Como na estreia da Copa América, o Brasil não apresentou um bom futebol, ontem, contra a Colômbia, no Estádio Monumental, em Santiago. Desta vez, a má atuação foi acompanhada de derrota por 1 a 0 para a Colômbia.
Foi o primeiro revés desde que Dunga reassumiu o comando da seleção, que vinha de 11 vitórias em sequência. Desde 1991, os colombianos não venciam a seleção. Para piorar, Neymar, muito nervoso, não esteve em noite inspirada, recebeu cartão vermelho e não entrará em campo contra a Venezuela, domingo, dia em que será decidido o futuro brasileiro na competição. De acordo com a Conmebol, ele já está suspenso por dois jogos, um pelo amarelo e outro pela expulsão. Mas ainda corre o risco de ficar fora mais uma partida, pois vai ser julgado nesta quinta, às 11h.
Na confusão ao fim fim do jogo, Neymar chutou a bola em Armero, tentou agredir Murillo (que tentava acalmá-lo) com a cabeça e foi empurrado pelas costas por Bacca. O brasileiro e seu agressor foram expulsos.
— Só fico puto com os árbitros que não apitam direito. Tem sempre que usar as regras contra mim — afirmou Neymar após o jogo. — Não tem jogador invencível. Alguma hora tinha que perder. Perdi hoje. Confio nos meus companheiros para que vençam a próxima (Venezuela no domingo).
Se o Brasil x Colômbia demarcava uma nova era, em que um rival historicamente acostumado a perder passou a acreditar em suas chances e a apostar em jogadores badalados, o mundo viu uma histórica inversão de valores diante de seus olhos no primeiro tempo. Era brasileira a aposta por um forte bloqueio à frente da área. O futebol brasileiro anda louco por um contra-ataque. Corria o minuto final antes do intervalo quando Daniel Alves, num contragolpe, arrancou e cruzou para Neymar cabecear e Ospina fazer sua única intervenção. Única.
Controle do jogo, domínio da bola, jamais. O calcanhar de aquiles nacional reside também na ideia de jogo que predomina. Ao apostar nas estocadas, o Brasil chegava sempre com pouca gente ao campo rival. Era inofensivo, sem profundidade.
E é preciso falar sobre Neymar. Ao menos, sobre a versão de Neymar vista no primeiro tempo. Todo craque tem direito ao seu dia ruim. Mas, em geral, os dias ruins de Neymar têm mais a ver com atitude do que com jornadas de infelicidade técnica. Parte importante da imprecisão da seleção quando coordenava ataques passava pelo seu melhor jogador. Ora Neymar retinha demais a bola, ora tentava inventar um desnecessário drible com grau de dificuldade além da conta. E, quase sempre, mostrava irritação, reclamava com o árbitro, deu uma entrada dura num rival e um chillique ao ter a infração marcada.
No lance em que quase fez o gol, a bola resvalou em sua mão no rebote. O juiz considerou que foi proposital e ele recebeu o cartão amarelo. Como já havia sido punido na estreia, ele está fora do jogo com a Venezuela. Infantilidade que já era hora de superar. No lance seguinte, fez falta em Sánchez e, irritado, deu um soco na bola. Por pouco não recebeu o cartão vermelho.
O tal bloqueio do Brasil lhe permitiu ser seguro por 30 minutos ou um pouco mais. Mas a Colômbia passou a acredita. E o mundo viu que era colombiana a predileção pela elaboração, pela construção de jogadas. Não havia um bombardeio, é verdade. Mas bola que ronda o gol, acaba entrando. E Murillo marcou numa sobra, aos 36. O Brasil perdeu qualquer senso de organização. Não marcou, não construiu. E foi trocando passes, à brasileira, que Teo Gutierrez tocou para Cuadrado chutar perto do gol.
Globo.com
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