Estudante do Sertão que ficou em 1º lugar de medicina na USP sonha em atuar no SUS e virar médica na área de neurologia

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Um esforço compensado. Uma escolha difícil. Um sonho para realizar.  Uma retina cansativa, marcada por estudos. A estudante Maria Clara Lira, que foi selecionada em 1º lugar no curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP), mas vai cursar medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sonha em atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) e se tornar cirurgiã na área de neurologia.

Vinda de escola pública, e estudando por conta própria, a estudante do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) no município de Cajazeiras no Sertão da Paraíba, obteve um feito histórico.

O resultado foi divulgado na semana passada pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ela ficou em 1º lugar entre os cotistas de escola pública.

Agora a estudante sonha em ingressar na universidade, concluir o curso e se tornar médica. Nas redes sociais, ela comemorou a aprovação para o curso, e expressou o sonho de atuar no SUS.

“Para uma adolescente nascida no sertão da Paraíba, se tornar médica sempre pareceu um sonho muito distante, quase impossível. A realidade da região, marcada pelos contrastes sociais, com pouca oportunidade de estudo e trabalho, se impõe de tal forma que qualquer um ali duvida da própria capacidade”, postou.

Ela disse que sempre acreditou em seus sonhos, mesmo buscando a vaga em um dos cursos mais concorridos do País.

“Mesmo assim, nunca deixei de acreditar que eu poderia vencer neste cenário de escassez. Hoje, depois de prestar o Enem e conseguir ingressar no curso mais concorrido do país, entendo que meu esforço de anos valeu a pena. Passei em medicina na Universidade de São Paulo e, para minha surpresa, apareci no topo do ranking, em primeiro lugar. Nunca imaginei nada igual. Mas sei bem quão longa e extenuante foi a jornada para chegar lá.”, afirmou.

Ela também explicou a decisão de abdicar do sonho de estudar na USP optando em fazer o curso na UFPB.

Embora pudesse ir para São Paulo, optei por estudar na Federal da Paraíba. O custo de vida e a proximidade com a família acabaram pesando na escolha. Meus pais vivem com a renda de uma aposentadoria. Se não fosse pelas cotas sociais e por um ensino público de bom nível, jamais teria conseguido. Sonho em trabalhar no SUS e ser cirurgiã na área de neurologia. Sei que ainda tem muito estudo pela frente. Que os livros me aguardem.”

Maria Clara, de 17 anos, era aluna do curso técnico de informática, integrado ao ensino médio, no Instituto Federal da Paraíba (IFPB), campus Cajazeiras, no Sertão da Paraíba – onde mora com a mãe pedagoga e o pai aposentado.


A escolha da universidade se deu por termos práticos avaliados por Maria Clara durante os seis anos de seu curso. Mesmo com uma distância de 476,5 km da família, João Pessoa, onde fica o campus da UFPB que foi aprovada, tem um custo de vida menor que São Paulo.

Além disso, na cidade ela tem familiares e uma estrutura afetiva e emocional que vai ajudar nesta nova jornada. Maria Clara é sobrinha dos atores Nanego Lira – que interpreta Padre Zezo na novela ‘Mar do Sertão’ – e Buda Lira, também ator.

A paraibana, de 17 anos, conta que custou a acreditar quando viu seu nome no primeiro lugar geral do curso mais concorrido de uma das melhores faculdades do Brasil. A aprovação se deu por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem-USP 2023).

Porém, a nova caloura ainda pondera se realmente fará sua matrícula na USP, alegando questões financeiras e a angústia de ficar muito tempo distante da família.

Maria Clara não esconde sua felicidade pela conquista, especialmente por estar representando os nordestinos e estudantes de escola pública.

“Fico feliz em demonstrar que nós, aqui na Paraíba e no Nordeste, temos instrução e que somos capazes alcançar o que quisermos. Por meio da minha conquista eu consigo mostrar que a Paraíba e o Nordeste são, sim, capazes de informar e instruir seus cidadãos”, afirma, orgulhosa.

Filha de pedagoga e pai aposentado, estudante, que cursou os dois primeiros anos de ensino médio no auge da pandemia, estudava sozinha, por meio de videoaulas, livros e provas antigas.

“No primeiro ano, ainda estava em dúvida entre medicina e outros cursos, mas decidi que iria estudar para passar com a maior nota possível para que pudesse escolher o que seria melhor para mim”, diz ela, reforçando que buscava solucionar todas as questões possíveis que encontrava nos livros didáticos e ainda procurava por outras em sites da internet.O esforço e a dedicação de Maria Clara geraram frutos que nem ela sabia que era capaz.

 

SL

PB Agora

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