Depois de anunciadas as novas regras de remuneração da poupança, os depósitos feitos nas cadernetas ao longo de maio superaram os saques em R$ 6,262 bilhões. É a melhor captação líquida para o mês de maio na série histórica do Banco Central (BC), com início em 1995.
Nos últimos 17 anos, a poupança registrou mais saques do que aplicações no mês de maio em dez anos. Já entre os resultados positivos, o maior registro tinha sido em 2010 (R$ 2,120 bilhões).
De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo BC, o resultado do mês passado também superou a captação líquida do acumulado no primeiro quadrimestre do ano (R$ 3,908 bilhões), sendo que nos dois primeiros meses houve mais saques do que depósitos.
O desempenho no mês também é a melhor captação líquida desde dezembro de 2010.
Considerados os créditos de rendimentos, as cadernetas fecharam o mês passado com saldo de R$ 441,721 bilhões, contra R$ 433,321 bilhões registrados em abril.
Do total da captação líquida de maio, R$ 4,919 bilhões corresponderam a depósito em instituições financeiras que aplicam os recursos da poupança em crédito imobiliário. Os bancos que destinam ao crédito rural captaram liquidamente R$ 1,342 bilhão no mês passado.
Somente no dia 31, quando foi acionado o “gatilho” da nova remuneração por causa da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros para o menor patamar histórico, de 8,5% ao ano, os depósitos foram superiores aos saques em R$ 2,011 bilhões.
Os dados revelam que a combinação de juro básico em queda com a discussão sobre mudança na forma de remuneração da caderneta favoreceu uma captação mais forte comparativamente a iguais períodos dos anos anteriores. Além disso, durante todo o mês de maio, os grandes bancos veicularam anúncios não só para explicar a nova rentabilidade como também para propagar “as vantagens” da aplicação mais popular do país.
Os depósitos feitos a partir do dia 31 serão remunerados a 0,4828% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Esse será o rendimento da caderneta enquanto a Selic estiver em 8,5% ao ano. À medida em que a taxa Selic cair, o rendimento da caderneta também cairá.
A mudança na rentabilidade da poupança foi determinada por decisão do governo no dia 3 de maio. O objetivo foi evitar que a queda da taxa básica de juros tornasse a poupança mais atrativa que outras aplicações de renda fixa e provocasse grande migração de ativos dentro do sistema financeiro. Até então, a regra era rendimento fixo de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR.
A regra antiga continua valendo somente para depósitos existentes no dia 3, independentemente de reduções da Selic.
Valor Econômico
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