O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentaram a Cartilha do Participante do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, documento que detalha as matrizes e competências para a prova de redação.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, garantiu que toda a logística do exame está em dia, com as provas todas impressas e sendo, aos poucos, distribuídas de um quartel do Exército, em São Paulo, para todo o país. Este é o momento do processo chamado de “interiorização”. “Hoje só temos notícias boas. Todas as provas já foram impressas e já estão a caminho”, disse o ministro.
Na preparação para o exame, que será aplicado em 3 e 10 de novembro para 5,1 milhões de inscritos em 1.727 municípios, o custo será de cerca de R$ 520 milhões. “Alguns pagamentos dependem de detalhes da própria execução, como quantas reaplicações precisaremos fazer, por exemplo. A gente procura trabalhar com transparência, sem tirar custos para dizer que a prova é barata”, disse o presidente do Inep, Alexandre Lopes. Ele afirma que 2,1 milhões de inscritos pagaram as inscrições, em arrecadação de R$ 179 milhões. O restante, cerca de 3 milhões, ficou isento de taxa.
“Dos custos gerais, 34% vem via pagamento da inscrição. O restante vem do pagador de impostos”, acrescentou Weintraub. Sendo assim, o MEC afirma que o custo é de R$ 104 por candidato, R$ 2 a menos do que no ano passado.
‘Só um meteoro’
Weintraub descartou qualquer entrave devido à troca da gráfica que imprimiria a prova. Em abril, a empresa RR Donnelley, detentora do contrato, decretou falência e a empresa Valid S.A assumiu a função, a partir de recursos de R$ 151 milhões do MEC. Possibilidades de atrasos ou até cancelamento do exame sempre estiveram fora de cogitação, garante o ministro. “Não quero voltar a esse assunto, pois estou de bom humor”, ironizou ele, seguidamente, a respeito dos órgãos de imprensa que noticiaram o fato à época. “Hoje, só um meteoro para o Enem não acontecer.”
Sobre a segurança e o sigilo de informações, postos em cheque em função da aplicação do Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos (Encceja), ele diz não haver qualquer risco até o momento. “Durante o Encceja, uma pessoa anotou no braço uma senha. Não houve dolo, só incompetência da pessoa, que não tem condições de trabalhar num processo como esse. Foi um equívoco pessoal e não foi no Enem, foi no Encceja”, afirmou, ressaltando que não houve desdobramento criminal.
“Tem que parar de bater, a gente só traz notícia boa. Estou simpático, sorridente”, disse o ministro. Alexandre Lopes acrescentou: “A segurança da prova é um processo contínuo, em parceria com a Polícia Federal, que fez vistorias na gráfica mais de uma vez, para garantir segurança da impressão”.
Por aconselhamento da própria Polícia Federal, o toque do celular de um candidato, mesmo que dentro do saco oferecido pela organização, acarretará em eliminação automática.
Enem digital
Perguntado sobre o futuro do exame, o ministro foi taxativo. “Este Enem 2019 fecha uma grande era. Começa agora o início do fim do Enem tradicional. A partir do ano que vem, iniciamos o Enem digital, em contagem regressiva para não ter mais essa operação de guerra”, afirmou, referindo-se à logística de aplicação. Atualmente, a aplicação do exame conta com mais de 400 mil colaboradores, que trabalham diretamente com os candidatos em 10 mil locais de prova.
O MEC vem tratando o Enem 2020 como um projeto piloto, a partir do qual a digitalização começará a ser implantada. “No ano que vem, será uma data digital e uma em papel. Em 2021, serão duas datas digitais e uma em papel. Até 2026, será 100% digital”, explicou o presidente do Inep. “É uma operação de guerra”, repetiu Alexandre Lopes. “Agradecemos aos Correios pela entrega das provas e pela logística reversa, de trazê-las de volta para a correção.”
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Tintas ideológicas
A partir da Cartilha do Candidato, o estudante inscrito pode entender melhor o que já está posto pela Matriz de Referência do exame. O conteúdo do banco de questões não muda, segundo o Inep, mas a seleção segue como já dito publicamente pelo instituto, sem o que eles consideram “viés ideológico”.
Além disso, nenhuma autoridade do governo leu as questões. “Eu não li e o ministro também não. A prova foi como nos anos anteriores, mas a orientação foi focar no conteúdo. Estamos permanentemente alimentando o banco de itens e, dali, foram escolhidos os itens mais neutros.”
Valem os critérios científicos, segundo Weintraub. “É não carregar em tintas ideológicas. Medir a capacidade de ler, escrever, matemática, etc. Não ficar criando polêmicas em que a gente não ganha nada”, disse.