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Astrofísica da PB revela destaques de recente descoberta da NASA no sistema solar

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As descobertas científicas tem revolucionado o mundo. O homem cada vez mais explora territórios insólitos e  inimagináveis. Com ajuda da tecnologia e modernos aparelhos, os cientistas avançam  nas pesquisas e fazem descobertas incríveis. E os resultados dessa busca por respostas sobre a origem do universo, e vida fora da terra, entre outros temas intrigantes,  tem sido  extraordinários.  Impensáveis ha alguns anos.

Fazer parte de algum desses projetos ousados e mergulhar na busca por descobertas que podem impactar na história da humanidade é um sonho. A astrofísica Raissa de Lourdes Freitas Estrela, está inserida nesse universo, e se tornou  a primeira paraibana a ir tão longe e  ultrapassar barreiras geográficas em nome da ciência.

A brasileira, nascida em João Pessoa, é integrante da equipe da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) que fez uma importante descoberta a partir de imagens e informações captadas pelo satélite Hubble.  Morando atualmente na cidade de Pasadena, no estado da Califórnia, Raissa de Lourdes concedeu entrevista exclusiva ao PB Agora por telefone, e falou da emoção de integrar a equipe de seleto cientistas, que entre outros feitos, descobriram o primeiro planeta com o tamanho da Terra em zona ‘habitável’ e com condições similares ao nosso “planeta azul” além do Sistema Solar.  

Raissa falou do valor das descobertas científicas, dos desafios enfrentados pelos jovens cientistas,  criticou a falta de incentivo do governo federal à ciência, e fez uma análise de como tem acompanhado a corrida e a vacinação no planeta para conter a Covid-19.

A astrofísica paraibana contou inicialmente, que está  trabalhando com a equipe que fez uma importante descoberta a partir de imagens e informações captadas pelo Hubble, por quase dois anos e meio. Empolgada com a carreira, ela disse que foi muito gratificante ver que o estudo que ela desenvolveu resultou nessa descoberta muito inovadora de uma atmosfera que está se regenerando em um planeta do mesmo tamanho da Terra.

Pós-doutoranda no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, a paraibana contribuiu de forma efetiva para o êxito da expedição.

“Em particular, eu fiquei bastante contente em ver que parte do meu trabalho do doutorado foi fundamental para levarmos a essa descoberta. Além disso, esse trabalho foi fruto da colaboração de pessoas de várias áreas, como astrofísica, ciências planetárias, química da atmosfera, geofísica e foi muito interessante fazer essa conexão entre campos diversos para tentar explicar um fenômeno. Isso é muito necessário na ciência “ relatou.

A astrofísica Raissa de Lourdes tem vivido um sonho e uma viagem grandiosa por meio da ciência.  Há 31 anos atrás quando a agência americana lançou o telescópio Hubble, um dos mais importantes satélites de captação de imagens no espaço, a aproximadamente 600 km da Terra, ela não havia dado os primeiros passos e como criança, não tinha noção do que lhe estava reservado no futuro.

Ela nunca poderia imaginar que um dia estaria na mesma equipe do  Hubble, satélite essencial, que ajudou a confirmar a hipótese da ciência sobre a existência de buracos negros no coração de galáxias.

Ao PB Agora, Raissa destacou o valor das últimas descobertas científicas, em especial do projeto que ela contribuiu com seus estudos.

O valor científico, conforme destacou a paraibana, é que estudar a atmosfera de planetas fora do sistema solar permite que os cientistas possam ter acesso à várias informações, como a presença de gases que estão relacionados com a vida, como é o caso do oxigênio e do ozônio aqui na Terra.

“Como também, como a atmosfera está conectada com a geologia do planeta, nós podemos entender como esses planetas evoluíram e o quão essa evolução difere ou não daquela dos planetas terrestres (Marte, Vênus e Terra) no nosso Sistema Solar” explicou.

Para ela, “estudar a evolução da atmosfera desses planetas pode nos ajudar a dizer muito sobre a condição atual do planeta, se é muito quente ou não, se tem gases estufas como em Vênus, ou se é propício à habitabilidade”.

O prêmio e o incentivo para novos cientistas

Pelo êxito alcançado em seus estudos, a nordestina e paraibana conquistou recentemente  o prêmio internacional de melhor tese de doutorado em Astronomia no ano de 2020.  Ela ganhou o prêmio da União Astronômica Internacional, entidade de referência na área que existe desde 1919 e conta com membros em 106 países. A premiação foi para sua tese de doutorado, feita no Brasil e nos EUA, que analisa justamente a atmosfera de exoplanetas que não orbitam ao redor do Sol.

Feliz pelo feito, ela disse que o prêmio que ganhou vai dar visibilidade ao seu trabalho e incentivar outros jovens cientistas brasileiros, a avançar nos estudos.

“Eu fiquei bastante contente por ver minha tese de doutorado ganhar o prêmio pois dá visibilidade à pesquisa desenvolvida pelo nosso país. Minha tese de doutorado foi desenvolvida em parte no Brasil e a segunda parte nos EUA. (…) Com colaboração de um grupo o qual eu faço parte na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo” contou.

Como mulher e cientista, ela disse que essa conquista representa esperança e estímulo para continuar a fazer pesquisa diante de tantas dificuldades que enfrentamos para seguir a carreira no Brasil”. E revelou que sempre que via uma mulher astrônoma ganhar um prêmio de relevância internacional, lhe dava esperança e incentivo para um dia conseguir também.

“Nós precisamos de mais jovens na ciência, principalmente as minorias (mulheres, mulheres negras e pessoas LGBTQ+) e de vermos mais jovens sendo reconhecidos por sua pesquisa” observou.

Esforço, sonhos, talento, dedicação, oportunidades e o privilégio de conseguir estudar em um país que investe na ciência explicam o sucesso de Raissa e o brilhantismo de uma carreira que já dura 13 anos. E a ascensão da carreira de Raísa foi fascinante. Cursou Física (Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), quando já sonhava em aprofundar no estudo da astronomia.

A carreira de cientista avançou para um mestrado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, e foi aprofundada com um doutorado, em 2018, onde teve a possibilidade de realizar sua pesquisa na Nasa, onde está até hoje.

Fascinada por astronomia desde a adolescência, Raissa ressalta que apesar de as mulheres estarem cada vez mais inseridas em carreiras científicas, espaço até pouco tempo restrito aos homens, sentiu na pele as provações do machismo a que as pesquisadoras são submetidas.

Aprofundamento em nova pesquisa

Com intensa rotina de estudo e pesquisa, atualmente Raissa Estrela está responsável em analisar dados obtidos por um espectrógrafo, instrumento que lança luz no espaço para detectar a presença de moléculas ou átomos na atmosfera dos exoplanetas. O instrumento está a bordo do Hubble.

Empolgada com o projeto, ela conta que para obter os dados, os cientistas tem que esperar o momento em que o planeta passa em frente à sua estrela-mãe em torno da qual orbitam.

“Quando isso acontece, parte da luz emitida pela estrela irá passar pela atmosfera do planeta e será absorvida por moléculas ou átomos em certos comprimentos de onda, e por fim, a luz chegará ao telescópio espacial. É como uma ‘impressão digital'”, explica Raissa.

A ciência na corrida pela vacina

Há pouco mais de um ano e meio, o mundo aguardava com muita expectiva a chegada da vacina contra a Covid-19.  As pesquisas avançaram e hoje vacinas produzidas de diversos laboratórios, a exemplo do CoronaVac, AstraZeneca, Sputnik V, Pfizer, e Janssen, já estão sendo aplicadas na população mundial.

A jovem cientista brasileira, revelou na entrevista ao PB Agora, que a corrida das vacinas contra o covid-19 mostrou como a ciência é capaz de se mover mais rápido do que se pensava, quando se tem investimento. O que levavam anos para ter uma vacina certificada segura, levou apenas 1 ano para a vacina do covid-19.

“Nós vemos vários países que desenvolveram suas próprias vacinas , incluindo o Brasil, que vem desenvolvendo vacina no Instituto Butantan, além de várias universidades federais que desenvolvem estudos sobre o covid-19. Mas a corrida da ciência tem que estar atrelada à políticas públicas que cooperem e acreditem na ciência” destacou a cientista que já foi vacinada com as duas doses do imunizante, mas continua trabalhando no formato remoto.

Corte de verbas para a ciência

Raíssa de Lourdes Estrela foi direta, dura e crítica com a política do governo federal em relação ao incentivo à produção científica.  O investimento em ciência no Brasil, conforme apontou a cientista, recua cada vez mais.  Ela enfatizou que hoje temos um governo no Brasil que “cortou verbas para as universidades federais, os maiores centros de formação de cientistas, e onde a maior parte da pesquisa é feita.”

Ela observou que, enquanto o mundo avança no investimento em ciência, como aponta o relatório da Unesco, o Brasil segue o caminho contrário.
“Nos últimos anos vemos essa queda se acentuar, com um orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, e Inovação (MCTI) que é 34% menor em 2021 comparado a 2020. O que é interessante é que mesmo com um investimento inferior, a produção científica brasileira ainda se destaca à nível internacional” lamentou.
Para Raíssa, o avanço da produção científica brasileira, mesmo sem apoio do governo federal,  mostra que o País tem muito potencial, “mas precisa  de uma política que acredite na ciência e que veja a ciência como uma forma de gerar desenvolvimento e riquezas”.

Saudade de João Pessoa

Em terras distantes, Raissa não esquece de sua origem e disse que tem muita saudade de João Pessoa, considerada por ela, “um paraíso único”. “Eu vou às praias aqui na Califórnia, que tem também suas belezas, mas falta o clima tropical, o oceano Atlântico quentinho, os coqueiros, e daí bate a saudade de João Pessoa. Eu espero que a situação dos vistos e das fronteiras Brasil-EUA melhore para que eu consiga visitar minha família em João Pessoa.

Mesmo com a saudade, Raissa vai permanecer longe, e pretende com seus estudos contribuir para o avanço de descobertas fascinantes e que podem  impactar na vida e  na história do planeta.

Severino Lopes
PB Agora

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Redação

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