Em uma das salas de uma universidade, vários jovens escutam com atenção as explicações do professor. A lição de uma disciplina da área de Ciências Humanas também permite que os estudantes contribuam com informações sobre o lugar de onde vieram, e o aprendizado agrega toques de diversidade cultural. Esse é o panorama de muitas instituições brasileiras. Com a chegada do Sistema de Seleção Unificada (SiSu), passou a ser ainda mais comum encontrar quem cursa a faculdade longe – às vezes muito longe – de casa. Adotando a pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como método de avaliação dos candidatos, as instituições de ensino têm facilitado o acesso à disputa por vagas.
Já não é preciso fazer longas viagens pelo País em maratonas de vestibular. Agora, um dos primeiros passos na corrida pelo diploma está no computador. Nesta edição, 1.757.399 estudantes se candidataram na disputa por 108 mil vagas em 95 instituições de ensino. Cada participante pode escolher até dois cursos, apontando uma prioridade. Ao total, foram contabilizadas 3,4 milhões de inscrições.
Aos 20 anos, João Miguel Soller cursa o primeiro ano de Medicina na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Antes de conquistar a vaga, realizou as provas em várias faculdades públicas de São Paulo. Não conseguiu boa colocação. Se inscreveu no Sisu em busca de aprovação na UFMS ou na Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (UFCSPA). A boa nota do Enem o permitiu escolher entre as duas. "Optei pelo Mato Grosso do Sul por estar mais perto de casa. Se não fosse o Enem, eu não estaria na faculdade", diz.
Milhares de outros alunos também saíram de suas casas depois da aprovação em universidades de outros estados. Na turma de João, entre os 60 matriculados, 45 são de fora. Ele garante que a mistura dá bons resultados. "Minha formação pessoal só tem a ganhar, porque de uma hora para a outra passamos a conviver com pessoas que tiveram uma realidade diferente, que foram criadas de maneiras diferentes. A diversidade é a marca da minha sala", afirma. Ele divide apartamento próximo à instituição com outros dois alunos também de fora do Estado.
Na UFCSPA, medicina é o curso com o maior percentual de alunos de fora do Rio Grande do Sul – nos três primeiros anos de Sisu, 70% dos matriculados vinham de outros Estados. Neste ano, essa é a situação de 69,3% dos aprovados no sistema, mas o número varia bastante entre os cursos. A média final de estudantes matriculados vindos de outras localidades fica em 15%. "Biomedicina está em segundo lugar, com 30%. Há muitos alunos que entram em outros cursos da saúde esperando abertura de vagas internas para trocar para medicina", explica a reitora Miriam da Costa Oliveira.
A reitora acredita que a presença de alunos vindos de lugares diferentes é um diferencial na formação acadêmica. "Estamos colocando nas universidades alunos de excelência vindos de todas as partes do Brasil. O fato de termos gente de fora enriquece culturalmente o ambiente, mas a principal questão é que estamos mantendo aquilo a que nos propusemos que é, como órgão público federal, oferecer espaço a alunos de todo o Brasil", diz. Miriam lembra que o ponto de corte de medicina é de 728,7 pontos – nota que define como excepcional. Para reforçar a diversidade entre os alunos, a tutoria da universidade (momento em que cinco ou seis professores debatem questões públicas ou polêmicas com os alunos) serve como troca de informações e vivências. "É uma forma de nos aproximarmos dos alunos, e é nessa hora de face a face que aparece o enriquecimento cultural na linguagem, nos hábitos, na convivência. Esse é o positivo das trocas", diz.
Na Universidade Federal do Ceará (UFC), a mais procurada pelos inscritos no sistema, a situação é um pouco diferente. Segundo o coordenador do Sisu na instituição, Miguel Franklin, o histórico de alunos vindos de outros lugares tem sido mantido. A instituição, que ofereceu mais de 4 mil vagas de ingresso para o primeiro semestre de 2012, recebeu 171.915 inscrições. "Nos últimos anos, mantivemos uma média de cerca de 7% de estudantes nessa condição, o que inclusive contraria as nossas expectativas desde que entramos no SiSu", explica. Entre as hipóteses do professor para o baixo número, está o fato de que muitas pessoas se inscrevem, são aprovadas, mas acabam não se matriculando. Para as vagas de 2013, 82% dos aprovados são do Ceará. Entre os 18% de outros Estados, a previsão é de que o número de matriculados seja ainda menor. São Paulo garantiu o segundo maior número de vagas – 2,41%, seguido por Rio Grande do Norte (1,97%), Pará, (1,85%) e Bahia (1,71%).
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