Motoboys e entregadores que prestam serviços para empresas de entrega por aplicativo estão, desde o início da quarentena, lutando na linha de frente para manter a maioria da população em segurança. Enquanto todo mundo está em casa, ‘prestadores de serviço‘ de companhias como Rappi, iFood, Uber Eats e Loggi e tantas outras start-ups se expõem ao risco de contrair coronavírus para garantir o bem-estar da família brasileira. Isso não quer dizer que eles estejam sendo reconhecidos por isso, tanto que está marcada para amanhã uma paralisação nacional da categoria, paralisação está, porém que não ganhará a participação dos representantes na Paraíba, que temem represálias.
Redução de remuneração por corridas, bloqueios arbitrários, sistemas que incentivam os entregadores a trabalharem por mais de 8 horas por dia e, pasmem, pouca ou nenhuma distribuição de equipamentos de proteção contra a covid-19, como máscaras e álcool em gel, são algumas das reivindicações dos motoboys contra as empresas que estão no seu celular. Por isso, foi convocado um ‘Breque’ no dia 1º de julho, na luta por maiores conquistas para os milhares de entregadores.
A paralisação nacional dos entregadores em julho não é acidental. O trabalho de pesquisa da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista mostra que a renda desses trabalhadores não aumentou com o crescimento da demanda por entregas. Segundo a pesquisa, eles passaram a trabalhar mais e ganhar menos pelas entregas. As empresas questionaram a metodologia do estudo.
Na Paraíba
Os entregadores por aplicativos da Região Metropolitana de João Pessoa não vão aderir à greve nacional que ocorrerá amanhã (1), reivindicando melhores condições de trabalho, por temerem represálias dos donos dos aplicativos. Mas segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores com Motos (Sindmotos) da Região Metropolitana de João Pessoa, Ernani Bandeira, apesar de não participarem do ato, concordam com as demandas que estão sendo feitas.
Entre as principais reivindicações a nível nacional que também se enquadram na realidade local estão: medidas protetivas contra roubos e acidentes, seguro de vida, reajuste na taxa de entrega (defasada há anos), reivindicam também o direito ao descanso de 6h, pois os entregadores trabalham três turnos, somando 12 horas diárias.
Solicitam também um apoio financeiro para as despesas de manutenção da moto, garantia de alimentação e outros direitos básicos. O presidente do Sindmotos, Ernani Bandeira, relatou que ao longo dos anos pouco foi feito pelos entregadores por aplicativo. Em 2005, a Prefeitura de João Pessoa aprovou a Lei nº 10.611/2005 em que institui o sistema de transporte de encomendas e prestação de serviços através de motocicletas e similares, denominado moto-frete “Esta lei estabelece os equipamentos de segurança que o motociclista deve ter, mas na prática, o trabalhador arca com as despesas e os estabelecimentos vão repondo com o salário. A Prefeitura de João Pessoa criou a lei, mas nunca fiscalizou a efetividade dela”, comentou Ernani numa emissora de rádio da capital.
Redação