O dólar opera em forte alta em relação ao real nesta quinta-feira (10), chegando a disparar mais de 5%, um dia depois de a vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos ter feito da cautela a palavra de ordem para os emergentes até que se tenha mais clareza sobre os passos do republicano.
Às 14h39, a moeda norte-americana subia 4,38%, vendida a R$ 3,350. Veja a cotação do dólar hoje.
Mais cedo chegou a passar de R$ 3,37. A última vez que o dólar fechou acima de R$ 3,37 foi em 27 de junho, a R$ 3,3946.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 1,32%, cotado a R$ 3,2095. Na semana, a queda é de 0,66%. No mês, a alta é de 0,61%. No ano, a moeda acumula queda de 18,7%.
"O mercado não sabe até quando o BC não fará leilões de swap reverso e já está procurando ‘hedge’, antecipando uma "O mercado não sabe até quando o BC não fará leilões de swap reverso e já está procurando ‘hedge’, antecipando uma ausência futura", explicou o superintendente da Corre parti Corretora, Ricardo Gomos da Silva à agência Reuters.
Na noite passada, o BC anunciou que interrompeu a oferta de leilões quase diários de swaps cambiais reversos, equivalentes à compra futura de dólares. O objetivo é "acompanhar e avaliar as atuais condições de mercado" após a inesperada vitória de Trump.
Segundo dados do BC, há US$ 6,491 bilhões em contratos de swap tradicional –equivalentes à venda futura de dólares– que vencem em 1º de dezembro e que, se o BC mantivesse o movimento até então, poderiam ser anulados se os leilões de reversos fossem mantidos neste mês.
"É um volume considerável", comentou o operador da corretora H.comm cor, Clube Ales Machado, lembrando que o estoque total de swaps tradicionais equivale a US$ 24,106 bilhões.
Em outubro, o BC anunciou que não anularia integralmente os contratos que venceram em 1º de novembro, o que também gerou pressão altista sobre a moeda norte-americana.
Exterior
No exterior, os investidores ainda pressionavam as moedas emergentes, como o peso mexicano.
Discurso de Trump
Trump fez um discurso na quarta-feira considerado conciliador após sua vitória, diferentemente do estilo agressivo adotado em toda a sua campanha, o que reduziu um pouco o temor nos mercados financeiros.
Apesar disso, os investidores devem permanecer estressados até ter conhecimento do que de fato o presidente eleito vai conseguir colocar em prática das propostas radicais que anunciou em sua campanha, destaca a Reuters.
Juros nos EUA
A vitória de Trump joga dúvidas sobre a percepção dos mercados financeiros globais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai elevar a taxa de juros em breve e seguir com mais altas graduais ao longo dos próximos anos. "Aumentam as chances de que o Fed não aja em dezembro", disse à Reuters o economista-chefe da Moody’s Analytics, Marz Zandi, sobre a vitória de Trump.
Especialistas ouvidos pelo G1apontam que o aumento da percepção de risco após a vitória de Trump pode afetar a decisão do Fed. “O Fed emite sinais crescentes de que deve fazer o aumento da taxa de juros. Mas, eventualmente, com essa turbulência, pode ser mais conservador ”, diz Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria.
O mercado monitora pistas sobre a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque taxas mais altas poderiam atrair para o país recursos aplicados atualmente em outros mercados, motivando assim uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.
G1