicos os idosos não têm a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho, na construção civil a experiência é um fator favorável.
De acordo com Wagner, as funções mais comuns que eles desempenham são aquelas que exigem mais responsabilidade e menos produção, a exemplo de mestre de obras, operador de elevador e operador de grua. Essa visão de forma alguma anula interpretação meramente fiscalista, ainda hegemônica, de que pode estar velho demais para trabalhar. Ela representa, porém, uma inversão completa da forma como os economistas até hoje encaram o desafio inédito de oferecer soluções para a sustentabilidade das sociedades envelhecidas.
Ainda segundo o presidente do Sinduscon-JP, a necessidade financeira é a principal razão para a continuidade da atividade trabalhista após a aposentadoria, porém, a satisfação em manter-se produtivo é um fator determinante. “Como muitos trabalhadores da construção civil começam a exercer a profissão muito cedo, acabam completando o tempo de contribuição previdenciária ainda adulto. Dependendo da função que exercem preferem continuar trabalhando”, comentou.
Segundo dados da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia disponíveis na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o número de pessoas com 65 anos ou mais em vagas com carteira assinada aumentou, saindo de 484 mil em 2013 para 649,4 mil em 2017. Foi uma ampliação de 43% em quatro anos.
Na avaliação do coordenador de trabalho e rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, há uma série de fatores que contribuem para essa tendência. Um deles é o envelhecimento da população. A razão central para o crescimento da presença maior de idosos trabalhando, acrescenta o coordenador, é a falta de renda e a busca por meios para custear as despesas não somente da pessoa, mas da família. Esse esforço é particularmente maior em um cenário de crise econômica, como o que vem marcando o mundo durante essa pandemia nos últimos anos. Este contexto torna ainda mais difícil a inserção das pessoas desta faixa etária.
“A crise provoca instabilidade no rendimento de trabalho, principalmente, o que acaba fazendo que população mais idosa, para compor renda familiar, tenha que se lançar ao mercado. Mas ela vai se deparar com dificuldade de inserção em um mercado que está fechado”, disse Azeredo.
Redação