Uma moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, ganhou fama internacional ao inovar e criar uma barca de brigadeiros. Em poucas semanas, o vídeo com a montagem do produto superou a barreira das 5 milhões de vizualizações e encomendas do mundo inteiro começaram a chegar. Inspirado na culinária japonesa, a invenção, que acabou inspirando outras doceiras de todo o País, conta até com uma ‘versão’ brasileira do tradicional molho shoyu.
Lucelia Feitosa, de 36 anos, trabalhava com contabilidade. O salário que ganhava, porém, era pouco e, em 2013, resolveu fazer doces para vender e ter uma outra fonte de renda. De dia, ela lidava com os cálculos e, no resto do dia, se aventurava nos brigadeiros de copinho. Os amigos do trabalho viraram seus primeiros clientes. Aos poucos, as encomendas aumentaram e ela ampliou o cardápio de doces.
“Eu comecei a me empolgar e levar doces diferentes. Comecei a vender brigadeiro no copinho, cone recheado e palha italiana. Percebi que estava ganhando mais no doce do que no próprio serviço. Daí, eu decide mudar. Eu conversei com meu chefe e sai do emprego”, conta ela.
Lucelia diz que, no início, sofreu preconceito por ter feito essa escolha. “As pessoas acham que emprego é sentar na cadeira em um escritório. As pessoas falavam que iam comprar só pra me ajudar”, diz.
Ela passou a se dedicar totalmente a produção e criação de doces e, com isso, sempre se preocupou em trazer novidades para seu negócio. No fim do ano passado, ela buscava algumas inspirações na internet, quando encontrou uma barca que transportava alguns brigadeiros enrolados.
“Tentei fazer. Eu fiz e coloquei o chocolate para imitar o ‘shoyu’. Eu pensei em diferenciar daqueles que só tem o brigadeiro. O interessante é a pessoa molhar o docinho no molho. Quis brincar com essa ideia de fazer referência à comida japonesa”, diz Lucélia.
A barca é feita de quatro tipos de brigadeiro: preto com bolinhas de cereais, preto tradicional, beijinho, bicho de pé, leite ninho e chocolate branco, além da palha italiana, o carro chefe da Dalu Doceria. A barca acompanha os hashis, os famosos palitinhos utilizados como talheres pelos japoneses e que, neste caso, são usados para molhar os brigadeiros na calda.
As amigas da doceria adoraram a ideia. Ela resolveu apostar na novidade e fazer um vídeo para divulgar a barca de brigadeiros. “Tudo que eu faço eu tento fazer um vídeo para chamar a atenção, aguçar a vontade das pessoas e começar a vender”, conta ela.
As imagens mostravam a barca de brigadeiros e a doceria mergulhando um dos docinhos na calda de chocolate. O vídeo fez muito sucesso e viralizou. Segundo a doceira, em três dias, chegou a 1 milhão de visualizações. Agora já são mais de 5 milhões. “Começou a vir gente do Brasil inteiro perguntando, falando que minha barca chegou nos Estados Unidos, em Portugal. Foi surreal”, diz.
Ela começou a receber encomendas de várias partes do país. Mas, como os doces são feitos de forma caseira e ela trabalha sozinha, não consegue atender a todos os pedidos. “Não tem conservante e é um produto sensível, não tem como mandar por correio. Ainda em abril vamos marcar um ponto de entrega em São Paulo”, falou.
Desde que lançou a novidade, Lucelia deixou de lado os outros tipos de doces e só se dedica às barcas. Ela faz, em média, de 10 a 15 barcas por dia. Com o sucesso dos brigadeiros com o toque japonês, ela pretende estar sempre inovando para agradar o paladar de mais clientes.
O grande desejo dela é ter um cantinho para a Dalu Doceria. “É o sonho de toda confeiteira. Ontem fui dormir tarde fazendo doces. Eu faço com amor mesmo, a gente fica cansada, mas é prazeroso. Cada vez mais pessoas estão procurando nosso serviço e é muito gratificante”, falou.
Foto: Lucélia Feitosa/Arquivo Pessoal
G1
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