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Projeto de extensão do IFPB de Sousa discute o racismo no ambiente escolar

Um projeto de extensão desenvolvido pelo IFPB Campus Sousa propõe um debate sobre as lutas do povo negro por reconhecimento e igualdade e também sobre o racismo nos espaços acadêmicos. O projeto “Vidas Invisibilizadas: Úrsula” é fruto de uma iniciativa de Mariana Ferreira, estudante que concluiu o curso técnico em Agropecuária em 2021, em parceria com a Coordenação de Extensão, a Rede Rizoma SouCultura-IFPB, o Departamento de Assistência Estudantil e a Coordenação do curso de Letras Polo Sousa. Da comunidade externa ao IFPB, participaram da produção da revista Diassis Pires, produtor cultural em Coremas, Aurélio Filho, como desenhista, John Castelhano, como arte finalista e balonizador e Alex Souto como diagramador.

A ideia de discutir o racismo no ambiente escolar partiu da Mariana Ferreira, que procurou o professor de Sociologia Pedro Couto para elaborarem um projeto de extensão que desenvolvesse esse debate junto a jovens de várias idades.  De acordo com o professor, “atualmente os filmes de super-heróis e, consequentemente, suas revistinhas têm dialogado muito com o público jovem, por isso, decidimos abordar questões tão importantes em nossa sociedade através dessa linguagem dos quadrinhos, pois acreditamos que conseguiríamos acessar a linguagem da juventude e, assim, sensibilizá-los sobre essas questões”.

A revista “Vidas Invisibilizadas: Úrsula” conta a história de uma jovem de 20 anos que mora em uma comunidade quilombola localizada em Pombal, no Sertão da Paraíba. Úrsula, a protagonista da HQ, narra o seu cotidiano no quilombo São Francisco em contato com os avós, as amigas e os demais habitantes da região, reforçando a troca de conhecimentos sobre a história do povo negro como um elemento fundamental para a construção da sua subjetividade e para a difusão da cultura de origem africana.

“Compreender o nosso passado é importante para compreender o nosso presente”, afirma a personagem em certo momento da narrativa, em uma clara menção ao período de escravidão que marcou profundamente a trajetória dos negros que vieram
da África para o Brasil.

Mais adiante, a revista retrata o dia a dia da personagem na universidade federal em que estuda a partir da perspectiva do racismo estrutural que dificulta o acesso e a permanência de jovens negros no ambiente acadêmico e que é, frequentemente, inviabilizada nesses espaços. Úrsula atua, nesse sentido, como uma defensora dos direitos de negras e negros e como uma agente de conscientização sobre o preconceito racial e as desigualdades existentes na nossa sociedade.

Com essa publicação, o projeto “Vidas invisibilizadas” visa promover diálogos sobre a luta antirracista junto à comunidade escolar do Campus Sousa, mas também junto aos públicos externos à instituição, como é de praxe nas atividades de extensão realizadas pelo IFPB. “É relevante compreendermos as ações de extensão enquanto uma prática que favorece o acesso às trocas entre os atores, tendo como base a educação para transformar as relações pedagógicas dos envolvidos. Esse modelo propicia a socialização entre as partes envolvidas, ou seja, servidores do instituto, discentes e comunidade local oferecendo, portanto, possibilidades de transformações tanto para o
âmbito acadêmico quanto nas condições de vida da sociedade em geral”, explicou Pedro Couto.

O lançamento oficial da HQ “Vidas Invisibilizadas: Úrsula” está previsto para acontecer no começo de julho, com a realização de uma live a ser transmitida pelos canais do IFPB no YouTube. Além do evento virtual, serão impressos 700 exemplares da revista, fruto de uma verba especialmente destinada ao projeto de extensão pelo IFPB Campus Sousa. O professor Pedro Conto revelou que “a HQ foi pensada para favorecer financeiramente os artistas que participaram da feitura dela, pois eles receberam uma quantidade que poderão vender, favorecendo, com isso, os artistas locais e a economia regional da qual o Campus faz parte”.

Além de gerar renda para os profissionais que produziram a revista, a HQ também servirá para divulgar o trabalho desses artistas, razão pela qual também será distribuída gratuitamente em espaços como as bibliotecas do IFPB Campus Sousa, o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) em Sousa e algumas escolas públicas de Sousa, Umarizal, Pombal, Patos, Esperança, Alagoa Grande e João Pessoa, na Paraíba, bem como no município de Luís Gomes, localizado no Rio Grande do Norte.

Pedro Couto revelou ainda que, “após lançamento oficial pelo CCBNB, disponibilizaremos a revista em formato digital, pois o nosso objetivo é que a publicação circule o máximo possível pelo Brasil através das tecnologias de comunicação digital”.

PB Agora com Assessoria

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