As vendas do comércio varejista brasileiro registraram a terceira queda seguida em setembro. Em relação ao mês anterior, o recuo foi de 1%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (10). A retração é a maior para o mês de setembro desde 2002, quando chegou a 1,2%.
Na comparação com setembro do ano passado, o comércio sofreu tombo de 5,9%. Com isso, no ano, o varejo acumula queda de 6,5% no ano e, em 12 meses, de de 6,6%.
"As perdas foram generalizadas e isso é um sinal de alerta. Depois de três meses consecutivos de quedas, o que concluímos é que o varejo se enfraqueceu por conta do ambiente econômico", disse a economista do IBGE Isabella Nunes.
De agosto para setembro, a queda do varejo foi puxada pela diminuição das vendas dos segmentos de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,4%) e de móveis e eletrodomésticos (-2,1%).
Também foram registradas baixas nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-2%); tecidos, vestuário e calçados (-0,7%); combustíveis e lubrificantes (-0,5%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,3%).
Na contramão, cresceu o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,0%) em relação a agosto.
Na análise frente a um ano antes, o comportamento foi semelhante ao da comparação mensal. As maiores retrações partiram de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,6%) e móveis e eletrodomésticos (-13,4%).
"O desempenho desta atividade vem sendo pressionado pela contínua queda na massa de rendimento real habitualmente recebida, além da elevação dos preços dos alimentos em domicílio acima do índice geral", diz o IBGE, em nota.
Na sequência, estão combustíveis e lubrificantes e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9%, nos dois segmentos); tecidos, vestuário e calçados (-10,3%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-3,7%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-11,9%); e, por fim, livros, jornais, revistas e papelaria (-18%).
O quadro de fraqueza do varejo não deve apresentar reviravolta tão em breve. Como exemplo, a rede de móveis e eletroeletrônicos Via Varejo já afirmou que não tem notado melhora no fluxo de clientes em suas lojas e avalia que o quarto trimestre e o primeiro semestre do próximo ano seguirão difíceis, segundo a Reuters.
Isso mesmo com os índices de confiança indicando melhora, segundo a Fundação Getulio Vargas. Em outubro, a confiança do comércio subiu com a melhora da percepção sobre a situação atual, mas a dos consumidores avançou devido às expectativas sobre o futuro mais altas.
Regiões
De agosto para setembro, o varejo recuou na maioria dos estados, com destaque para Mato Grosso (-5,6%) e Tocantins (-3,6%).
Na outra ponta, com taxas positivas, estão Amapá (1,7%) e Piauí (1,3%). Bahia (0,1%), Goiás (0,1%) e Distrito Federal (0,0%).
Em comparação com setembro de 2015, os resultados foram negativos para todos os estados, menos Roraima, que registrou alta de 9,1%.
Veículos e material de construção
O comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, recuou 8,6% em relação a setembro de 2015.
No ano, a atividade acumula queda de 9,2% e, em 12 meses, de 10%. De acordo com o IBGE, esse desempenho reflete o comportamento de veículos, motos, partes e peças, com recuo de 14,4% para o volume de vendas sobre setembro de 2015.
"O menor ritmo da atividade econômica vem influenciando o desempenho destes setores, além da renda das famílias em queda."
Receita nominal
A receita nominal recuou 0,3%, após oito taxas positivas seguidas, período que acumulou ganho de 4,6%. No ano, o indicador acumula alta de 5,1% e, em 12 meses, de 4,4%.
G1