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Greves provocam evasão de alunos na UEPB e prejudica formação

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 A entrada em um curso superior é a realização de um sonho de vida para os estudantes que buscam uma formação profissional. Concluir a graduação é a etapa mais aguardada na jornada rumo ao campo profissional e ingresso no mercado de trabalho. Mas, nos últimos anos, diferentemente da estabilidade e do crescimento de cursos, câmpus e pós-graduação experimentados entre os anos de 2003 e 2012, sem interrupção de aulas, os atrasos nos estudos provocados pelas últimas greves na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) têm adiado esse momento para milhares de alunos e resultado na elevação dos índices de evasão na Instituição.

Conforme dados da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), entre 2013 e 2016, por exemplo, período no qual foram deflagradas duas greves de professores e técnicos administrativos, 15.128 alunos se desligaram da UEPB motivados, especialmente, pela indefinição com relação a quando iriam conseguir concluir seus cursos. Em média, 20% dos alunos matriculados têm cancelado suas matrículas na Instituição e migrado para outras universidades com maior estabilidade no que diz respeito ao cumprimento do período letivo se interrupção das aulas.

“O que temos constatado é que, pela falta de certeza sobre quando vão terminar os cursos, devido às greves, os alunos estão se desligando da UEPB e isso tem ocorrido com mais freqüência a cada nova greve. Em 2013, ano de greve, foram 3.471 estudantes que saíram da Universidade. Já em 2015, ano de nova greve e por longo tempo, esse número aumentou para 4.288 alunos solicitando cancelamento de sua matrícula. A perspectiva é de que, ao fecharmos 2017, teremos um número ainda maior de evasão”, destaca professor Eli Brandão, pró-reitor de Graduação.

Eli Brandão explica que alunos que entraram na Universidade em 2013, por exemplo, já tiveram a conclusão do seu curso adiada para dois semestres a frente do que o inicialmente previsto. Isso quer dizer que vão demorar mais para estarem aptos ao mercado de trabalho e, consequentemente, seguirem seu planejamento de vida e crescimento profissional. Com a atual greve, como o período 2016.2 ainda sequer foi concluído, não há garantias de quando irá ser iniciado e concluído o período 2017/1.

“Estamos com o semestre irregular por causa das greves anteriores e com a situação se agravando com a atual greve. Quando estamos fazendo uma chamada, ela coincide com outras chamadas do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Agora vai começar o SiSU II, com a entrada regular em agosto, e nossa entrada do 2017.1 ainda nem começou. Então esse estudante que no ano passado fez o Enem entendia que o período 2017.1 iria começar em maio, por mais que estivesse atrasado. Mas chegamos ao meio do ano sem definição e esse aluno tem entrado no SiSU II para outra universidade. Cada vez mais temos registrado alunos que foram aprovados para o 2017.1, mas como o período não começou eles concorreram no SiSU II e estão pedindo cancelamento de sua matricula na UEPB para ir para outra Instituição”, comenta o pró-reitor.

Evasão também prejudica o ensino técnico

Esta preocupante realidade de saída de alunos percebida na graduação também é registrada no ensino técnico ofertado pela UEPB. Na Escola Agrotécnica do Cajueiro, em Catolé do Rocha, e na Escola Agrícola Assis Chateaubriand (EAAC), em Lagoa Seca, os índices de evasão são significativos. No Câmpus IV, os dados da Escola Agrotécnica revelam uma perda de 24% do corpo discente somente este ano. Ao todo, 39 alunos cancelaram seu vínculo com a Universidade para ir estudar em outra instituição.

Conforme a professora Socorro Pinto, diretora adjunta da Escola que oferta o Ensino Médio e Técnico integrados, a justificativa dos pais e responsáveis dos estudantes que solicitam o cancelamento da matrícula institucional é a incerteza da conclusão do curso. “Eles têm medo de que, por causa da greve que atrasa o andamento das aulas, os filhos percam a oportunidade de ingressar na graduação por não terem concluído o Ensino Médio/Técnico. Então, eles têm colocado os filhos em outras escolas para que eles concluam os estudos e concorram no Enem/SiSU sem atrasos”, destaca a professora.

Na Escola Agrícola Assis Chateaubriand, no Câmpus II, onde são ofertados os cursos técnicos em Agroindústria e em Agropecuária, os dados são ainda mais alarmantes. A evasão na unidade gira em torno de 40%, segundo o professor José Félix de Brito Neto, diretor da EAAC. Ele conta que os períodos irregulares, por causa das greves, têm prejudicado também a formação de novas turmas e cita como exemplo as matrículas 2017 para as turmas dos cursos técnicos. De um total de 300 vagas ofertadas, não foi possível preencher sequer a metade.

“Muitos alunos fizeram a pré-matrícula, mas como se deu a greve e ficou a incerteza de quando as aulas iriam começar eles não confirmaram a matrícula. A alegação é sempre a greve, que gera insegurança sobre os estudos dos jovens que, quanto mais tempo levam para concluir os cursos mais tempo vão levar para se formarem e começarem a atuar profissionalmente. Com isso, são prejudicados em seus planejamentos. Então, para não ficar muito tempo parados, sem estudar, os alunos acabam deixando a EAAC e indo para outras escolas, onde não enfrentem a instabilidade por causa das constantes greves”, conclui professor José Félix.

Redação com assessoria

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