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Novo ministro diz que ajuste nas contas públicas deve ser moderado

 Em meio a esse momento de turbulência que sacode a economia, Miriam Leitão entrevistou o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Na entrevista exclusiva ao Bom Dia Brasil, ele falou sobre o ajuste nas contas públicas, inflação, crescimento e não descartou um aumento do imposto sobre combustíveis.

Miriam Leitão: O ministro Joaquim Levy ainda não assumiu o Ministério da Fazenda, mas já está trabalhando e concede ao Bom Dia Brasil a primeira entrevista exclusiva para televisão. Ministro, o senhor está preparando um pacote, ele terá corte de gastos e terá aumento de impostos. O senhor pode adiantar alguma coisa sobre este pacote de ajuste das contas públicas?

Joaquim Levy: Tem que ser um pacote balanceado, e acho que a prioridade é: a gente tem que olhar os gastos, os diversos gastos que já foram feitos, estancar alguns, reduzir outros. E, na medida do necessário, a gente pode considerar algum ajuste de impostos, sempre olhando a compatibilidade com aquele objetivo que a gente falou: de aumentar nossa taxa de poupança. É muito importante o Brasil poupar um pouco mais para poder investir mais e também estar preparado para este mundo, que nos últimos dias, inclusive, está claro, está mais turbulento.

Miriam Leitão: O imposto sobre combustíveis, a Cide, que já existe, é só elevar a alíquota, o senhor pensa em aumentar a alíquota?

Joaquim Levy: É uma possibilidade. Há outras. Mais importante é a gente explicar o que a gente está vendo, o diagnóstico, e porque que a gente vai tomar as medidas. A sociedade sabe disso, tanto que desde meados do ano passado, todas as pesquisas diziam que as pessoas queriam mudanças, e parte da mudança é exatamente essa reorientação da economia, para muita realidade, muita aderência a tudo que está acontecendo e, na parte fiscal, um fortalecimento fiscal.

Miriam Leitão: O imposto sobre combustíveis, a Cide, que já existe, é só elevar a alíquota, o senhor pensa em aumentar a alíquota?

Joaquim Levy: É uma possibilidade. Há outras. Mais importante é a gente explicar o que a gente está vendo, o diagnóstico, e porque que a gente vai tomar as medidas. A sociedade sabe disso, tanto que desde meados do ano passado, todas as pesquisas diziam que as pessoas queriam mudanças, e parte da mudança é exatamente essa reorientação da economia, para muita realidade, muita aderência a tudo que está acontecendo e, na parte fiscal, um fortalecimento fiscal.

Miriam Leitão: Ministro, sobre inflação, que preocupa todo mundo também. A inflação de janeiro, os analistas todos acham que será alta, porque tem aumento de energia e outros aumentos também, tem o aumento do dólar. Então ela começará alta. O seu período de governo já vai começar com uma inflação muito forte. Quando o senhor acha que é possível contar uma boa notícia para os brasileiros?

Joaquim Levy: Primeiro, janeiro tradicionalmente é um mês de inflação mais alta, porque tem muitas correções. Além disso, como você mencionou, está acontecendo uma coisa importante, uma mudança importante está programada. Acredito que vá acontecer, que é exatamente, dada a situação hídrica, a situação da energia, as térmicas estarem ligadas. Este ano aquele mecanismo lá das bandeirinhas, ou seja, você garantir que aquele esforço adicional, o custo adicional das térmicas estejam refletidas nas contas de luzes, para duas razões: primeiro para não acumular um passivo, que depois fica difícil de resolver; segundo porque é óbvio que na hora que você ajusta o preço, as pessoas elas sentem e ajustam o consumo. Esse poder dos preços orientarem as decisões é muito importante. Agora a inflação, eu acho que, até pelo trabalho fiscal, ela vai entrar em devido momento em um processo de queda. Mas eu acho que o Banco Central está vigilante e vai tomar as medidas adequadas para isso.

Miriam Leitão: Agora a disparada do dólar. O que o senhor acha que tem que acontecer, qual deve ser a reação da equipe econômica a um dólar tão alto?

Joaquim Levy: A gente também tem que ver como o dólar vai evoluir. Hoje, com a queda do petróleo, lógico que há uma enorme versão ao risco, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer e todo mundo foge para o dólar. Há uma tendência de valorização do dólar no mundo inteiro porque os Estados Unidos estão andando mais rápido.

 

Miriam Leitão: Ministro, se a Petrobras precisar, o Tesouro poderá socorrer a Petrobras?

Joaquim Levy: Eu acho que a capacidade de reação da Petrobras é forte e ela vai saber, como qualquer companhia que enfrenta dificuldade, se ajustar. Se o acionista majoritário vai ser alguma vez solicitado, eu acho que ainda é cedo para a gente fazer um julgamento sobre isso.

Miriam Leitão: Ministro, o senhor faz planejamento de longo prazo, isso pelo menos na área fiscal. Agora, em crescimento, o senhor acha que quando o Brasil vai poder retomar o crescimento?

Joaquim Levy: Olha eu diria assim: a experiência mostra que quando você faz ajustes de uma maneira firme e equilibrada, a reação é muito rápida. A gente fazer as medidas necessárias no tempo, e não esticar demais, na verdade, ajuda a no fim preservar empregos, ajuda a gente a rearrumar as coisas e recomeçar.

Miriam Leitão: Última pergunta ministro. O senhor é um estranho no ninho, muita gente pensa completamente diferente do senhor na Esplanada dos Ministérios. O senhor acha que terá condições de trabalhar?

Joaquim Levy: A gente tem um núcleo comum de ideias, necessidade de ter uma solidez fiscal, que às vezes pode ser um pouquinho esticada, um pouquinho experimentada. Mas acho que hoje isso já é uma coisa consolidada, e diante de um quadro que exige disciplina, as pessoas sabem o que precisa ser.

Miriam Leitão: O senhor está otimista?

Joaquim Levy: Eu vejo as coisas com uma certa confiança sim.

Miriam Leitão: Está certo. Obrigada, ministro, pela entrevista.

Joaquim Levy: Muito obrigado.

 

Bom Dia Brasil

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