Historicamente as datas comemorativas são sempre emblemáticas. As celebrações são motivos de júbilo, contentamento e reflexão. Um momento propício para rever uma trajetória, festejar as vitórias, os desafios superados e ao mesmo tempo planejar o futuro. Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) o 11 de outubro, que celebra a Estadualização, se reveste de significados por marcar a transição de um modelo de ensino e a chegada de um novo tempo.
Conquistada por meio da Lei nº 4.977, a Estadualização chega aos 36 anos nesta quarta-feira (11), e definitivamente mudou o rumo da UEPB, abrindo um amplo leque para garantir ao povo paraibano, principalmente, aos filhos de trabalhadores de todos os recantos do Estado, o acesso ao ensino público gratuito e de qualidade. Inevitavelmente, esta conquista ficou marcada com muita luta e os esforços inúmeros desbravadores de sonhos, estando entrelaçada com a história de Campina Grande, que nesta mesma data celebra os seus 159 anos de Emancipação Política.
Os laços que unem a Instituição e a cidade, que foram tecidos ao longo do tempo por professores, estudantes e gestores é o conhecimento e o saber que transformam realidades e geram melhoria na qualidade de vida. Desde o seu nascedouro, em 15 de março de 1966, passando pela Estadualização em 1987, o reconhecimento do MEC em 1996, e a conquista da autonomia financeira, por meio da Lei Estadual nº 7.643 de 6 de agosto de 2004, foram fatos que ofereceram uma nova fase na história da Instituição.
No solo fértil da Rainha da Borborema, sob o signo do desenvolvimento e o pensamento de seus visionários, a UEPB ficou as suas bases, expandiu suas raízes e chegou aos lugares mais longínquos da Paraíba. Hoje, 36 anos após ser Estadualizada, a Instituição está presente com a instalação de câmpus universitários nos municípios de Campina, Lagoa Seca, Guarabira, Catolé do Rocha, João Pessoa, Monteiro, Patos e Araruna, além do Polo de Sousa, oferecendo ensino, pesquisa, extensão e serviços gratuitos a população.
Em meio a ventos contrários surgidos ao longo da história, desafios, avanços e modernidades, a UEPB e Campina Grande caminharam juntos e atravessaram momentos de crise com resiliência, perseverança e capacidade de se reinventar. Campina sempre foi uma cidade de vanguarda, enquanto que a UEPB deu passos largos à frente de seu tempo e cravou a marca do pioneirismo em muitos momentos da história, a exemplo da pandemia de covid-19, quando criou de forma inédita o Auxílio Conectividade, que permitiu aos estudantes continuarem sua formação acadêmica de forma remota, e inovadora usando os recursos da tecnologia.
No ano em que celebra os 57 anos de criação e 36 de Estadualização, a UEPB não para de formar bons profissionais e continuar contribuindo para o desenvolvimento da Rainha da Borborema. Basta ver que somente neste semestre, mais 10 mil estudantes filhos de Campina Grande, ou que residem na cidade, estão matriculados no Câmpus da Campina Grande, sendo 2.770 no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS); 693 no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ); 1.821 no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA); 1.867 no Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) e 3.191 no Centro de Educação (CEDUC).
É inegável que boa parte dos professores, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, odontólogos, psicólogos, e outros profissionais que atuam com brilhantismo em Campina Grande e região, são frutos do ensino de excelência oferecido gratuitamente pela UEPB. Neste clima celebrativo, a reitora da Instituição, professora Celia Regina Diniz, destacou o protagonismo econômico da cidade e a contribuição que a UEPB deu para a Rainha da Borborema se tornar uma das cidades reconhecidas nacionalmente.
“Campina Grande possui um protagonismo econômico reconhecido nacionalmente no setor de serviços, com destaque para Educação e Saúde. Muito dessa importância se dá por conta do ensino superior que se consolidou aqui, mais ainda, pelas universidades públicas que atraem milhares de pessoas para estudar e viver na nossa cidade”, destacou.
A reitora também expressou o orgulho da UEPB de contribuir nesse processo de desenvolvimento da cidade, com compromisso e formação de excelência, gerando assim oportunidade a muitos campinenses, principalmente oriundos de famílias carentes, que realizaram o sonho de ver um filho formado, graças à Instituição. “Nós que fazemos parte da comunidade da Universidade Estadual da Paraíba temos orgulho de contribuir de maneira significativa nesse processo. Nosso compromisso com a formação de excelência, como instituição gratuita, torna possível a pessoas de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social e étnico-racial poderem estudar em um ambiente de reconhecido e consolidado ambiente acadêmico”, enfatizou.
Em clima de 36 anos de Estadualização da UEPB e 159 anos de Emancipação Política de Campina Grande, a reitora lembrou que a história da cidade é inspiradora e destacou a capacidade de inovação da Rainha da Borborema. “Para Campina, nossos melhores votos de sucesso. Sua história nos inspira a outros mais 159 anos, pelo menos, nessa sua já conhecida capacidade de inovar e crescer”, desejou a reitora da UEPB.
UEPB e sua marca social
Uma universidade inclusiva, democrática, acolhedora e comprometida com o social. Estas são marcas da UEPB, conforme destacou a vice-reitora, professora Ivonildes Fonseca. A Universidade, segundo ela “vem cumprindo as ações que são direitos sociais dos quais o de promover o acesso ao ensino com qualidade acompanhado de pesquisa e extensão. Um ponto de relevância no desempenho da UEPB é acompanhar as mudanças ocorridas na sociedade, seja com as inovações tecnológicas, seja mitigar ou erradicar problemas sociais”, afirmou.
Com relação aos problemas sociais e históricos, a UEPB, conforme enfatizou Ivonildes Fonseca, trabalha na prevenção e apuração aos assédios moral e sexual no ambiente institucional, além do enfrentamento à violência contra as mulheres. “Visando que haja respeito e reparação de oportunidades para pessoas que estão em estado de discriminação, estigmatização e desigualdade, há a prática da política de cotas para pessoas negras, indígenas, ciganas, trans, pessoa com eficiência e para oriundos de escolas públicas” ressaltou.
Travessia, luta e sonho. Revisitar o ano 1987 e recontar os passos da Estadualização é fazer memória a tantos professores, técnicos administrativos e estudantes que lutaram para a realização do sonho, em meio aos ainda sombrios tempos da ditadura e início da instalação da Assembleia Constituinte. Muitos visionários da época ajudaram a traçar os caminhos da Estadualização, a exemplo do professor José Benjamim, Josibel de Oliveira Lins, Valdir Porfílio, então presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), entre outros, que encabeçaram o movimento que levou o então governador Tarcísio de Miranda Burity a assinar o ato histórico.
Graças a tenacidade dos protagonistas daquele movimento épico, o sonho foi realizado com a estadualização da Universidade Regional do Nordeste (URNe). A Estadualização, celebrada nesta quarta-feira foi um marco e o segundo momento mais importante da Instituição, desde a sua criação em 1966, há 57 anos. No ensino, pesquisa e extensão, nas artes e cultura, a UEPB segue forte aos 36 anos de Estadualização, disseminando conhecimento, formando novos profissionais, avançando na produção científica e desbravando novos horizontes.
A UEPB hoje
Na graduação, a UEPB oferece ensino de qualidade para mais de 18 mil estudantes, em 58 cursos presenciais e seis em educação a distância, nas áreas da Saúde, Ciências Exatas, Tecnologia, Ciências Humanas e Sociais, Educação e recebe cerca de três mil novos discentes por semestre. Praticamente, em todos os 223 municípios da Paraíba há a marca da Instituição, formando profissionais nas diversas áreas do conhecimento, realizando sonhos e impulsionando desenvolvimento, uma vez que mais de 70% dos estudantes são egressos de escola pública, sendo a grande maioria da Paraíba, conforme destacou o pró-reitor de Graduação, professor Eli Brandão.
Patrimônio da Paraíba e funcionando como espécie de mola propulsora no desenvolvimento do Estado, a UEPB, definitivamente faz parte da vida do povo paraibano, com raízes fincadas em cada região paraibana. Inclusão, igualdade racial, dignidade, sustentabilidade, preservação dos recursos nacionais, defesa dos Direitos Humanos, promoção da equidade étnico-racial e justiça social, são marcas da Instituição. Com esse olhar humanitário, a Universidade incorporou um modelo inclusivo ao implantar sua política de reservas de vagas, garantindo o acesso aos cursos de Graduação e Pós-graduação as pessoas indígenas, ciganas, negras, quilombolas, portadoras de deficiências, com vulnerabilidade socioeconômica, transgênero, travestis e transexuais.
Este crescimento é traduzido pelos números. Dentro dos pilares da Pesquisa, Ensino e Extensão, a UEPB avança no tempo com programas cada vez mais consolidados. São mais de 600 projetos de Iniciação Científica em plena execução. A Pós-graduação também está consolidada. São seis de doutorados, 21 de mestrados e 14 cursos de especialização, totalizando 41 cursos.
A Extensão também avançou e aproximou a Universidade da sociedade, levando serviços de qualidade gratuitos à população. Os projetos extensionistas tornaram a UEPB uma Universidade sem muros e sem fronteiras, acessível a todos. Ao todo, a extensão conta com 33 Programas e 456 Projetos. Em média, 993 professores e 1.812 estudantes estão envolvidos nas atividades de extensão.
A exemplo da UEPB, Campina Grande também viveu os seus momentos históricos, que foram decisivos para o seu crescimento, a exemplo da chegada de Teodósio de Oliveira Ledo em 1697 e o consequente aldeamento, a emancipação política em 1864, a saga dos Tropeiros, a conquista da luz elétrica que impulsionou o progresso, a chegada do trem em 2 de outubro de 1907, e o ciclo da cultura e do algodão.
Entre as lutas históricas, conquistas e desafios, UEPB e Campina Grande chegam a mais uma data comemorativa com muitos motivos para celebrar, sendo que na Universidade a missão é continuar gerando conhecimento e formando profissionais éticos, responsáveis e comprometidos com a transformação social.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Codecom