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Desempregado, Leão detona nível técnico do Brasileirão

Ex-goleiro de grandes clubes do país e integrante da seleção brasileira tricampeã mundial no México em 1970, Emerson Leão trocou o papel de símbolo sexual da época em que jogava (chegou a posar de cuecas para um comercial) pelo de disciplinador como treinador.

Colheu frutos e colecionou títulos na função, como os Brasileiros de 1987 (Sport) e 2002 (Santos), ou o Paulistão de 2005 (São Paulo). Mas está em uma fase pouco inspirada atualmente.

Demitido do Goiás, um dos candidatos a cair para a Série B ao final do campeonato, Leão é um dos nomes de peso disponíveis no mercado, mas não parece habitar os sonhos dos dirigentes de Santos e São Paulo, atualmente comandados por treinadores interinos.

Em entrevista para o R7, o ex-goleiro rugiu alto e, logo de cara, descartou voltar à Vila Belmiro, local por onde passou em três oportunidades (1998, 2002 e 2008).

– Não aceitaria voltar a treinar o Santos pelo modo como saí de lá na última vez.

O rancor com o Santos só não é maior do que a bronca com o técnico Vanderlei Luxemburgo. Ao analisar o nível técnico dos times do Brasileirão, Leão apontou Corinthians e Fluminense como favoritos à taça, não pela supremacia dos dois times, mas pela incompetência dos rivais. Quando citou o Atlético-MG, elogiou o nível dos reforços contratados, mas não se referiu a Luxemburgo, que treinou o Galo até a chegada de Dorival Júnior, que deixou o Santos.

– Sobre isso eu sou suspeito, pois não gosto dele, não tenho relacionamento e, portanto, não devo falar.

O treinador ainda comparou a atual geração de “Meninos da Vila” com a que comandou no início da década e comentou as dificuldades por que passam dois outros clubes por onde passou: São Paulo e Palmeiras.

Leia a íntegra da entrevista com o polêmico ex-goleiro a seguir:

R7 – Como você vê o nível técnico do Campeonato Brasileiro? A disputa está mesmo restrita a Corinthians e Fluminense ou outros times podem surpreender?

Emerson Leão – Eu acho o seguinte. Está havendo uma disputa do campeonato entre eles, mas não por uma superação ou supremacia desses dois, e sim pela deficiência de todos, quase. O nível técnico está muito baixo.

R7 – Por que o senhor o senhor acha que isso está acontecendo?

Leão – Este ano, talvez, seja o ano em que os clubes estão lutando com maior dificuldade financeira. O Brasil vendeu menos atletas e, por isso, os times estão sofrendo mais. O campeonato começou com o aparecimento de Vitória, Ceará, [Grêmio] Prudente, tudo festivo. Hoje, a realidade se tornou outra, pois as equipes que têm mais dinheiro e elenco levam vantagem.

R7 – O Atlético-MG tem dinheiro, mas está lá embaixo…

Leão – O Atlético-MG é uma exceção, pois gastou rios de dinheiro, contratou mais de 20, 25 pessoas e não consegue entrosar. Em termos de estrutura, lá tem tudo, tanto que foi considerado o melhor CT do país em um estudo recente.

R7 – E ainda tinha um técnico de ponta, o Vanderlei Luxemburgo…

Leão – Sobre isso eu sou suspeito, pois não gosto dele, não tenho relacionamento e, portanto, não devo falar.

R7 – O que dá para falar sobre dois times por onde o senhor passou com bom destaque: Palmeiras e São Paulo?

Leão – Esses clubes, primeiro, precisam recuperar a credibilidade. Os torcedores estão desconfiados. A média de público é baixíssima. Isso não é normal. O Palmeiras e o São Paulo não fazem parte de uma exceção, mas de uma elite. Têm grandes jogadores, grandes treinadores, tudo para dar certo, mas há algum tempo não vêm dando. Não gosto de falar, pois tenho amizade com todo mundo, mas vocês acompanham o dia a dia…

R7 – E sobre o Santos, qual sua opinião? Essa geração de “Meninos da Vila” é superior à que você comandou em 2002?

Leão – São gerações completamente diferentes. Aquela era uma geração formada por um time todo, praticamente. Quase todos começaram juntos, fizeram sucesso juntos e foram vendidos juntos. Deixaram títulos importantes. Aprenderam, provaram e deixaram saudades. Agora está bem diferente.

R7 – Estão acontecendo alguns problemas de indisciplina, que acabaram até causando a demissão do Dorival Júnior. O senhor aceitaria voltar ao Santos, que ainda está sem técnico? O que achou da saída do Dorival?

Leão – Não aceitaria voltar a treinar o Santos pelo modo como saí de lá na última vez. [Foi agredido por torcedores e teve o carro danificado quando foi à Vila Belmiro acertar sua rescisão, em 2008]. Sobre o Dorival, só posso dizer que o conheço e sei de sua ética no trabalho.

R7 – Fale um pouco sobre seu último time, o Goiás.

Leão – Quando cheguei, a primeira coisa que falaram foi que venderiam o Fernandão [hoje no São Paulo]. A segunda foi que vim na hora errada. Minha vontade era falar tchau e voltar na hora certa [risos].

R7 – Os problemas políticos, que culminaram com o afastamento do presidente (Syd de Oliveira), influenciaram na má campanha do time sob seu comando?

Leão – Claro que influenciaram. Colocaram o presidente e depois brigaram. Isso vem acontecendo há alguns mandatos. Deixam o dirigente em uma ilha, até que ele renunciou. Isso afeta tudo, sem contar que estavam com três meses de salários atrasados. É um clube que tem uma estrutura maravilhosa, com mão de obra, máquinas e locais adequados para treinamentos, mas nem na final do Regional deste ano conseguiu chegar.

R7

 

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