Escalado de maneira inesperada pelo técnico Mano Menezes no lugar de Fred, o atacante Pedro Rocha foi protagonista do clássico desta quinta-feira, no Mineirão, pela partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Ele marcou o primeiro gol do Cruzeiro, em belo chute de fora da área, e deu assistência a Thiago Neves no segundo, após roubar bola no meio-campo e deixar os defensores do Atlético para trás. A goleada celeste por 3 a 0 foi definida no segundo tempo, em finalização de Robinho.
O triunfo elástico serviu para lavar a alma dos milhares de cruzeirenses, que, durante o período de paralisação para a Copa América, acompanharam as denúncias de irregularidades praticadas por integrantes da diretorias e as consequentes investigações da Polícia Civil e do Ministério Público na administração do clube. Em campo também houve alívio, pois a equipe acumulava nove jogos sem vitória na temporada (quatro empates e cinco derrotas.
O reencontro entre Cruzeiro e Atlético acontecerá na próxima quarta-feira, às 19h15, no Independência. Para avançar no tempo normal, o alvinegro precisa ganhar por quatro gols de vantagem. Se vencer por três de diferença, levará a decisão aos pênaltis. Já a Raposa pode perder por até dois gols. Lembrando que na Copa do Brasil não existe mais a regra do gol qualificado como visitante.
Antes, as duas equipes jogam pelo Campeonato Brasileiro. Em 18º lugar na classificação, com oito pontos em nove rodadas, o Cruzeiro receberá o Botafogo no domingo, às 16h, no Mineirão. O Atlético, que está em quinto, com 16 pontos, visitará a Chapecoense, às 19h de domingo, na Arena Condá, em Chapecó.
As comissões técnicas adotaram táticas distintas em suas preparações ao longo da semana. No Atlético, Rodrigo Santana comandou alguns treinos abertos para a imprensa e não fez mistério na escalação. Por sua vez, Mano Menezes, como de praxe, permitiu que os jornalistas acompanhassem no máximo o aquecimento no Cruzeiro. E nas atividades fechadas, decidiu fazer uma mudança surpreendente: tirou Fred, artilheiro do time em 2019, com 16 gols, e colocou Pedro Rocha, que já havia atuado como centroavante enquanto atleta do Grêmio, em 2017.
Nos primeiros minutos, o Atlético adiantou sua marcação com o intuito de forçar erros na saída de bola do Cruzeiro. Aos 3min, Luan encontrou espaço para bater a gol próximo à meia-lua, mas o chute foi fraco, ao centro da meta, facilitando a defesa de Fábio. Nos lances seguintes, o Galo teve oportunidade em cobranças de falta e escanteio, porém a defesa celeste se mostrou atenta e bem posicionada para afastar o perigo.
Somente a partir dos dez minutos é que o Cruzeiro começou a ser mais incisivo no ataque. E aos 12min, Pedro Rocha, escalado por Mano no lugar Fred, protagonizou um lindo lance no Mineirão. Ele recebeu passe de Henrique, deu belo drible em Elias e soltou a bomba de pé esquerdo, no ângulo de Victor: 1 a 0.
Pedro Rocha estava disposto a dar razão a Mano Menezes pela escolha. Aos 25min, ele se aproveitou de toque errado de Réver para Zé Welison, roubou a bola ainda no meio-campo e partiu em velocidade. Ninguém do Atlético o alcançou. Ao entrar na grande área, o camisa 32 driblou Victor e só rolou para Thiago Neves ampliar o placar: 2 a 0. Na comemoração, o meia do Cruzeiro “lustrou” as chuteiras do atacante em tom de agradecimento.
Abatido com a falha, o Atlético mostrou lentidão na transição do campo de defesa para o ataque e não conseguiu explorar a velocidade de Chará e a habilidade de Cazares. Por vezes, o setor de armação tentava forçar o passe ou o lançamento e facilitava o trabalho da defesa rival. Já o Cruzeiro desperdiçou ótima chance de contragolpe aos 40min, quando Victor errou a bola longa e deu de presente para Thiago Neves. O camisa 10 poderia ter tocado para Robinho, mas tentou finalizar do meio-campo e falhou por muito.
No intervalo do clássico, Pedro Rocha comemorou o sucesso da alteração feita por Mano Menezes. “Ele queria mobilidade e um pouco mais de velocidade na frente. Ele optou por mim, para jogar mais centralizado. Acredito que a estratégia está dando certo”, afirmou, ao SporTV.
Já Zé Welison lamentou o equívoco na saída de bola na jogada do segundo gol da Raposa. “Um lance que a gente vem treinando, aconteceu um erro. A bola veio distante de mim. A gente tem que melhorar isso aí para não dar oportunidades à equipe adversária. A gente sabe que é uma equipe forte, qualificada”.
Satisfeito com a atuação do Cruzeiro, Mano Menezes manteve a formação para o segundo tempo, ao passo que Rodrigo Santana chamou o meia Rómulo Otero, notabilizado pela potência no chute de pé direito, e substituiu Luan.
A entrada de Otero pouco acrescentou ao Galo, que, além da falta de inspiração para atacar, continuou a errar em seu próprio campo. Num desses lances, aos 9min, Elias perdeu para Marquinhos Gabriel, e a bola sobrou aos pés de Robinho. No primeiro chute, a redonda carimbou em Réver, mas Victor já havia caído para o lado direito. No rebote, o meia cruzeirense ajeitou no peito e finalizou com a meta praticamente vazia: 3 a 0.
Confortável no placar, o Cruzeiro administrou o resultado e ainda teve algumas oportunidades de encaixar contragolpes. Em dado momento, o técnico Mano Menezes se virou para as arquibancadas e fez um sinal pedindo “calma” à torcida, que ensaiava os primeiros gritos de “olé”. Os cruzeirenses entenderam o recado e passaram a entoar exclusivamente cantos de apoio, sem menosprezar o adversário. Já o Atlético não teve poder de reação para diminuir o prejuízo. Os melhores momentos do time foram dois escanteios fechados de Otero, ambos defendidos por Fábio.
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