Apesar das queixas do setor produtivo, que reclama que o real valorizado reduz a competitividade do país, especialistas ouvidos pelo G1 disseram que o câmbio não deve sofrer um "choque" em 2010 para reduzir a apreciação da moeda local frente ao dólar norte-americano.
Os analistas garantem que mexer no câmbio neste momento seria uma medida impopular, uma vez que o dólar baixo aumenta o poder de consumo da população. Além disso, dizem eles, as razões macroeconômicas que levaram o dólar a cair 25% em 2009 devem persistir neste ano, ainda que a cotação da moeda esteja sujeita a "solavancos" eventuais.
O real valorizado é "espetacular" para os consumidores, de acordo com Fabio Kanczuk, economista da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). “Deixando o câmbio como está você machuca o exportador, mas tem muito menos exportador do que consumidor”, diz o especialista.
“Tradicionalmente a moeda valorizada cria um ambiente positivo para o consumidor. Coisas como a gasolina e o pão ficam mais baratos. É uma situação favorável em ano eleitoral”, diz Robson Gonçalves, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.
“O dólar não tem muito porque sair desse patamar”, diz George Ohanian, professor de Finanças do Insper (ex-Ibmec São Paulo). “O que faz a moeda se valorizar são os dólares entrando no país. Os principais motivos para isso acontecer são os fundamentos bons da economia brasileira e os outros países adotando uma política de juros baixos contra a crise. A liquidez [dinheiro] lá fora vem para cá em busca de um retorno maior”, afirma o especialista.
G1