Sonhar, planejar, captar recursos e executar. Entrar no mercado como microempreendedor individual (MEI) é uma tarefa que requer coragem, ousadia, risco e desafios financeiros. Empreender vai além do desejo de criar a própria empresa e se tornar dono de seus negócios. Além dos custos iniciais e da indispensável necessidade de capacitação, há investimentos contínuos fundamentais para a manutenção e crescimento do negócio.
As linhas de crédito têm sido a solução para muitos empreendedores e as inúmeras vantagens vem impulsionando negócios na Paraíba. Várias modalidades de crédito têm tornado concreto o sonho de muitos microempresários de montar a própria loja, principalmente no comércio. As condições do financiamento têm facilitado a vida de proprietários de padarias, salões de beleza, lojas de confecções e calçados, perfumarias, açougues, artesãos, entre outros segmentos.
A Caixa Econômica Federal (CEF) tem tido um papel fundamental para a criação e expansão dos pequenos negócios principalmente no interior, oferecendo diversas linhas de crédito que tornam possível o sonho de muitos empreendedores. O presidente da Caixa, o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, conversou na última sexta-feira (24/05) com o PB Agora e explicou como o banco, em parceria com outras instituições, atua para favorecer o empreendedorismo no Brasil.
Carlos Antônio Vieira Fernandes enfatizou que a Caixa age para ajudar a mudar muitas realidades no interior da Paraíba, oferecendo um portfólio de serviços voltados para os pequenos negócios, a exemplo do Empreendedor Pessoa Física e a Conta Digital, que oferece empréstimos para microempreendedores (MEI’s), numa oportunidade para iniciar, ampliar ou melhorar o seu negócio.
“O portfólio da Caixa tem várias linhas e várias frentes, tanto para capital de giro, quanto para investimento e antecipação. Nós lançamos uma conta agora para as empresas do MEI. É uma conta digital voltada para os pequenos empreendedores” explicou.
O presidente da Caixa enfatizou que as operações de crédito disponíveis tem condições especiais para os pequenos empréstimos, com taxas de juros que variam de acordo com o perfil de cada cliente.
Por telefone, Carlos Antônio Vieira disse ao PB Agora que as micro e pequenas empresas têm um papel importante na economia, visto que todas elas têm uma participação significativa no desenvolvimento regional. As principais linhas são oferecidas sobretudo às pequenas empresas, que faturam até R$ 81 mil e que, segundo o executivo, não tem, de fato, uma assistência grande no mercado como um todo.
“A Caixa está criando uma linha muito específica para esse empreendedor, que é a Conta MEI que vai ser atendida de forma digital. Vamos ter todo um portfólio à disposição dele para acessar as diversas linhas de crédito, seja para capital de giro, seja para investimento, seja para antecipação. Estamos criando de forma digital toda uma forma de acesso a esse segmento”, enfatizou.
O acesso a essas linhas de crédito foi fundamental para o empresário Gilson Camilo dos Santos estruturar a sua loja de material esportivo João Pessoa e fortalecer o seu negócio. Gilson, que fez o empréstimo usando uma das linhas oferecidas pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE) do Banco do Brasil, contou que há algum tempo já estava buscando essas operações de crédito e o empréstimo possibilitou a ampliação da loja Shinkô Sports, que funciona no Centro da capital paraibana.
Segundo ele, “foi a mão na roda”. A produção avançou. O faturamento aumentou e novos clientes foram conquistados.
A principal vantagem, segundo o pequeno empresário, é que a taxa de juros foi bem menor. As condições de financiamento e as facilidades foram fundamentais para Gilson fazer o empréstimo.
Com o dinheiro do empréstimo, ele comprou equipamentos, maquinário, tecido, linha e investiu na produção de roupas usadas nas artes marciais. Com isso foi possível ampliar a fábrica na cidade de Santa Rita e a loja de vendas instalada em João Pessoa. Hoje ele emprega nove pessoas que atuam tanto na fábrica como na loja. A Shinkô Sports tem clientes da Paraíba e até de Pernambuco.
“O empréstimo foi a forma que encontrei para ampliar o meu negócio. Quando você não tem dinheiro para investir, a única forma que resta é a linha de crédito. Nós conseguimos alavancar o negócio e ter uma produção maior para atender as demandas” explicou.
Uma das preocupações de Gilson foi em aplicar corretamente o dinheiro do empréstimo. Para isso, fez uma pequena consultoria e planejou tudo para não desperdiçar a oportunidade.
“É importante esse planejamento para você aplicar dentro do que acredita que vai trazer benefício para a produção e ampliar o faturamento”, avaliou.
Com olhar voltado para o empreendedorismo, outras instituições também têm oferecido linhas de crédito e ajudado muitos microempresários a fortalecer os seus negócios. Somente o Empreender Paraíba oferece 11 linhas de crédito, sendo cinco destinados a Pessoas Físicas e seis para Pessoa Jurídica.
A quantidade de linhas concedidas foi aumentando gradativamente este ano. No primeiro trimestre de 2024, foram assinados 436 contratos de empreendedores de vários municípios paraibanos, conforme detalhou ao PB Agora o secretário do Empreender Paraíba, Fabrício Feitosa. Os valores ultrapassaram a cifra R$ 3.308.200,00, o que segundo ele, impulsionou muitos negócios no Estado. No período de 01 de janeiro até 27 de maio, por exemplo, 685 paraibanos foram beneficiados. O total de valor investido foi de R$ 6.245.430,00.
Essas operações de crédito, conforme garantiu Fabrício Feitosa, vêm transformando realidades e possibilitando a muitos empreendedores realizarem o sonho de ter o próprio negócio. Os contratos assinados este ano se multiplicaram em todos os recantos do Estado, tendo favorecido empreendedores de cidades como Bananeiras, Guarabira, Cuité, Aparecida, Brejo do Cruz entre outras.
No Sertão foram assinados este ano 175 contratos com empreendedores de 20 cidades, ultrapassando o valor de R$ 1,3 milhão em créditos que foram destinados para diversas linhas do programa. Em Bananeiras, no Brejo paraibano, foram destinados R$ 300 mil em créditos para mulheres que trabalham com artesanato, comércio, agricultura, entre outras atividades. Outros 47 contratos foram assinados em várias cidades do Cariri e Curimataú como Umbuzeiro, Camalaú, Monteiro, Parari e Prata, totalizando R$ 374,3 mil.
Em cinco anos, cerca de 15 mil microempreendedores do Estado puderam abrir ou melhorar o seu negócio por meio do Programa Empreender Paraíba. O valor investido nesse período foi de R$ 111.270.423,77, segundo dados da coordenação do programa.
Conforme o secretário do Empreender Paraíba, Fabrício Feitosa, o programa surte efeito direto e indireto na economia. Além do valor normalmente ser utilizado dentro do Estado ou mesmo nas próprias cidades, cada empreendedor é responsável por distribuir novos empregos.
“O nosso objetivo é a redistribuição de renda através do investimento de crédito. Um papel importante, uma vez que a gente sabe que 80% das vagas de emprego partem do microempreendedor. Quando o empreendedor chega com esses investimentos a gente percebe que isso costuma dar uma força maior na economia de cada município, uma vez que as pessoas executam na própria cidade, comprando os seus produtos e contratando pessoas de lá”, disse.
Na última sexta-feira, ao visitar Campina Grande, Fabrício Feitosa, falou ao PB Agora da importância dessas operações de crédito que tem levado desenvolvimento ao interior paraibano. Segundo ele, o programa Empreender e todas as políticas de microcrédito e redistribuição de renda são importantes principalmente para os pequenos municípios, visto que esses investimentos nos microempreendedores possibilitam que o dinheiro circule na cidade.
“Os microempresários que recebem o crédito do Programa Empreender, eles compram os insumos na própria cidade e às vezes acabam empregando pessoas da região. Isso acaba impulsionando bastante a economia local. Nós temos percebido que esses microcréditos têm provocado um impacto grande na economia do Estado com um todo. Essa é a principal vantagem de você fazer investimento em microcrédito, colocando recursos na mão dos pequenos que são justamente os que mais empregam no país” explicou.
Fabrício Feitosa ressaltou ainda que sempre procura instruir as pessoas que recebem o crédito do programa para se planejar. Para isso, oferece, junto a outros parceiros, capacitação de empresarial básica que dá um suporte para a pessoa saber investir corretamente os recursos.
Foi o que fez Daura Costa Lacerda. Recentemente ela aderiu à linha de crédito do Empreender Mulher para ampliar sua loja de roupas infantis, no município de Imaculada. A microempresária abriu sua loja em 2021 e este ano pela primeira vez recorreu ao crédito pelo Empreender.
“Com esse recurso, vou ampliar meu estoque e oferecer mais produtos aos meus clientes”, disse a microempresária, que fez a assinatura simbólica no município de Patos.
Na cara e na coragem
Quem vê a loja Vila Ração aberta, toda equipada com variedades de produtos não têm noção das dificuldades que a proprietária Eludiana Leal já enfrentou. Montar o negócio no bairro de Vila Cabral de Santa Terezinha, em Campina Grande, foi um desafio. Inicialmente, a empreendedora pensou em criar o próprio negócio para vender ração para a clientela dos bairros que não dispunham desse tipo de estabelecimento.
Só que para tirar o projeto do papel, ela precisava de recursos financeiros e capacitação. Eludiana Leal contou que tinha o sonho, mas a falta de capital impedia a sua realização. A saída foi fazer inicialmente dois empréstimos usando as linhas de crédito do CredAmigo.
Com pouca experiência no ramo, Eludiana Leal usou mal os recursos e não conseguiu estruturar o negócio como sonhava.
A empreendedora não desistiu e recorreu a outro empréstimo com valor maior, só que desta vez com o devido planejamento. Para isso ela participou de algumas consultorias e recebeu as instruções devidas para aplicar corretamente o dinheiro. Deu certo! A loja Vila Ração virou um sucesso no bairro. Eludiana Leal expandiu o negócio que já existe há mais de 5 anos, e hoje tem clientes garantidos. E faturamento certo.
“Quando eu comecei aqui, comecei com a cara e a coragem. Eu comecei com duas sacas de ração para cachorro e duas sacas de ração para gato, vendendo a granel. Os empréstimos me ajudaram a estruturar a loja. Os primeiros eu apliquei errado, mas depois eu fiz um novo empréstimo e desta vez usei corretamente na loja. Hoje a Vila Ração está bem mais estruturada, tem mais clientes e tá fazendo nome aqui no bairro” relatou.
Eludiana Leal enfatiza que a abertura das linhas de crédito ajuda muito os empreendedores a investir nos seus pequenos negócios.
“Essas linhas de crédito são muito importantes para quem sonha em empreender. Eu sempre tive medo de fazer empréstimo grande. O nome é muito importante no mercado”, disse.
Crédito, desafios e planejamento
O acesso a capital é um dos principais desafios de empresários e novos empreendedores. Uma das formas mais comuns de conseguir o dinheiro é por meio das linhas de crédito, disponíveis nas instituições financeiras para atender negócios de diferentes tamanhos e natureza. Os recursos monetários são oferecidos por bancos ou financeiras por meio de empréstimo ou financiamento e os valores podem ser destinados tanto para pessoas jurídicas (PJ) como para pessoas físicas (PF).
As linhas de crédito desempenham um papel vital no crescimento e na sustentabilidade dos negócios, visto que oferecem uma fonte de financiamento para diversas necessidades, desde expansão até capital de giro.
Que diga a manicure Wênia Siqueira Montenegro, moradora de Vila Cabral de Santa Terezinha em Campina Grande. Recentemente ela recorreu a um desses empréstimos por meio do CredAmigo e ampliou a sua loja. Ao todo, ela já fez três modalidades de empréstimos.
Wênia, que está há 18 anos como manicure e há seis como podóloga, contou que depois dos empréstimos conseguiu melhorar a loja e consequentemente atrair mais clientes, aumentando assim, o faturamento.
“Essas linhas de crédito são muito importantes. Com elas eu consegui ampliar a loja. Comprei móveis, equipamentos. Antes eu só atendia a domicílio. Hoje tenho a minha própria loja para acolher bem as clientes” contou.
A pequena empreendedora disse que as operações de crédito são fundamentais para quem está começando os negócios. No entanto, ela alertou que é preciso planejar bem para não desperdiçar o dinheiro, e criar uma dívida que pode se transformar numa espécie de “bola de neve”.
“Quando você realmente investe no negócio e tem o retorno, vale a pena arriscar” disse.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também tem desempenhado um papel importante na vida dos microempreendedores que recorrem às operações de crédito para impulsionar e expandir os seus negócios. Recentemente foi lançada uma linha de crédito exclusiva, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), para os empresários paraibanos, por meio de uma parceria entre o Sebrae/PB, Associação Comercial da Paraíba (ACPB) e Caixa.
As operações de crédito visam atender desde Microempreendedores Individuais (MEI), até Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), desde que os empreendedores estejam vinculados à Associação Comercial da Paraíba. O objetivo é fomentar o empreendedorismo, proporcionando soluções bancárias diferenciadas para os pequenos negócios.
Mais que fornecer o recurso, o Sebrae também procura capacitar o empreendedor para aplicar corretamente o dinheiro, através de consultoria gratuita.
A analista do Sebrae da agência regional de João Pessoa, Rosário Brito, explicou que muitas pessoas que desejam empreender têm buscado o Sebrae em busca de crédito. A orientação, segundo ela, é que essas pessoas procurem as instituições financeiras que disponibilizam créditos para a abertura de negócios.
Algumas instituições, conforme observou Rosário Brito, só disponibilizam o crédito para empresa já constituída e que tenha um ano de existência.
Para ela, é importante que o empresário ou o futuro empreendedor já tenha passado por etapas anteriores de pesquisa de mercado, plano de negócios e ter habilidade econômica e financeira do negócio.
“Para os que já tem o negócio e quer ampliar é interessante está consciente da necessidade daquele financiamento, ou se poderia reduzir alguns custos e fazer negociações que não necessitasse buscar créditos externos” orientou.
Para quem ainda não tem empresa formalizada e quer montar o pequeno negócio, Rosário Brito disse que essas pessoas podem procurar o Eu Posso, da Prefeitura de João Pessoa e o Empreender Paraíba, que podem ser solicitados de forma online.
Para quem já tem o negócio, ela explicou que essas pessoas podem utilizar o Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE), onde o Sebrae entra como o avalista porém a análise de crédito é do banco.
As cooperativas de crédito também ajudam na concessão desses financiamentos, bem como, outras instituições financeiras, desde que o cliente empresário atenda às peculiaridades de cada banco. Rosário Brito lembrou que os empresários que recorrem ao crédito precisam estar conscientes que precisam fazer as prestações de contas, e todo mês, as parcelas terão que ser pagas.
O analista técnico do Sebrae/PB, Jucieux Palmeira também destacou a importância dessas linhas de crédito, principalmente para beneficiar os artesãos paraibanos, visto que tem como objetivo incentivar a geração de ocupação e renda para os profissionais do ofício. E um dos caminhos é a formalização.
Ele lembrou que os artesãos que se formalizam como pessoa jurídica têm acesso à previdência e a linhas de crédito. Isso abre caminho para que forneçam seus produtos a lojas, grandes empresas e ao poder público.
Dentro da política de concessão de crédito para estimular os pequenos negócios, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Campina Grande, o empresário Sidney Toledo ressaltou em entrevista ao PB Agora que diante do cenário da economia um pouco retraída, é necessário que para os empreendedores fazerem com que o seu negócio ande, é que tenha crédito de forma simples e de custo barato.
Segundo ele, esses empréstimos obtidos pelas empresas geram emprego e renda e fazem os negócios girarem.
“Diante desse cenário, alguns empresários têm contactado as instituições financeiras para buscar alternativas que sejam mais viáveis para as empresas. A Confederação das Associações Comerciais do Brasil negociou diretamente com a Caixa Econômica, taxa diferenciada com redução média de 30% da taxa do mercado para que os pequenos empreendedores possam ter uma linha de crédito de forma simples e com custo barato. O Sebrae tem se articulado neste sentido para criar alternativas para o micro e pequeno empresário possam fortalecer os seus negócios” explicou.
Estruturar qualquer negócio, sem dúvida, exige planejamento, capacitação, e principalmente as fontes de financiamento. As operações de crédito, concedidas pelas instituições financeiras, se transformaram em poderosas ferramentas para fomentar negócios, impulsionar a economia e gerar desenvolvimento regional.
Severino Lopes
Fotos: Severino Lopes, Gilson Camilo e divulgação Empreender
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