Praticamente um ano após o retorno da febre do FaceApp e a hashtag faceappchallenge, um novo aplicativo bombou nas redes sociais no último fim de semana: o Voilá Al Artist, que permite transformar suas selfies em desenhos 3D. Com o app, retornaram também alguns questionamentos sobre a privacidade online e o uso da tecnologia de reconhecimento facial.
Ao analisar os termos de privacidade do Voilá Al Artist, nossos especialistas apontam a cláusula dizendo que as fotos enviadas para o aplicativo passam a ser de propriedade da empresa. É neste ponto que vale a pergunta: quais usos a empresa dará para essas imagens? Um indício positivo é que o app tem seu próprio modelo de monetização – com propagandas e ofertas pagas dentro -, é um indício que o interesse comercial (vendas das fotos coletadas) não seja o objetivo principal.
Por isso, acreditamos que as imagens devem servir para treinar tecnologias de Inteligências Artificiais e de reconhecimento facial – como ocorreu nos últimos anos com o FaceApp. “Desde o surgimento da internet já se falava em colaboração online e o isolamento social nos fez ficar ainda mais conectados. Acredito que este tipo de situação será cada vez mais comum e pode ser feita sem problemas, mas há algumas questões de segurança e privacidade que devem ser levadas em consideração, como a transparência no uso dos dados e a responsabilidade no processamento e armazenamento das informações pessoais”, alerta Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil.
Um risco que as pessoas precisam avaliar é o uso do reconhecimento facial no lugar de senhas (autenticação) – seja no desbloqueio do celular ou ao acessar o Internet Banking. Uma empresa dificilmente usaria as imagens para algo malicioso, como burlar uma autenticação — porém estes bancos de dados de imagens podem ser alvos de ciberataques no futuro. Aqui mora o segundo risco: o processamento e armazenamento de informações pessoais.
“É importante lembrar que esses dados estão armazenados em servidores de terceiros e processados na nuvem. Uma vez que as imagens passam a ser da empresa, é ela que tem a responsabilidade de protegê-las e garantir que cibercriminosos não terão acesso ao banco de dados”, acrescenta o analista.
Sobre o comportamento dos internautas, Assolini afirma que os brasileiros estão cada vez mais preocupados com sua privacidade online. Uma pesquisa da Kaspersky de 2019 apontava que mais de 60% dos internautas no Brasil não lia os termos de privacidade dos apps e nem pensava como os seus dados poderiam ser utilizados.
No entanto, nossa recente pesquisa “Infodemia e os impactos na vida digital” mostra que este número caiu para 22%. “O fato de o brasileiro estar mais consciente com sua privacidade digital é uma ótima notícia e constatar que o excesso de informações não gerou impactos negativos é melhor ainda”, celebra Assolini.
• Antes de baixar um app, verifique quem é o desenvolvedor. Apps falsos normalmente usam nomes de pessoas ou nomes falsos de empresas.
• Sempre baixe o app nas lojas oficiais, pois estes passam por uma checagem que diminui as chances de encontrar programas maliciosos.
• Leia o termo de privacidade e as permissões no processo de instalação para saber quais informações o app terá acesso. Tome uma decisão consciente.
• Encare o reconhecimento facial como uma senha – e não saia utilizando esta opção em todos os lugares.
Via Kaspersky
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