A nota do Banco Central, confirmando a intervenção no Banco Cruzeiro do Sul, nesta segunda-feira 04, diz, com todas as letras, na leitura do mercado, que foi detectada fraude na instituição financeira.
A notícia da intervenção do BC no Cruzeiro do Sul foi antecipada por este blog no domingo 03.
A interpretação da fraude é dada pelo fato de o BC ter posto, na nota, que foi verificada “insubsistência em itens do ativo”. Em outras palavras, créditos insubsistentes, que não existem. Ou seja, fraudulentos.
Até agora, o BC detectou cerca de R$ 1,5 bilhão em créditos “insubsistentes” no Cruzeiro do Sul, mas, de acordo com analistas, esse total pode chegar a R$ 2 bilhões ou até mais.
No Panamericano, por exemplo, o Banco Central detectou, inicialmente, R$ 2 bilhões em fraudes, mas depois chegou a um total de R$ 4 bilhões.
Segue a nota do BC, ao confirmar o Regime de Administração Especial Temporária (RAET), no Banco Cruzeiro do Sul:
O Banco Central do Brasil decretou, nesta data, Regime de Administração Especial Temporária (RAET), pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, no Banco Cruzeiro do Sul S.A., com sede na cidade de São Paulo, em decorrência do descumprimento de normas aplicáveis ao sistema financeiro e da verificação de insubsistência em itens do ativo.
O RAET é um regime previsto na legislação em vigor, com prazo limitado, por meio do qual o Banco Central substitui os dirigentes da instituição por um conselho de diretores ou por uma pessoa jurídica especializada, com a finalidade de corrigir procedimentos operacionais ou de eliminar deficiências que possam comprometer seu funcionamento.
Esse regime não afeta o andamento dos negócios da instituição, que continua a funcionar normalmente, podendo realizar todas as operações para as quais está autorizada. Em consequência, é preservada a relação dos credores e dos devedores com a instituição. Assim, tanto os compromissos de terceiros com a instituição quanto as suas dívidas continuam a vencer nos prazos originalmente contratados.
O Banco Cruzeiro do Sul é instituição financeira de pequeno porte que, em dezembro de 2011, detinha ativos que representavam apenas 0,22% do total dos ativos do sistema financeiro e 0,35% dos depósitos. Está autorizado a operar com as carteiras comercial, de investimentos e de câmbio. Suas operações estão concentradas nas duas agências de São Paulo e do Rio de Janeiro, possuindo mais seis agências localizadas em Campinas, Salvador, Recife, Belém, Macapá e Palmas.
Por extensão, foi decretado o RAET nas seguintes empresas do grupo Cruzeiro do Sul, pelo mesmo prazo: Cruzeiro do Sul Holding Financeira S.A., Cruzeiro do Sul S.A Corretora de Valores e Mercadorias, Cruzeiro do Sul DTVM, e Cruzeiro do Sul S.A. Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros.
O Banco Central está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do sistema financeiro. Os resultados das apurações poderão levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e à comunicação às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, ficam indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições.
O Banco Central nomeou o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) como administrador especial temporário.
IstoÉDinheiro