As perdas na produção e o desperdício de alimentos aumentam a tragédia social da fome no mundo, mas também têm impacto nocivo no meio ambiente e graves consequências econômicas. A degradação dos alimentos emite tantos gases de efeito estufa quanto todo o parque automotivo do planeta e consome um terço de insumos, com custos que jamais retornarão à cadeia produtiva. Além de nutrientes essenciais à vida, acabam no lixo recursos naturais e bilhões de reais por ano. Para evitar tais sequelas, cabe à sociedade o combate ao desperdício em todos os elos da cadeia agroalimentar. A série do Correio mostra hoje a extensão dos problemas e algumas iniciativas existentes no campo, no transporte e distribuição e nos supermercados.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) calcula que um terço da produção de alimentos é perdido todos os anos. A emissão de gases com essa perda é igual à poluição por dióxido de carbono de todo o parque automotivo do mundo, explica o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, porque o óxido nitroso e o metano, resultantes da degradação, são muito mais nocivos à camada de ozônio do que o CO2, nas razões de 300 por 1 e 20 por 1, respectivamente. “Além do forte impacto na saúde pública, com transmissão de enfermidades, o apodrecimento de alimentos tem alto custo. São consumidos recursos e energia na produção e um terço disso se perde”, diz.
O professor Pedro Henrique Zuchi da Conceição, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), que orienta o trabalho Quanto vale um terço, destaca que existe um custo financeiro. “O gasto é relativamente alto, porque é preciso incluir as perdas de recursos naturais, um terço a mais de terra, de solo, de água, da biodiversidade, que é desmatada para a produção”, afirma. Grande parte é cobrada da população, embutido nos preços, mas outra parte, não. “Gargalos são associados às condições de transporte pela falta de conservação das estradas. Essa perda nem chega ao consumidor final”, ressalta.
Redação
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