Apesar do indicador positivo, até o final de 2020 o estado ainda não havia dado sinais de recuperação perante os impactos da crise
Identificar o perfil dos empreendedores “informais”, ou seja, sem CNPJ, comparando-o com o dos “formais” (com CNPJ) e os efeitos da pandemia da Covid-19 no nível de formalização no país. Esse foi o objetivo da pesquisa “Empreendedorismo informal no Brasil 2021”, montada pelo Sebrae com base no processamento e análise de micro dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No 4º trimestre de 2020, havia um total de 27,2 milhões de donos de negócio no Brasil, sendo que 18,4 milhões (68%) afirmaram não ter CNPJ, enquanto 32% (ou 8,8 milhões) dos donos de negócio do país disseram ser formais.
No tocante ao impacto da pandemia na Paraíba, o estudo do Sebrae revela que, considerando tanto os donos de negócio formais quanto informais, houve queda de 4% no total, ou seja, 4% dos empreendedores saíram do mercado de trabalho no 2º trimestre de 2020, período considerado pela pesquisa como o auge da crise na pandemia. Neste sentido, o estado foi um dos menos impactados pela crise, visto que somente o Paraná também registrou perda de 4% no total de donos de negócio, enquanto Santa Catarina teve perda de 1% e o Mato Grosso teve acréscimo de 1% no número de empreendedores.
Outra repercussão da pandemia avaliada pela pesquisa está relacionada à recuperação no número de donos de negócio após o período tido como auge da crise. Entre o 2º e o 4º trimestre de 2020, a Paraíba registrou recuperação de 0%, ou seja, essa perda não foi recuperada. Para o analista do Sebrae Paraíba, Ismael Nóbrega, esses números estão ligados ao comportamento dos empresários ao reagirem às incertezas provocadas pela crise econômica.
“Em outros estados, as empresas responderam e procuraram com mais rapidez os programas de auxílio e subsídios do governo federal para o pagamento da folha salarial e isso, de certa forma, adiou e até mesmo evitou o fechamento de muitos desses negócios. Na Paraíba, o número de empresas que buscaram auxílios para apoiar a folha salarial foi bem menor do que em outros estados e isso explica a correlação do número bem menor na reação da retomada, conforme a pesquisa aponta”, analisou.
Além disso, o analista apontou que grande número de microempreendedores individuais encerrou suas atividades, mas apenas alguns setores registraram aumento expressivo no número de MEIs. “Nós do Sebrae estamos, ainda, buscando correlações para entender o fenômeno de forma mais geral e traçar um estudo mais definitivo e consolidado do impacto da pandemia nessa dinâmica dos negócios”, salientou Ismael Nóbrega.
Perfil – Outra conclusão da pesquisa se relaciona ao perfil dos donos de negócios mais afetados pela crise provocada pela pandemia em 2020 no país: baixa escolaridade, jovens, negros, mulheres e informais. Conforme o estudo do Sebrae, o número de donos de negócio informais chegou a cair 3,3 milhões na comparação entre o total registrado em junho de 2020 e dezembro de 2019, mas, desde então, 1,4 milhão de donos de negócio informais já retornaram ao mercado de trabalho.