A Cúpula do Grupo dos Oito (G8, formado pelos sete países mais industrializados do mundo, além da Rússia), em L’Aquila, na Itália, começa nesta quarta-feira (8) com o desafio de provar sua importância no cenário mundial diante da crise econômica. Entre os assuntos a serem discutidos, além da crise, estão o aquecimento global e a segurança alimentar
Diante de críticas de países em desenvolvimento, como o Brasil, que argumentam que o G8 não representa mais a balança de poder mundial, o grupo também convocou os membros do G5 (China, Índia, Brasil, México e África do Sul) para o debate.
Além das grandes nações em desenvolvimento, outros 14 países foram convidados a se juntar membros do G8 – Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Rússia e Itália – durante o evento em L’Aquila, cidade que foi afetada por um forte terremoto no mês de abril.
Balança de poder
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse publicamente que o G20 é o fórum mais adequado para as discussões globais. "O G8 não tem mais razão de ser, a menos que seja para debater outros temas (além do desequilíbrio entre as nações)", declarou ele, em uma entrevista ao jornal francês "Le Monde", nesta terça-feira (7).
Entre os defensores de um papel maior para as nações em desenvolvimento está o presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Queremos levar o mesmo discurso, o discurso da mudança", afirmou Sarkozy em coletiva conjunta com Lula em Paris.
Dentro dessa disputa de poder, China, Rússia e Brasil pretendem usar a cúpula do G8 na Itália para defender a visão de que o mundo precisa procurar uma nova moeda de reserva global como alternativa ao dólar. A ideia encontra resistência entre os líderes de países desenvolvidos, que não consideram o G8 como o fórum adequado para o tema.
Embora vá levar tempo para que o dólar seja substituído como moeda de troca global, os três países, com o apoio da Índia, querem pelo menos iniciar o debate. Lula já disse que está interessado em explorar "a possibilidade de novas relações comerciais não dependentes do dólar".
Temas
A Itália elaborou com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) 12 pontos para ajudar a equilibrar as regras da economia global, como a luta contra o protecionismo e o estabelecimento de regras mais transparentes para o sistema financeiro.
Há um entendimento entre economistas e governos que é necessário regular melhor os bancos – o consenso é que países com maior nível de regulação foram menos afetados pela crise.
Os países mais poderosos do mundo se reúnem em um momento de instabilidade internacional, com distúrbios no Irã, China e Honduras e uma escalada da tensão por parte da Coreia do Norte, que realizou vários testes de mísseis recentemente
Além disso, vários líderes europeus, entre eles o presidente francês e o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, pediram objetivos em médio prazo para lutar contra as mudanças climáticas.
No que se refere à segurança alimentar, a previsão é de que os países reunidos na cúpula alcancem um acordo para destinar US$12 bilhões para o desenvolvimento agrícola em um prazo de três anos.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA), organização internacional que se encarrega das emergências alimentícias globais, elogiou o interesse mostrado pelo G8 sobre o tema da segurança alimentar.
Organização
A cúpula do G8 da Itália é rodeada por uma organização questionável, tanto no conteúdo quanto nos preparativos da sede em L’Aquila. A imprensa britânica informou que, durante a preparação da cúpula, os EUA tiveram que tomar as iniciativas das negociações prévias.
A princípio, a cúpula seria realizada em uma ilha na Sardenha, mas o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, decidiu transferi-la para L’Aquila, a cidade que foi devastada no dia 6 de abril por um terremoto que matou 299 pessoas.
A possibilidade de um novo terremoto provocou inquietação no governo italiano e vários meios de comunicação italianos informaram que um tremor superior aos quatro graus na escala Richter foi registrado na região, com a cúpula sendo transferida para Roma ou ser suspensa, o que acabou não ocorrendo.
G1