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Produção industrial cresce 2,5%

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 A produção da indústria brasileira cresceu 2,5% em julho ante mesmo mês do ano passado e 0,8% em relação a junho, informou nesta terça-feira (5) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o quarto resultado positivo seguido do setor. É o melhor mês de julho desde 2014, quando a taxa foi de 1,3%.
Nos primeiros sete meses do ano, o crescimento foi de 0,8%. Já no acumulado de 12 meses, houve queda de 1,1%.

 

Na comparação anual (sem ajuste sazonal), foi o maior avanço para julho em 4 anos – desde 2013, quando o setor cresceu 3,4% frente a julho de 2012. Já frente a junho (com ajuste sazonal), o resultado foi o melhor para o mês em 8 anos – desde 2009, quando o setor avançou 1,4%.

 

Melhora no ritmo

Segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do instituto, a indústria vive um quadro de maior ritmo produtivo. “Tem uma melhora. Isso fica muito evidente. Quanto ao ritmo dessa melhora, a gente vai investigar mais à frente. Ainda que o comportamento positivo não recupere as perdas dos últimos dois anos, conseguimos enxergar uma trajetória ascendente”, analisa.

 

De acordo com Macedo, a queda no acumulado de 12 meses é o 38º resultado negativo consecutivo na base de comparação. Ele ponderou, no entanto, que “a magnitude desse resultado negativo vem perdendo fôlego. Em junho do ano passado, por exemplo, essa queda era de 9,7%”.

 

O pesquisador alerta, contudo, para a base de comparação, que ainda é baixa, tendo em vista a queda de 8,4% no período janeiro-julho de 2016. “Apesar da melhora recente, a indústria ainda é um campo a ser recuperado”, salienta.

 

Segundo o gerente do IBGE, o patamar alcançado de quatro resultados positivos consecutivos é o maior desde outubro de 2015, porém, semelhante ao de março 2009. Ele enfatizou ainda que em relação ao pico histórico da pesquisa, a produção industrial encontra-se 17,2% distante de junho de 2013.

 

Macedo lembra que o resultado de 2,5% de crescimento na comparação com julho de 2016 precisa ser relativizado dentro do comportamento do setor nos últimos anos, pois "se dá sobre um resultado que havia sido de um recuo muito maior em julho do ano passado nesta base de comparação, quando a queda foi de 6,1%”.

 

Todas as categorias cresceram

Macedo destacou o aspecto disseminado do crescimento, já que as quatro categorias econômicas da indústria (bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e bens de consumo semi e não-duráveis) apresentaram taxas positivas de junho para julho.

 

A categoria de bens de consumo duráveis teve a expansão mais acentuada em julho, de 2,7%, eliminando parte do recuo de 5,6% em junho. Macedo apontou que o resultado foi favorecido pelos eletrodomésticos da linha marrom, mobiliários e motocicletas.

 

Já entre os ramos industriais, houve crescimento em 14 dos 24 analisados.

Segundo Macedo, o principal impacto positivo no resultado de julho foi de produtos alimentícios, com crescimento de 2,2% na comparação com junho, em expansão pelo terceiro mês seguido e acumulando ganho de 8,7% no período, seguido pelos produtos derivados do petróleo, que teve avanço de 1,9% após ter registrado queda de 2% em junho.

 

De acordo com o IBGE, a maior produção de açúcar foi favorecida pelo clima seco na maior parte da região Centro-Sul. O maior processamento da safra de cana-de-açúcar também impulsionou a produção de álcool, com impacto no setor de derivados de petróleo e biocombustíveis.

 

Entre os 10 ramos que reduziram a produção em julho, os piores desempenhos vieram das indústrias extrativas (-1,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-1,8%) e metalurgia (-2,1%).

 

Já na comparação com julho de 2016, houve resultados positivos em todas as quatro grandes categorias econômicas e em 17 dos 26 ramos.

 

Entre as atividades, produtos alimentícios (6,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (11,8%) exerceram as maiores influências positivas. Nas categorias, bens de capital (8,7%) e bens de consumo duráveis (8,1%) assinalaram os avanços mais acentuados.

 

Em relação ao índice acumulado nos sete meses do ano, Macedo destacou que os segmentos que tiveram maior impacto positivo têm uma base de comparação muito baixa. O principal impacto positivo foi do setor de automóveis, com crescimento de 11,6%. O segundo foi da indústria extrativa, com 5,2%.

 

Macedo apontou que a indústria automobilística sofreu intenso freio no ritmo de produção no ano passado, com, por exemplo, demissões no setor, paralisação das linhas de montagem. Já a indústria extrativa sofria, até o primeiro semestre do ano passado, reflexos negativos gerados a partir da tragédia de Mariana, ocorrida em 2015.

 

Revisão

O IBGE revisou os dados da produção industrial de junho. Ao invés da variação nula (0,0%) em relação a maio, conforme divulgado anteriormente, houve crescimento de 0,2%. De acordo com André Macedo, a revisão acontece a partir da atualização de dados informados pelos próprios participantes da pesquisa.

 

Para Meirelles, foi acima do esperado

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comentou os resultados da produção industrial em seu perfil no Twitter. “Dados da Produção Industrial mensal do IBGE mostram que julho foi o quarto mês consecutivo de crescimento da indústria. O índice de 0,8% de crescimento em relação a junho ficou bem acima do esperado, mostrando que trajetória é de forte recuperação da indústria”, postou o ministro.

 

Para ele, o crescimento disseminado nas 4 categorias econômicas da indústria mostra que “a recuperação do setor será sustentável”. “A retomada do crescimento é fruto do trabalho sério que tirou o Brasil da maior recessão de sua história e garantiu a queda da inflação. Estamos reduzindo o desemprego e criando mais vagas de trabalho. A recuperação será ainda + forte com a implementação da agenda de reformas”, finalizou.

 

Entenda

Bens de capital

São aqueles usados na produção de outros bens, como máquinas, equipamentos, materiais de construção, instalações industriais.

 

Bens intermediários

São os comprados de outra empresa para o processo de produção, como uma bobina de aço adquirida de uma siderúrgica para a fabricação de um automóvel.

 

Bens de consumo duráveis

São aqueles que podem ser utilizados durante longos períodos, como automóveis e geladeira.

 

Bens de consumo semi-duráveis e não duráveis

Os semi-duráveis podem ser considerados os calçados e as roupas, que vão se desgastando aos poucos. Já os não duráveis são aqueles feitos para serem consumidos imediatamente, como os alimentos.

 

 

G1

Foto: Nigel Roddis/Reuters

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