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Corte do IPI faz inflação atingir o menor nível desde agosto de 2009

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O índice oficial de inflação perdeu força em junho. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês passado com alta de 0,08%, ante uma variação de 0,36% em maio. Foi o menor resultado desde agosto de 2010, quando o indicador ficou em 0,04%.

O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de uma taxa de 0,05% a 0,19%, e abaixo da mediana, de 0,12%.

A taxa acumulada em 12 meses manteve a trajetória de convergência para o centro da meta estipulada pelo governo, de 4,5%, ao sair de 4,99% em maio para 4,92% em junho. O resultado em 12 meses até o mês passado é o mais baixo desde setembro de 2010, quando ficou em 4,70%. Em junho de 2011, o IPCA havia ficado em 0,15%.
 

Transportes

A deflação no grupo Transportes foi a principal responsável pelo freio na inflação medida pelo IPCA em junho. O grupo saiu de um recuo de 0,58% em maio para uma queda de 1,18% em junho. O resultado foi um impacto de -0,24 ponto porcentual na taxa do IPCA do mês (0,08%).

O item automóveis novos ficou 5,48% mais barato em junho, graças à redução de IPI anunciada pelo governo a partir de 21 de maio. Esta queda resultou no maior impacto por item no IPCA de junho: -0,19 ponto porcentual.

O item automóveis usados também teve preço reduzido no mês passado, a reboque do barateamento dos novos. A queda foi de 4,12%, um impacto de -0,07 ponto porcentual.

Juntos, os automóveis novos e usados exerceram uma influência negativa de 0,26 ponto porcentual no IPCA de junho.

Também caíram os preços dos combustíveis, embora de forma menos acentuada (de -0,64% em maio para -0,51% em junho). O etanol recuou 1,24% no mês passado (-1,34% no mês anterior) e a gasolina caiu 0,41% (-0,52%). Ficaram mais baratos também os acessórios e peças para automóveis (de 0,06% para -0,48%), motocicletas (de 0,50% para -0,42%) e seguro voluntário (de 1,67% para -0,04%).

Alimentos

Embora tenham desacelerado a alta na passagem de maio para junho, os alimentos ainda pesam no bolso do consumidor. O grupo Alimentação e Bebidas saiu de um avanço de 0,73% em maio para 0,68% em junho, segundo o IBGE. A alta acumulada no primeiro semestre deste ano foi de 3,26%, enquanto no mesmo período de 2011 o aumento foi menor, de 3,11%.

"Os alimentos desaceleraram, mas ainda tiveram aumento forte. Mesmo com o IPCA menor, desacelerando, os alimentos estão pressionando mais do que pressionaram no ano anterior", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Os alimentos vêm sofrendo com as quebras de safra em algumas culturas, que reduziram a oferta dos produtos e elevaram os preços ao consumidor. Em alguns itens, há ainda o impacto da valorização do dólar em relação ao real, que afeta o preço do trigo, principal insumo do pão e importado de países vizinhos.

"A alta do dólar influenciou mais diretamente os preços do pão de forma e pão francês, embora o preço da própria farinha de trigo tenha recuado", disse Eulina. "Mas em outros itens a alta do dólar pode estar presente também, porque ele está presente nos adubos, no malte da cerveja, em componentes e insumos que não estão claros à primeira vista."

Em junho, ficaram mais caros batata inglesa, tomate, feijão-mulatinho, alho, cenoura, feijão-preto, pão de forma, hortaliças e verduras, óleo de soja, cerveja, refrigerante, arroz, cerveja fora de casa, pão francês, refeição e lanche.

"A redução de área plantada e problemas climáticos afetaram os alimentos este ano. Com isso, a taxa (do grupo Alimentação e bebidas) ficou um pouco maior do que em 2011, apesar de várias providências que foram tomadas, como o Brasil ter importado feijão da China", explicou a coordenadora do IBGE.

Enquanto os aumentos nos produtos alimentícios seguem em patamares elevados, os produtos não alimentícios tiveram queda de 0,10% em junho, contra alta de 0,25% em maio.

Já a inflação de serviços voltou a ganhar fôlego em junho no âmbito do IPCA. A taxa passou de 0,21% em maio para 0,52% no mês passado, informou o IBGE. Entre os principais itens, houve aumento das taxas em alimentação fora de casa (de 0,53% em maio para 0,70% em junho), aluguel residencial (de 0,63% para 0,68%), condomínio (de 0,47% para 0,54%), passagem aérea (de -10,85% para +0,76%), conserto de automóvel (de 0,13% para 0,55%) estacionamento (de 0,18% para 0,81%), entre outros.

"Os serviços voltaram a acelerar. O índice de serviços estava muito contido por causa dos 10% de queda das passagens aéreas em maio. E outros itens que tinham caído ou desacelerado também subiram um pouquinho, como excursões, alimentos fora de casa, aluguel", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Estadão

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