Atletas paraolímpicos, autoridades e a comitiva holandesa paraolímpica debateram, na segunda-feira, no Rio de Janeiro, a inclusão dos deficientes através do esporte. O seminário Rio & Holanda foi dividido em painéis e temas incluindo o papel do governo no desenvolvimento de políticas inclusivas, não discriminatórias e a criação de condições e ambiente, além da visão geral de pessoas com deficiência na sociedade no Brasil e na Holanda.
No primeiro painel estavam Georgette Vidor (Secretaria Municipal da Pessoa com deficiência), Laudemar Aguiar (Relações Internacionais da Prefeitura do Rio), representantes da secretaria de Esporte e Lazer e Educação da Prefeitura do Rio e Cônsul-Geral da Holanda, Arjen Hiterlinde.
– Estamos entre os melhores países do mundo em esporte paralímpico de alto rendimento. Agora, nosso desafio é ampliar para outras camadas sociais. Dessa forma, criaremos atletas paralímpicos e, além disso, cidadãos mais preparados, aproveitando o paradesporto como transformador social. Para isso, na minha opinião, o caminho é todas as esferas trabalharem de maneira cada vez mais integrada como política de Estado e não só como política de governo – ressalta Georgette Vidor.
No segundo painel o tema foi a visão geral de pessoas com deficiência na sociedade no Brasil e na Holanda, o papel do esporte neste contexto. Participaram Erivaldo Chagas do Comitê Paraolímpico Brasileiro, novamente Georgette Vidor e Marije Baart De La Faille da Universidade de Amsterdam.
– A reabilitação é importante para o deficiente, com o tempo só se faz uma manutenção. Para manter a saúde é de extrema importância, e para todos, praticar esporte. Tem que fazer parte da rotina de todos. No Brasil 75% da população não faz qualquer atividade física semanalmente – afirma Georgette Vidor.
– O esporte ajuda a melhora a qualidade de vida do portador de deficiência e o ajuda na superação. E praticar com a coletividade e ser incluído com os demais são importante para o seu desenvolvimento social – conclui.
Marije Baart apresentou como está sendo feito o trabalho com deficiente na Europa e principalmente na Holanda.
– Há um programa chamado Special Heroes (Heróis Especiais) onde damos apoio, levamos o deficiente aos clubes ou escolas de esporte, incluímos eles nas práticas com os demais e damos a assistência para todos – conta Marije.
No terceiro momento se apresentou uma visão mais específica na integração das pessoas com deficiência no esporte, na educação e na performance. André Cats do Comitê Paraolímpico Holandês e Cees Vervoorn da Univesidade de Amsterdam apresentaram ações feitas na Holanda e também sobre os atletas holandeses.
– Este encontro é de suma importância para nós, o Rio de Janeiro está com ótima estrutura para as Paraolímpiadas de 2016 – comentou Cats.
Cees Vervoorm apresentou a estrutura dos centros esportivos na Holanda e como fazem a coordenação dos treinos para a preparação dos atletas Paraolímpicos e disse:”o foco é nosso sucesso, é o dever da sociedade. Os atletas Paraolímpicos começam mais tarde nos esportes e terminam suas carreiras mais tarde”.
No quarto painel foi a vez dos atletas contarem suas experiências. Pelo Brasil, Roseane Ferreira dos Santos, a Rosinha, contou sua história de superação, desde sua origem humilde em Pernambuco, seu acidente e até se tornar uma recordista mundial de arremesso de disco. Rosinha hoje mora no Rio de Janeiro e faz parte do Time Rio, uma iniciativa da Prefeitura da cidade maravilhosa.
– Meu sonho era realmente fazer acontecer. O atleta não tem que pensar só nele. Eu não tinha nada, nem pra comer. Um dia disseram que poderia ser atleta. Respondi como serei com uma perna só? Levaram-me a um centro com outros deficientes e percebi o tempo que perdi isolada em casa. No meu teste já disseram que seria recordista mundial, e aqui estou hoje – relata emocionada Rosinha.
Esther Vergeer foi medalhista de tênis sobre rodas pela Holanda. Ficou deficiente aos oito anos devido a um erro médio. Hoje possui uma fundação com seu nome que oferece a oportunidade do esporte a crianças com deficiência.
– Não participo mais de competições, mas estarei no Rio 2016 para dar apoio e ajudar aos atletas. Eu acreditei no meu potencial como esportista e me tornei a número um desta modalidade no mundo. O esporte pode me incluir na sociedade e amadureci. A minhas pernas não funcionam, mas a minha mente não para. Há 10 anos tenho a minha fundação e procuro crianças com deficiência para incluí-las no esporte e fazerem parte da sociedade – conclui a medalhista mundial.
Correio do Brasil