A pandemia do novo coronavírus não abalou só a saúde da população, mas também tem impactado o sonho de muitos brasileiros de conquistar a casa própria. É que apesar do mercado de imóveis estar aquecido, haja vista a grande procura por espaços maiores e com mais possibilidades de lazer e trabalho, em razão da pandemia de COVID-19, a alta no preço de materiais de construção vem prejudicando o avanço nesse setor. Isso porque, com insumos apresentando custos elevados, a tendência é que os imóveis também passem a custar mais, reduzindo a venda e, também, os lançamentos das construtoras é o que afirma os construtores Alexandre Dantas da Costa e Geraldo Linhares e o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil da Paraíba (Sinduscon-PB), Helder Campos.
Apesar de o cenário nacional ter apresentado nesse terceiro trimestre deste ano, um aumento de 13,6% em comparação com o mesmo período do ano passado (os dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção-CBIC) e o estado da Paraíba, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil da Paraíba (Sinduscon-PB), ter seguido esse cenário, o custos dos materiais continuam a prejudicar o setor.
Segundo Alexandre, a situação também não está nada boa. “Os preços do material de construção estão exorbitantes e em João Pessoa muitos itens estão começando a faltar no mercado, a exemplo do ferro e do aço. Em compensação a mão de obra está muito barata”, disse. Ainda segundo ele, com o desemprego em alta, muita gente aceita trabalhar como aprendiz de pedreiro, com o salário de R$ 1.600, valor que o profissional da área não aceita receber. “Já o mestre de obra recebe um salário no valor de até R$ 3 mil”, afirmou. De acordo com Alexandre, a dica para as pessoas que estão tentando erguer a própria casa é, antes de tudo, realizar um planejamento sobre a obra, com os serviços, prazos e gastos com material e mão de obra. Outra informação importante na hora de comprar o material é pesquisar bastante para encontrar o local que oferece os melhores preços. “E pedir desconto já que vai comprar o material em grande quantidade”, disse.
Para além do aumento no preço de imóveis, a alta no custo de materiais de construção pode gerar um impacto considerável no mercado de trabalho do setor, afirma Geraldo. “A construção civil foi o setor que mais gerou empregos com carteira assinada no ano passado, mesmo diante da crise causada pela pandemia de COVID-19. Se persistir a alta no custo, esse cenário pode sofrer interferências”, comentou Geraldo Linhares.
O levantamento da CBIC aponta que, apenas no Nordeste, houve aumento de 4,9% nos lançamentos que foram realizados entre o segundo e o terceiro trimestre de 2021. Se confrontados, os dados do mesmo período de 2020, esse percentual sobe para 9,5% em toda a região. Mesmo com o crescimento do número de construções residenciais apresentadas ao público entre julho e setembro deste ano, os dados da CBIC demonstraram que o fluxo de venda destes imóveis não acompanhou a tendência de produção e lançamento do setor. Ao comparar os dados entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, houve queda de 9,5% nas vendas em nível nacional. No recorte regional, o Nordeste registrou queda de 0,6% no comparativo de unidades vendidas.
Segundo o presidente do Sinduscon-PB, Helder Campos, o levantamento oferece um panorama sobre o cenário nacional e esta análise serve também para a Paraíba. “A queda nas vendas aconteceu muito por causa do aumento no preço dos materiais para a construção e pela redução na capacidade de aquisição da população”, avalia.
Da Redação