O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, desacelerou para 0,50% em dezembro ficando ligeiramente abaixo do resultado de 0,52% no mês anterior e encerrou o ano com alta de 6,50% segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado de 2011 ficou acima da taxa do mesmo período de 2010, que foi de 5,91%. Em dezembro de 2010, a taxa havia sido de 0,63%.
Com esse desempenho, o indicador ficou no teto da meta do Banco Central de 6,5%. A última vez que a taxa de inflação rompeu o teto da meta foi em 2003. Naquele ano, o IPCA fechou com alta de 9,30 e o teto da meta era de 6,5% com centro em 4%.
Apesar de ter ficado dentro do teto, o resultado em 2011 é o maior em sete anos. Em 2004, a inflação oficial havia encerrado o ano com alta de 7,60%.
Após o anúncio do indicador, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, comentou por meio de nota que a meta para a inflação foi cumprida em 2011 pelo oitavo ano consecutivo. Segundo o presidente ad autoridade monetária,a inflação ao consumidor medida pelo IPCA, em linha com o cenário antecipado pelo Banco Central, está em trajetória de queda.
Segundo a nota, outros indicadores reforçam a percepção de significativo arrefecimento das pressões inflacionárias citando como exemplo a variação dos preços no atacado medida pelo IGP-M, que "tem mostrado tendência marcadamente declinante, e se deslocou de 7,5% no terceiro trimestre para 5,1% ao final do ano".
"Em 2012, a inflação ao consumidor seguirá recuando e se deslocando na direção da trajetória de metas, dinâmica esta consistente com a estratégia de política monetária adotada pelo Banco Central", reforçou Tombini na nota do BC.
Impacto dos alimentos e bebidas
De acordo com o IBGE, em 2011 a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados apresentou variação maior que a do ano anterior. O grupo que mais subiu foi transporte, que passou de 2,41% para 6,05%. As exceções foram alimentação e bebidas (de 10,39% para 7,18%) e artigos de residência (de 3,53% para 0%).
Mesmo com os preços de alimentação e bebidas terem apresentado elavação menor que em 2010, este foi o grupo que exerceu o maior impacto na inflação de 2011. Responsáveis por 23,46% do orçamento das famílias do País, esse segmento foi responsável por 1,69 ponto percentual do índice, o que representa 26% dele. Isto se deve à forte pressão dos alimentos consumidos fora do domicílio, cujos preços subiram 10,49% em 2011, seguindo a alta de 9,81% de 2010.
Outros itens também continuaram subindo, como os serviços bancários (de –1,55% em 2010 para 12,46% em 2011), serviços de manicure (de 8,32% para 11,29%) e de cabeleireiro (de 8,16% para 9,88%), o que levou as despesas pessoais a 8,61%, maior variação de grupo, acima dos 7,37% do ano anterior.
Educação e aluguel
Os colégios, cujas mensalidades haviam aumentado 6,64% em 2010, chegaram a 8,09% em 2011. Com os cursos diversos (idioma, informática, etc.) atingindo 10,52%, também acima de 2010 (7,01%), o grupo educação fechou o ano com 8,06%, acima dos 6,22% do ano anterior.
O consumidor passou a pagar mais caro, também, pelo aluguel residencial, que fechou 2011 em 11,01%, após ter aumentado 7,42% no ano anterior. Com isto, as despesas com habitação foram de 5,00% em 2010 para 6,75% em 2011, aí incluídos aumentos expressivos na taxa de água e esgoto (de 3,37% para 8,30%), artigos de limpeza (de 2,45% para 6,94%) e mão-de obra para reparos no domicílio (de 10,55% para 9,56%).
Ficou mais pesado, ainda, para pagar o plano de saúde, cujas mensalidades cresceram 7,54% no ano, ante 6,86% de 2010. Junto com a alta nos preços dos serviços de hospitalização e cirurgia (de 8,81% para 11,63%), dentistas (de 8,03% em 2010 para 9,03%) e remédios (de 3,37% para 4,39%), o plano de saúde elevou as despesas com o grupo saúde e cuidados pessoais para 6,32%, que havia aumentado 5,07% em 2010.
Os artigos de vestuário, que registraram avanço de 7,52% em 2010, passaram para 8,27%. As despesas com artigos de residência, de 3,53% em 2010 para zero em 2011, e comunicação, de 0,88% para 1,52%, apresentaram os mais baixos resultados no ano.
Quanto às regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, a maior variação de preços em 2011 ocorreu em Curitiba (7,13%) em virtude do aumento nos preços da alimentação fora do domicílio, que chegou a 16,20%. Belém ficou com o menor índice (4,74%) em função do grupo alimentação e bebidas, com 5,59%, e dos preços do gás de botijão, que ficou 9,19% mais barato.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange nove regiões metropolitanas do País, além das cidades de Brasília e Goiânia.
Para o cálculo do índice do mês de dezembro, o IBGE comparou os preços entre 30 de novembro e 28 de dezembro de 2011 com os vigentes entre 28 de outubro e 29 de novembro de 2011.
INPC recua em 2011
De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,51% em dezembro, abaixo do resultado de 0,57% de novembro. Com isto, o acumulado do ano fechou em 6,08%, abaixo da taxa de 6,47% registrada em 2010. Os alimentos tiveram variação de 6,27% e os produtos não alimentícios apresentaram variação de 6%. Em 2010 os alimentos subiram 10,82% e os não alimentícios 4,63%.
Em dezembro de 2010, o INPC havia ficado em 0,60%. Os produtos alimentícios apresentaram variação de 1,14% em dezembro, enquanto os não alimentícios aumentaram 0,23%. Em novembro, os resultados ficaram em 1,18% e 0,30 %, respectivamente.
O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 6 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange nove regiões metropolitanas do País, além das cidades de Goiânia e Brasília.
IG