Quem deixou para ir atrás do material escolar dos filhos na última hora pode se preparar para uma maratona. Pelas contas do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do Distrito Federal (Sindipel), 70% dos pais ainda não compraram os itens exigidos pelas escolas. Com as listas fornecidas pelas escolas em mãos, os consumidores encontrarão lojas lotadas nas próximas duas semanas, itens mais caros e, pior, precisarão de paciência para conseguir livros, em falta no mercado devido à demora das editoras em enviar os exemplares.
O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz explicou que, embora o aumento nos preços de material escolar e livros tenha ficado em 4,78% — abaixo do Índice de Preços ao Consumidor-Brasil (IPC-Br) medido pela FGV em 2010, de 6,24% —, os pais devem ficar atentos. “Conforme a lista, a conta final pode ficar mais alta. Além disso, para quem deixou para a última semana, como a procura será grande, deverá haver menos promoções”, disse Braz.
A dica para quem quer gastar menos é realizar pesquisas em, ao menos, quatro papelarias. Os pais que levarem o conselho a sério poderão economizar até R$ 116,39, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Defesa do Consumidor do DF (Procon-DF) em 34 estabelecimentos comerciais. A diferença entre a lista básica mais cara e a mais barata chega a 138,5%: vai de R$ 79,78 em uma papelaria na Asa Norte a R$ 200,40 em uma do Guará. Um caderno de capa dura com 96 folhas, por exemplo, custa entre R$ 2,78 e R$ 4,49. Uma tesoura escolar de cabo preto, entre R$ 0,59 e R$ 4,99. “Os pais precisam pesquisar valores, mas não podem se esquecer da qualidade do produto. Às vezes, você compra um artigo mais barato, porém com vida útil curta, o que não vale a pena”, afirmou o diretor-geral do Procon-DF, Oswaldo Morais.
Livros em falta
A fisioterapeuta Janaína Luquetti sentiu no bolso o aumento em livros e cadernos. “O caderno que custava R$ 8,90 no ano passado é vendido por R$ 10,90”, afirmou Janaína, que gastou cerca de R$ 1 mil com o material para as filhas Pâmela, 13, e Clara, 8. A funcionária pública Mirian Silveira Silva, 38 anos, e o militar Alessandro Luciano Silva, 38, fizeram a pesquisa pela internet, mas não encontraram muita diferença nos valores cobrados em quatro papelarias. Ao todo, gastaram R$ 1,2 mil na compra do material para dois filhos, de 11 e 13 anos de idade. “Não vi aumento nos preços de materiais comuns do ano passado para cá, apenas em itens como livros”, disse Mirian.
Segundo o Sindipel-DF, as editoras subiram o preço dos livros em até 13%. Mas, além de pagar mais caro, o consumidor terá de aguardar muitos exemplares chegarem às lojas. “As livrarias estão enfrentando um problema sério, pois algumas editoras divulgam o material, mas não têm para entregar”, afirmou o presidente do Sindipel-DF, José Aparecido da Costa. Uma das campeãs de reclamações entre os empresários é a Editora Moderna. Procurada, a empresa informou que reforçou equipes e acionou mais gráficas para que os estoques das livrarias estejam regularizados ao longo da próxima semana. A FTD também garantiu que tomou medidas para resolver o problema. Ambas atribuíram a falta a uma demanda maior do que a expectativa.
A professora Jane Boaventura Aviz, 45 anos, passou por quatro papelarias e só achou em uma todos os exemplares pedidos na lista da filha, Marcela Rodrigues Boaventura Moraes, que vai cursar o 2º ano do ensino médio. “Optei até por pagar mais caro em alguns produtos para levar tudo de uma vez”, disse Jane, que gastou R$ 1,2 mil com o material.
Levar os filhos na hora de escolher o material pode ser uma armadilha para o bolso. A estampa de personagens infantis ou de emblemas de times de futebol encarece o produto. “Em vez de comprar um caderno mais caro, o pai pode propor ao filho a personalização, com um recorte do super-herói, por exemplo”, orientou André Braz, da FGV. A administradora Lisane Benevides Santana, 26 anos, não resistiu e comprou para o filho, Luiz Gustavo Benevides Freitas, 9, um caderno de 96 folhas com o emblema do Flamengo, pelo preço de R$ 13,90. Um simples custaria R$ 3,90. Ao todo, a lista do estudante ficou em R$ 1 mil: “Ainda vou gastar R$ 400 com uniforme e pagar mensalidades de R$ 578. Na hora de escolher, temos muitas opções, mas às vezes levo o mais caro de uma marca conhecida.”
Correio Braziliense