De um lado, o Brasília. Time que iniciou a temporada de forma avassaladora, derrubando adversários um a um. Depois de se manter invicto por 13 rodadas, perdeu para o Joinville no fim do turno, tropeçou outras quatro vezes, mas a turbulência só viria com a derrota para o Saldanha da Gama, então lanterna do NBB. O momento ruim acabou servindo para impulsionar o grupo. Do outro lado, o Flamengo. A equipe a ser batida, que começou o campeonato sob a ameaça de greve. Com salários atrasados e problemas de lesões, o grupo fazia a sua parte, mas já via as forças minarem. A situação só começou a clarear após as eleições na Gávea. O time fez então valer a sua condição de atual campeão e assegurou a segunda melhor campanha. As trajetórias equilibradas terão um fim neste domingo, quando apenas um poderá erguer o troféu. O confronto decisivo será às 10h, no ginásio Newton de Faria, em Anápolis, com transmissão do SporTV.
– Vai ser um duelo de gigantes. A pegada dentro da quadra está forte, mas os jogadores estão atuando com lealdade. O sono na véspera não é tranquilo porque o jogo fica passando pela cabeça. Eu não conto carneirinhos, conto Marcelinho, Duda… O Flamengo é um belo time – brinca o técnico do Brasília, Lula Ferreira.
Mas o sorriso logo deixa o seu rosto. A atuação no jogo 4, quando o Brasília teve a chance de fechar a série e acabou derrotado por 20 pontos, não deixou o treinador satisfeito. O adiamento do julgamento dos seis jogadores rubro-negros envolvidos na confusão da terceira partida, no Distrito Federal, também não.
– Só Papai Noel acreditava que ia ter julgamento. Os recursos jurídicos permitem esse tipo de manobra, mas não se faz justiça. Não quero usar isso como muleta para nada. Quero jogar o jogo. Com relação à partida anterior nós já viramos a página. O problema não foi a derrota, mas o jeito como ela se deu. O Flamengo subiu um tom e nós descemos dois. Fizemos uma reunião porque o pessoal estava meio borocoxô. No ano passado o quinto jogo foi decidido no último minuto. A tendência é que seja igual. É preciso estar ligado para ganhar.
O técnico Paulo Chupeta também espera por equilíbrio no último capítulo da disputa. Atenta que a partida deverá ser definida nos detalhes e que será preciso escolher bem as bolas. Considera este como o "jogo do ano" para coroar um trabalho durante uma temporada complicada para o grupo.
– Foi um ano de muitas dúvidas, de uma trajetória marcada por momentos delicados e de muita superação. Tive sempre que buscar uma palavra de incentivo para eles, que abdicaram de muita coisa para chegar até aqui. Estou aliviado com a decisão sobre o julgamento. Confiava muito nas pessoas sérias da Liga. Foi bom para o Flamengo e foi bom para o basquete – disse o treinador, que poderá contar com Coloneze no banco de reservas. Uma fratura no quarto metacarpo da mão direita, sofrida durante um treino na véspera do segundo jogo contra o Franca na semifinal, tirou o jogador de quadra por quatro semanas.
Na terceira decisão seguida, o treinador tenta controlar a ansiedade. A vitória no jogo 4, conseguida com sua principal estrela, Marcelinho, no banco de reservas, ajudou a diminuir parte dela. Para Chupeta, o time ganhou moral no momento certo.
Minha equipe é muito forte e ninguém esperava que Marcelinho fosse cometer três faltas logo no início. Os garotos estavam focados e conseguiram aquele resultado espetacular. Agora o problema está com o lado de lá. Eu vou me concentrar muito, porque não é fácil trabalhar no Flamengo. É preciso matar dois leões por jogo porque você está à frente do time da nação. Acabo não dormindo direito, pensando em como tirar a bola do Alex, em como não deixar o Valtinho armar jogadas ou o Estevam pegar rebotes. Mas vou fazer minhas orações – contou.
G1