Polari diz que economia da Paraíba regrediu nos últimos seis anos e caiu para 6ª posição no Nordeste
O reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Rômulo Polari, disse ontem (26), na solenidade de posse dos integrantes do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Cedes), que a economia da Paraíba tem regredido ao ponto de o Estado ter caído da quarta para a sexta posição no ranking nordestino.
Nos últimos seis anos, segundo ele, o Brasil caminhou para um futuro brilhante, ao passo que o Estado da Paraíba ficou à margem do crescimento. De acordo com Polari, a Paraíba não aproveitou o momento histórico vivido pelo Brasil nos últimos anos e deixou passarem as oportunidades de desenvolvimento.
No período ao qual o reitor se referiu, a Paraíba foi governada por Cássio Cunha Lima, que acabou sendo cassado por uso do dinheiro público em troca de votos na campanha de 2006.
Polari foi convidado pelo Cerimonial do Governo do Estado para falar em nome de todos os integrantes do Conselho, que foram empossados ontem, em solenidade bastante prestigiada no Hotel Tambaú, em João Pessoa.
Polari disse que o Conselho criado pelo governador José Maranhão, é um marco importante na vida da sociedade paraibana.
Segundo ele, o Conselho terá a missão de atuar como órgão consultivo na assessoria do Governo do Estado, na formulação e proposição de políticas, diretrizes públicas específicas, projetos e programas voltados ao desenvolvimento econômico e social.
Segundo Polari, o Cedes terá que atuar a curto, médio e longo prazos para resolver problemas conjunturais e emergências (programas assistenciais), aproveitar a capacidade atual de crescimento econômico (turismo, várzeas de Sousa e desenvolvimento industrial) e implantar um projeto estratégico de desenvolvimento socioeconômico sustentável na Paraíba.
Boa hora
De acordo com o reitor, o Conselho vem em boa hora. Ele frisou que a economia paraibana, na década de 60, era a quarta maior do Nordeste e que caiu para a sexta. “A renda per capita, que chegou a ser a terceira mais alta, hoje só não perde para as do Maranhão, Piauí e Alagoas. O PIB paraibano superava o do Maranhão, em 32%, e o do Rio Grande do Norte em 57%. Hoje, os PIBs desses Estados são bem superiores”, garante o reitor da maior instituição de ensino superior do Estado.
Segundo Polari, “está havendo um preocupante desequilíbrio socioeconômico espacial da Paraíba”. “O Sertão paraibano vem passando por um crescente esvaziamento socioeconômico. De 1970 a 2007, a sua população e o seu PIB passaram de, respectivamente, 28,3% e 17,3% para 23,3% e 14,4%, em ralação aos totais do Estado. A Zona da Mata passou de 24,2% para 36,2%, da população, e de 41,7% para 53,6% do PIB estadual”, revelou.
“E nós, aonde vamos?”
Rômulo Polari frisou que a economia paraibana está se concentrando, a passos largos, na Grande João Pessoa. “Em 1970, esse aglomerado urbano detinha 14,% da população e 32,3% do PIB estadual. Em 2007, essas participações passaram a corresponder, respectivamente, a algo em torno de 27% e 45%”, disse Polari.
Segundo ele, as possibilidades econômicas de um país dependem estratégica e essencialmente da educação de qualidade, em todos os níveis e do conhecimento científico e tecnológico.
Pensar o desenvolvimento paraibano, no entendimento do reitor, tornou-se uma tarefa bem mais complexa. A reestruturação econômica da Paraíba, segundo ele, não pode deixar de se pautar pela busca de padrões competitivos no âmbito mundial.
“Isto revela que as ações voltadas ao desenvolvimento socioeconômico paraibano devem dedicar ênfase especial à educação, ciência e inovação tecnológica e organizacional. Somente assim, o Estado não ficará à margem da revolução científico-tecnológica que, cada vez mais, está se estabelecendo como força propulsora do progresso, em todo o mundo”, completa o reitor.
Polari comparou o crescimento brasileiro com o paraibano. Lembrou que o Governo Lula está sendo um dos mais relevantes da história brasileira. “E nós paraibanos, aonde vamos?”, indagou o reitor, acrescentando que só existem dois caminhos.
“Um que nos manterá nas trevas do subdesenvolvimento. Assim será, se os nossos líderes continuarem sendo uma espécie de Moisés às avessas. O outro será o da busca racional do desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo. Esse caminho requer uma nova consciência das classes sociais paraibanas hegemônicas, rompendo o pacto sinistro implícito com o atraso socioeconômico”.
A Paraíba, segundo Polari, ainda não se integrou como merece e deve ao desenvolvimento nacional. “A economia vem regredindo, em termos relativos. Duas verdades maiores saltam aos olhos, como indispensáveis ao desenvolvimento: educação de qualidade e criação e operacionalização de um sistema estadual de geração, difusão e incorporação de ciência e tecnologia”, declarou Polari. (ABS)
Jornal Correio da Paraíba