Garantir a qualidade de vida na terceira idade deveria ser uma prioridade para todos, mas as estatísticas mostram o contrário. Em vez de se preparar financeiramente, muitos brasileiros não estão dando atenção ao seu próprio futuro e correm risco chegar aos 60 anos sem as reservas necessárias. Para falar sobre esse tema foram escutados os consultores financeiros Maristela Gorayb e Flávio Uchoa, que dão dicas de como começar a ter um planejamento financeiro pensando em ter uma velhice confortável.
Para você ter uma ideia, mais da metade dos brasileiros não possui uma reserva financeira para complementar sua aposentadoria. Para evitar essa situação, consultores dizem que é melhor começar a planejar sua melhor idade o quanto antes, vejam algumas dicas:
A preocupação com a qualidade de vida na terceira idade deve começar cedo, pois estamos vivendo cada vez mais. No mundo todo, o envelhecimento da população é uma realidade impulsionada pela queda nos nascimentos e aumento da longevidade. A tendência é que o número de idosos ultrapasse o de mais jovens. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou 30,8 anos entre 1940 e 2018, saltando de 45,5 anos para 76,3 anos em média. Em relação aos idosos, a longevidade passou de 4,5 anos para 8,2 anos a partir dos 80 anos de idade. Além disso, o Banco Mundial estima que em 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos, ou 29,7% da população total — uma clara inversão da pirâmide etária.
Outro dado importante é que 17,3% dos idosos entre 60 e 75 apresentam limitações funcionais para realizar atividades do dia a dia como fazer compras, cuidar da casa, administrar finanças e tomar remédios, e essa proporção aumenta para 39,2% a partir dos 75 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE.
Segundo Maristela Gorayb, a maior dificuldade dos adultos é ter a perspectiva de longo prazo em relação às finanças. “Temos que considerar que em algum momento, por mais longe que esteja, entraremos em uma outra fase em que a geração de renda não será mais possível ou suficiente”, comentou, destacando que o desafio é garantir os recursos para aproveitar a “melhor idade” com tranquilidade e segurança, já que esses anos vão se prolongar e exigem um planejamento financeiro mais robusto, principalmente, se falarmos em planos de saúde para a terceira idade.
A saúde financeira é a base para conquistar qualidade de vida na terceira idade, pois o custo de vida tende a aumentar — enquanto a renda pode diminuir drasticamente. Para Maristela Gorayb, os mais jovens precisam pensar no futuro orçamento e na sua capacidade financeira: “com 20 ou 30 anos de idade, é muito difícil saber quanto tempo você irá se manter produtivo financeiramente para arcar com todas as suas despesas”. Ou seja: não basta estar saudável e disposto para aproveitar a última fase da vida: é preciso construir uma base financeira sólida.
O consultor Flávio Uchoa dá dicas de como começar a ter um planejamento financeiro pensando em ter uma velhice confortável. “A principal dica é decidir levar uma vida com educação financeira tomando como base alguns princípios: viver um degrau abaixo do seu poder aquisitivo; decidir quanto vai guardar para depois orçar seus gastos mensais; estipular sonhos, metas e objetivos a cumprir”, disse. Se você está perto de se aposentar, mas tem medo de ficar apertado com a perda de benefícios, o primeiro passo é ter consciência que após a aposentadoria a vida toma outro estilo, necessitando menos gastos com roupas, transporte e mais gastos com planos de saúde, remédios e alimentação. “Geralmente os filhos já estão crescidos e o padrão de vida deve ser levado em consideração a esta mudança, mas infelizmente, não vemos isso com nossos aposentados, salvo exceções. Na maioria dos casos, são pessoas que não tiveram a oportunidade de aprender sobre finanças pessoais e não buscaram esse conhecimento”, afirmou.
Dicas para se preparar financeiramente para a terceira idade:
1. Defina o padrão de vida que você quer ter
O primeiro passo para garantir sua qualidade de vida na terceira idade é definir como você quer viver aos 60 anos. “Se o INSS não for o bastante para o padrão de vida que se espera, será necessária uma boa reserva para enfim viver a tão sonhada independência financeira”, aconselha Maristela.
2. Comece a trabalhar para você hoje mesmo
Quanto antes você começar a trabalhar pela sua independência, mais rápido alcançará sua meta de qualidade de vida na terceira idade. É o que chamamos de “pagar a si mesmo”: reservar uma quantia mensal para construir seu patrimônio e bancar seu futuro.
“O segredo é se acostumar a viver com menos do que 100% do salário líquido, racionalizar os gastos e pensar bem antes de comprar para que entre 10% e 20% do salário sejam destinados ao planejamento financeiro”, afirmou Maristela Gorayb.
3. Tenha sua reserva de emergência
Antes de partir para os investimentos de longo prazo, você precisa ter uma reserva de emergência em uma aplicação conservadora como o Tesouro Direto ou ativos de renda fixa com alta liquidez, por exemplo. Esse dinheiro deve ser suficiente para sustentar você por um bom tempo em caso de imprevistos como perda do emprego ou problemas de saúde mais sérios.
“O ideal é ir guardando dinheiro mensalmente até acumular o equivalente a seis vezes o valor das despesas mensais. Depois, sim, começar a investir em produtos de longo prazo”, sugere Maristela.
4. Use o poder dos juros compostos
Quando estiver pronto para investir, você deve buscar produtos financeiros de longo prazo, que multiplicam seu patrimônio com o passar dos anos. Essa “mágica” é possível graças ao poder dos juros compostos, como explica Maristela: “O que rendeu no primeiro mês se soma ao valor total aplicado, e a rentabilidade do mês seguinte ocorre sobre este total, que se soma novamente — e assim por diante”.
5. Invista cedo para lucrar o máximo possível
Por fim, pensar na qualidade de vida na terceira idade o mais cedo possível é uma forma de aproveitar o tempo para aumentar seus ganhos. “Quanto maior o prazo que se tem para investir, maiores serão os ganhos proporcionais aos valores investidos. Daí a importância de não deixar para a última hora o início de uma previdência e aproveitar o tempo como seu melhor aliado”, conclui Maristela.
Redação
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