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Entenda os pontos positivos e negativos da baixa do dólar

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 Márcio Bessa, diretor comercial: "Todo mundo viajou para fora e agora quer voltar para conhecer outros lugares. Com o dólar a R$ 3,10, as chances são boas para quem quer fazer isso"

O dólar alcançou R$ 3,05 na última quinta-feira, o menor patamar desde maio de 2015, animando mais ainda quem pretende viajar para o exterior neste ano. Nem mesmo a leve alta na véspera do feriado de carnaval, para R$ 3,11, desanimou quem tem planos de conhecer outras culturas.

Esse movimento ajuda a queda da inflação. Mas envolve também alguns riscos: a queda das exportações, atrapalhando a retomada do crescimento econômico, e dificuldades para equilibrar as contas externas do país. Embora haja divergências entre especialistas quanto à trajetória do câmbio, muitos deles apontam para uma tendência de alta do dólar frente ao real até o fim do ano, reduzindo o efeito desses problemas. Relatório do Bank of America Merrill Lynch divulgado ontem indica uma sobrevalorização de 5% do real frente ao dólar.

Para quem quer viajar, portanto, é importante ficar atento e se preparar logo. Márcio Bessa, diretor comercial de uma agência de turismo, orienta quem quer ir para fora do país a fazer compras pequenas de moeda estrangeira, sempre que puder. Ele diz que a recente queda do dólar ajudou a melhorar as vendas de pacotes da empresa. Desde o início do ano, os negócios aumentaram em 20%. “Tivemos o melhor mês de janeiro dos últimos cinco anos e esperamos que fevereiro seja ainda melhor”, afirma.

Para Bessa, o boom das viagens internacionais nos últimos anos fez com que os turistas tomassem gosto por destinos no exterior. “Todo mundo viajou para fora e, agora, quer voltar para conhecer outros lugares. Com o dólar a R$ 3,10, as chances são boas para quem pretende fazer isso”, declara o diretor.

Fechar câmbio de forma programada é uma rotina para o economista Glênio Alves, 54 anos, que está planejando as férias. Ele pretende ir para a Europa daqui a seis meses e faz pequenas aquisições em tempos intercalados para aproveitar a variação. “Vou comprar dólar para trocar por euro depois. Faço isso para não gastar tudo de uma vez. Prefiro comprar aos poucos”, diz. A meta de Alves é trocar R$ 6 mil até o fim deste semestre. No momento, ele tem quase R$ 4 mil e torce para o dólar cair ainda mais antes de fazer outra aquisição. “Com a moeda norte-americana a R$ 3,10, todo mundo voltou a viajar para fora. Quem se planeja consegue visitar outro país”, explica.

Antecipação

O tradutor Mário Ribeiro da Costa, 54, já sabe que vai viajar para fora, só não sabe quando nem para onde. “Eu tenho amigos em outros países e, por isso, quando viajo, levo pouco dinheiro. Mas gosto muito de viver em terras desconhecidas, ficar mais tempo em um determinado local para conhecer culturas diferentes e fazer amigos”, conta.

Para o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, dificilmente o dólar ficará abaixo de R$ 3 neste ano. A consultoria prevê que a divisa norte-americana encerrará o ano em R$ 3,35 porque as incertezas serão maiores no segundo semestre, quando está prevista uma desaceleração mais acentuada da China.

Campos Neto explica que a recente queda do dólar ocorreu devido a fatores que não estavam previstos nas últimas semanas, como a forte valorização de commodities, principalmente petróleo e minério de ferro. Esses produtos andam subindo desde a vitória de Donald Trump nas urnas dos Estados Unidos, em novembro, porque ele prometeu na campanha que investiria em infraestrutura.

Neste início de mandato do empresário republicano na Casa Branca, porém, a promessa ainda não se confirmou. Se continuar assim, é possível que os preços das commodities voltem a cair ao longo ano. “Nossa avaliação é que o dólar voltará a se valorizar nos próximos meses, porque o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), vai retomar os apertos monetários. Deverá realizar três altas de juros neste ano. Com isso, haverá saída dos investidores dos mercados emergentes e direcionamento deles para o mercado norte-americano. Isso fará com que as moedas de países emergentes, como o Brasil, deixem de se valorizar”, destaca.

Otimismo

Nem todos apostam em alta da moeda norte-americana em relação à brasileira, porém. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, prevê com a manutenção do dólar em patamar baixo frente ao real se o presidente Michel Temer conseguir avançar com as reformas fiscais. Para ele, isso “faz parte da boa evolução do país”. Assim, ele acredita que o Banco Central não conseguirá mudar a trajetória do câmbio. “Se o cenário continuar sendo positivo aqui dentro e complicado lá fora, a valorização do real frente ao dólar será inevitável”, afirma.

Na avaliação do economista, o que pode reverter isso é a derrota do governo na reforma da Previdência. Se isso acontecer, o real volta a se desvalorizar, mas, pelos motivos errados: por uma piora fiscal advinda da não aprovação do que o mercado julga necessário. Vale alertar, ainda, que, caso Temer não consiga aprovar a reforma previdenciária no Congresso, a inflação voltará e o BC, que está reduzindo a taxa básica de juros (Selic), retomará um ciclo de alta, “jogando a economia no buraco de novo em 2018”. “Isso permitirá a eleição de alguém no estilo Trump para a Presidência aqui. Assim, menos relevante do que o câmbio, é saber se o governo continuará seguindo com as reformas, o que ajudará na queda de juros e permitirá que os projetos de infraestrutura comecem a ficar cada vez mais interessantes”, completa.


Redação

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