A provável saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação –– que, conforme se comenta na pasta, deve ser concretizada hoje –– mobilizou a ala ideológica do governo federal a emplacar um substituto para o cargo que seja do agrado da base mais radical de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. A ideia é fazer com que a pasta continue na mesma sintonia do Gabinete do Ódio, mesmo que de forma temporária.
Por sinal, ontem, Bolsonaro teve mais uma prova do desgaste que o ministro provoca: o Supremo Trubunal Federal (STF) decidiu, por 9 a 1, rejeitar o pedido para que Weintraub fosse retirado do inquérito das fake news, que apura ameaças, ofensas e informações mentirosas contra os magistrados.
Nesse cenário adverso, ganha força o nome do secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim. Como o ministro, é seguidor do escritor Olavo de Carvalho e defensor do homeschooling — proposta de ensino doméstico ou domiciliar. Bolsonaro pode promover a mudança para tentar diminuir os atritos com a militância, que tem apreço por Weintraub.
Nadalim é formado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde também fez especialização em Filosofia e mestrado em Educação. No ano passado, ele havia sido cogitado para assumir o ministério, quando Bolsonaro exonerou o então ministro da Educação, Ricardo Vélez.
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A ideia de manter um ministro temporário servirá para Bolsonaro encontrar um nome que seja do agrado e que não crie mais problemas ao Palácio do Planalto. A estratégia é fazer o mesmo que está em curso no Ministério da Saúde, onde o general Eduardo Pazuello se mantém como interino, depois das ruidosas saídas de Luiz Henrique Mandetta e de Nelson Teich.
Além de Nadalim, outras opções avaliadas pelo governo Bolsonaro são a secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy; o secretário-executivo do Ministério da Educação, Antonio Vogel; e, de fora da pasta, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Aguiar.
Saída
Os rumores de que Weintraub será demitido ganharam força ontem, quando ele não foi ao Palácio do Planalto para as cerimônias de posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e de lançamento do Plano Safra 2020/2021. Em ambos eventos, o alto escalão de Bolsonaro compareceu em peso. Aliados disseram que a ausência do ainda ministro foi para não causar constrangimento.
Apesar disso, Bolsonaro não vai despejá-lo do governo, a exemplo do que aconteceu com outros exonerados. Ele só quer retirar Weintraub da Educação porque foi convencido de que a permanência do ministro não vai diminuir o atrito do Executivo com o Judiciário, que se intensificou pelos insultos do ministro aos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como Weintraub é economista, estuda-se a possibilidade de que seja indicado para alguma função em um banco multilateral, como o Banco Mundial, com sede em Washington. O governo estuda, também, nomeá-lo para um cargo diplomático, desde que a indicação não exija que o nome do ainda ministro da Educação seja sabatinado pelo Senado.
Redação com Correio Braziliense
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