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Professor diz que corte de verba pode atrapalhar Extensão em todo Brasil

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O corte nas verbas destinadas para a extensão universitária no Brasil está cada vez maior e a escassez dos financiamentos de recursos públicos destinados a projetos e programas extensionistas tem gerado prejuízos incalculáveis para a sociedade, atrapalhando a formação de futuros profissionais. O alerta foi feito pelo professor Daniel Pansarelli, pró-reitor de Extensão e Cultura da Universidade Federal do ABC, durante abertura do 2º Seminário de Extensão (SEMEX) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), nesta quarta-feira (9), no Câmpus de Bodocongó.

A proposta do evento é discutir a crise no ensino público brasileiro causada pela falta de financiamento na Extensão. Convidado especial do evento, o professor Daniel Pansarelli ministrou a palestra “Extensão universitária e a crise política brasileira: escolas, caminhos e re-ações” e procurou traçar um perfil do quadro atual, apontando para estratégias e ações que podem forçar o governo a retomar a política de financiamento de Extensão, prevista por lei.

Ao indicar alternativas para conter a crise, Daniel Pansarelli disse que as universidades precisam se mobilizar para cobrar do poder público a continuidade dos financiamentos da extensão universitária, isto, porque, segundo ele, há três anos o governo simplesmente interrompeu de forma inexplicável toda a linha de financiamento do Edital PROEXT, que era o maior no Brasil e garantia recursos para milhares de projetos e extensão em todo o país.

De acordo com o professor, esse contingenciamento orçamentário adotado pelo governo federal já tem refletido em falta de recursos nas universidades e causado preocupação na comunidade acadêmica. “É preciso uma ação muito dura da sociedade de cobrar do governo a continuidade dos investimentos nesse edital”, reforçou. A ação, segundo ele, é continuar fazendo extensão universitária mesmo com poucos recursos e mostrar para as comunidades a importância desses projetos que geram conhecimentos, serviços, bem-estar, saúde, educação, qualidade de vida e troca de saberes. “Temos que criar uma dinâmica de interação social entre a sociedade e a universidade, fazendo disso um movimento de formação crítica para lidar com as questões da crise política”, destacou.

Como forma prática de tentar fazer o governo rever os cortes, o professor disse que a população pode cobrar do Congresso Nacional, exigir que o governo cumpra um decreto presidencial que o obriga a fazer esses investimentos. “Na prática, o que está acontecendo é que o governo está descumprindo um decreto da própria Presidência da República. E o Congresso tem obrigação de fiscalizar a presidência”, frisou. Como os parlamentares são sensíveis às mobilizações populares, o professor ressaltou que os estudantes podem ter um papel histórico nesse processo, provocando ações que repercutam em Brasília e force o Congresso Nacional a agir.

Para Daniel Pansarelli, eventos como o realizado pela UEPB são imprescindíveis, visto que a sociedade precisa estar informada do valor da extensão universitária, uma vez que está em jogo o corte de recursos que pode comprometer milhares de projetos espalhados por municípios de todo o Brasil. Ele entende que o 2º SEMEX pode contribuir para aprofundar um debate mais crítico sobre a crise política que se reflete nas universidades. Daniel disse que é preciso enfrentar a crise política como forma de tentar recuperar o financiamento público da extensão universitária.

Abertura

O 2º Seminário de Extensão (SEMEX) da UEPB foi aberto oficialmente pelo pró-reitor de Extensão, professor José Pereira da Silva, e pelo vice-reitor, professor Flávio Romero Guimarães. A solenidade de abertura reuniu pró-reitores, professores e estudantes. Mais de 800 estudantes estão escritos no evento, que segue até esta quinta-feira (10). Um dos idealizadores do evento, professor José Pereira destacou as estratégias da UEPB para driblar a crise e manter a qualidade dos projetos e programas de extensão em execução na Paraíba.

Pereira enfatizou que, mesmo tem tempos de crise, a UEPB praticamente financia a extensão com recursos próprios. Isso porque, do ponto de vista do governo federal, só existe hoje o Edital PROEXT que possibilita às universidades angariar recursos para os projetos extensionistas. Pereira enfatizou que um das vocações da UEPB é estar em sintonia com os anseios da sociedade através das ações extensionistas.

A UEPB hoje, segundo o pró-reitor, conta com 460 projetos e 80 programas de extensão em oito áreas temáticas, que envolvem mais de 3 mil alunos, cerca de 600 professores e atende a cada semestre mais de 40 mil pessoas, em 90 municípios paraibanos. “Apesar de toda crise, temos um conjunto de extensão bastante significativa”, garantiu. Ele ressaltou que a extensão é um caminho que aproxima a universidade da sociedade e pode ajudar a provocar mudanças, inclusive, no campo político.

Em sua explanação, o vice-reitor Flávio Romero propôs uma reflexão sobre a importância de se valorizar cada vez mais a extensão universitária, além de fortalecer o princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, prevista no artigo 207 da Constituição Federal. “Os documentos presentes no Brasil, que tratam de universidade, sempre colocam uma questão fundamental que se alicerça no princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão”, observou.

Flávio também propôs uma discussão ideológica em torno da extensão e questionou como as instituições de ensino público brasileiras, incluindo a UEPB, têm inserido as discussões em torno da ideologia extensionista. O vice-reitor observou que a universidade pública brasileira ainda reproduz um modelo histórico que valoriza mais a pós-graduação e a pesquisa. “A despeito da Constituição falar em indissociabilidade, a despeito dos documentos e dos regimentos das universidades públicas reforçarem essa questão, a indissociabilidade ainda está alicerçada em um valor e em um capital”, avaliou.

Para ele, no campo da reflexão ideológica, o valor atribuído a extensão é diferente dos valores atribuídos a outras áreas. “Eu entendo que a pesquisa e a pós-graduação escrevem texto, mais quem traduz esse texto para a sociedade é a extensão”, salientou Flávio.

Dentro da programação do 2º SEMEX constam, ainda, mesas redondas, mostras, minicursos, comunicações orais em rodas de conversa, oficinas e apresentação de pôster em mídia digital de todos os projetos e programas inscritos no SEMEX. São mais de 170 trabalhos que estão sendo apresentados até esta quinta.

Redação com assessoria

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