Implantada com a finalidade de incentivar a agricultura familiar e a produção agrícola sem a utilização de insumos químicos, a Feira Agroecológica da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) completou um ano de funcionamento. O espaço tem sido utilizado por agricultores como Antônio Rodrigues de Araújo, de 69 anos, morador do sítio Oiti, zona rural de Lagoa Seca, no Agreste da Paraíba. Com a experiência de quem conhece a terra, ele passou praticamente toda sua vida vivendo da agricultura familiar. Do produto extraído do solo, ele tirou sua renda e criou seus 10 filhos. Durante muito tempo, o agricultor utilizou agrotóxico na plantação, mas há anos ele aboliu o veneno e passou a cultivar produtos agroecológicos.
Há um ano, Antônio começou a vender seus produtos na Feira Agroecológica da UEPB. A Feira, que nasceu como projeto de extensão da Instituição, foi como “chuva em solo fértil” na vida do agricultor, que ganhou um novo espaço para comercializar seus produtos. Nos dias da atividade, às quintas-feiras, ele acorda às 4h e, antes do sol nascer, já está com sua barraca montada na Central de Integração Acadêmica, no Câmpus de Bodocongó. A barraca do seu Antônio faz sucesso pela diversidade dos produtos hortifrutigranjeiros e qualidade das verduras cultivadas de forma saudável. Ele comercializa, no total, 48 tipos de mercadorias entre tomate, coentro, cenoura, batata e outros itens.
“Essa Feira foi uma das melhores coisas da minha vida. Quero dizer que há anos parei com o veneno e só uso produtos agroecológicos. Minha vida melhorou 99%”, disse o agricultor que participa de três feiras agroecológicas. Parar marcar o primeiro aniversário da Feira, um café solidário foi oferecido pelos agricultores que participam do projeto aos estudantes, técnicos e professores da Instituição e ao público que prestigia a iniciativa. Realizada no hall da Central de Integração Acadêmica, a atividade reuniu agricultores de Campina Grande, Lagoa Seca, Boqueirão, Lagoa de Roça e Alagoa Nova.
A edição especial contou ainda com a presença do cordelista Josenildo Maria Lima, que expôs vários cordéis de sua autoria, e com o estande da Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB), que colocou à venda mais de 300 livros de 30 títulos, vendidos a partir de R$ 5,00. O Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (NERA), coordenado pelas professoras do Câmpus II, Shirleyde Alves dos Santos e Élida Correa Barbosa, também esteve presente com um estande montado no evento.
Coordenador do projeto, o professor Simão Lindoso, do Departamento de Biologia, disse que a preocupação da UEPB é trabalhar com os agricultores a produção agroecológica. A equipe envolvida no projeto faz o acompanhamento da produção e comercialização com os agricultores, sempre incentivando a agroecologia. A iniciativa alcança agricultores do Brejo, Agreste e Cariri paraibano, que estão inseridos dentro de uma rede.
Professor Simão ressaltou que a Feira elimina do caminho dos agricultores a figura do “atravessador”, o que contribui para tornar os preços acessíveis, diferente dos produtos orgânicos que têm valores mais altos. “A Feira é uma oportunidade para a agricultura familiar mostrar seus produtos. A agroecologia tem preocupação ambiental e com a natureza, numa diversidade de alimentos, o que garante segurança alimentar para as famílias”, disse. O espaço, segundo ele, nasceu com o propósito de incentivar a produção orgânica e contribuir economicamente com os agricultores que já se organizam em cooperativas e associações.
A Feira vai além da comercialização e também é uma oportunidade para troca de saberes e conhecimentos dos estudantes da Instituição, contribuindo na formação, pesquisa e extensão. Atualmente, 10 estudantes dos cursos de Biologia do Câmpus I e de Agroecologia do Câmpus II estão envolvidos na ação. Também atuam na Feira Agroecológica estudantes do programa de extensão “Agroecologia e o Diálogo de Saberes na Universidade: Ações do Núcleo de Extensão Rural Agroecológica em Territórios Paraibanos”, vinculado ao NERA e ao projeto “Centro Vocacional Tecnológico – Agroecologia e Produção Orgânica: Agrobiodiversidade do Semiárido”.
Ao fazer um balanço do primeiro ano de funcionamento da Feira Agroecológica, professor Simão afirmou que o resultado é positivo, visto que tem dado visibilidade à Agroecologia como prática de produção de alimentos saudáveis, o que garante saúde aos consumidores. Para a agricultora Célia Araújo, a Feira na UEPB foi um sonho. Ela, que mora em Boqueirão e preside uma associação de produtores no Cariri, revelou que os agricultores sempre viam na Instituição um espaço para disseminar os produtos agroecológicos. “Quando a Feira surgiu a partir do projeto de extensão do professor Simão, nós abraçamos a ideia e tem sido gratificante”, frisou.
Realizada sempre às quintas-feiras, a Feira iniciou seus trabalhos na Praça de Alimentação do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), no Câmpus de Bodocongó. A partir do semestre 2019.2 foi transferida para a Central de Integração Acadêmica.
Assessoria