Sorte do time que tem jogadores decisivos no plantel. Sorte do Cruzeiro. Neste sábado, a equipe de Adilson Batista enfrentou muitas dificuldades contra o América de Teófilo Otoni, no Mineirão, mas contou com o talento de Roger e Kléber para derrotar o adversário por 2 a 1, de virada, pela décima rodada do Campeonato Mineiro. Chrys fez o gol dos visitantes. O resultado confirma a liderança celeste, com 24 pontos. O América está em nono, com seis.
Foram duas versões da Raposa em campo. No primeiro tempo, irreconhecível, apática e preguiçosa. Depois do intervalo, não apresentou um futebol brilhante, mas com boa vontade assegurou mais três pontos que podem dar a condição de líder da primeira fase com uma rodada de antecedência. Significa que terá vantagens de decidir em casa e jogar por resultados iguais na etapa eliminatória do Estadual. Para isso, torce por tropeços de Ipatinga e Democrata-GV.
No próximo domingo, o Cruzeiro visita o Democrata de Governador Valadares. Antes, porém, tem jogo da Libertadores. Na quarta-feira, o adversário será o Deportivo Italia, da Venezuela, no Mineirão. O América também joga fora de casa, contra o Caldense.
Que Cruzeiro é esse?
Sobrou espaço. Preguiça também. Os 20 minutos iniciais do primeiro confronto da história entre Cruzeiro e América de Teófilo Otoni foram de dar sono. Apesar de ter liberdade para criar, o time de Adilson Batista se mostrou preso, produziu pouco e irritou muito o torcedor. Duas boas chegadas ao ataque, no primeiro minuto, deram uma falsa impressão da postura celeste. O volante Marquinhos Paraná e o zagueiro Leonardo Silva ficaram na cara do gol e falharam.
Mesmo com o time praticamente completo (só Thiago Ribeiro foi poupado), o Cruzeiro se saiu muito mal. Irreconhecível. No meio, Gilberto, recuperado de lesão, voltou e pouco apareceu. Kléber trombou com os zagueiros do América um punhado de vezes e mais nada. Com Wellington Paulista não foi diferente. Na laterais, Jonathan e Diego Renan praticamente não subiram. Adilson Batista se queixou de tanta inoperância do banco de reservas.
Menos afobado, o América se permitiu avançar. Ousou um pouco mais e imprimiu velocidade nos contra-ataques. A Raposa aceitou e pagou por isso. Aos 26, numa investida rápida, os visitantes surpreenderam. O atacante Chrys, filho do ex-atacante Aílton, que defendeu Flamengo, Fluminense e Grêmio, avançou com liberdade até a grande área celeste, recebeu ótimo lançamento e bateu no canto esquerdo de Fábio. O gol só fez aumentar a insatisfação dos cruzeirenses: 1 a 0.
Erros de passe, falta de concentração e disposição abaixo da média sobraram ao Cruzeiro. Mesmo atrás no placar. Com exceção de um lance, aos 38, a apatia predominou. Gilberto foi lançado na entrada da área por Jonathan, superou três zagueiros na velocidade, mas bateu nas pernas do goleiro Fábio Noronha. O América até se aproximou do segundo gol, mas a derrota parcial por placar mínimo foi o bastante para que os celestes fossem ao intervalo sob vaias.
Talento individual conta muito
Não dá para saber o tamanho da bronca, se é que houve uma. Mas Adilson Batista tomou providências no vestiário para despertar o time dele. A Raposa voltou ligada para o segundo tempo, com boa vontade. Nos dois primeiros minutos, Gilberto e Wellington Paulista pararam no goleiro Fábio Noronha. O meia recebeu cruzamento de Jonathan da direita e cabeceou no cantinho, mas o camisa 1 foi buscar. Logo depois, o atacante recebeu na área, girou e bateu de esquerda. Noronha estava atento.
Apesar da pressão, Adilson decidiu renovar o fôlego. Aos dez minutos, Roger substituiu Gilberto, e Guerrón, recuperado de lesão, entrou na vaga do lateral-esquerdo Diego Renan. Com três atacantes, o abafa só aumentou, e as alterações deram mais vigor ao setor ofensivo do Cruzeiro. Aos 14, Roger recebeu na entrada da área, se livrou da marcação com um drible de esquerda e bateu com a direita. Chute rasteiro e forte: 1 a 1. O meia comemorou ao lado da mascote Raposão, que desta vez se preveniu para não perder a cabeça da fantasia, como ocorreu no clássico contra o Atlético-MG, no mês passado. Roger ficaria só mais dez minutos em campo. Logo após o gol, ele torceu o tornozelo esquerdo, voltou, mas não conseguiu suportar as dores. Pedro Ken o substituiu.
O time melhorou como um todo. Kléber começou a aparecer, especialmente pela ponta esquerda. Saiu da área para tentar tabelar com Wellington Paulista e imprimiu velocidade. Incomodou a zaga adversária até conseguir aprontar. Aos 36, buscou jogo mais uma vez, só que preferiu chutar. A bomba de esquerda entrou no ângulo de Fábio Noronha: 2 a 1. Sem força, o América não conseguiu oferecer perigo nos últimos minutos. No fim, o talento pesou.
Oito jogadores do Cruzeiro receberam cartão amarelo na partida: Kléber, Fabinho, Diego Renan, Leonardo Silva, Marquinhos Paraná, Henrique, Pedro Ken e Thiago Heleno. Com exceção de Thiago Heleno, todos estão suspensos para a próxima rodada e entrarão na fase seguinte zerados.
G1