Se topar proposta do Palmeiras, Felipão vai sofrer pressão
A diretoria do Palmeiras promete esperar até esta sexta-feira (28) por uma resposta do técnico Luiz Felipe Scolari, que nesta quinta-feira (27) deixou formalmente o Bunyodkor, do Uzbequistão. Se aceitar voltar ao Palestra Itália, o consagrado treinador encontrará um Palmeiras muito diferente daquele que conheceu há 13 anos, quando foi contratado pela primeira vez.
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Naquela época, o Palmeiras contava com o dinheiro da Parmalat, com quem montou uma parceria pioneira em 1992, e vinha de uma sequência de títulos: três títulos paulistas (1993, 1994 e 1996), dois brasileiros (1993 e 1994) e um Rio-São Paulo (1995).
Quando ele chegou, em junho de 1997, o time tinha acabado de encerrar uma campanha ruim no Paulistão: terminou em quarto lugar e foi goleado por todos os rivais – levou 5 a 2 do Corinthians, 4 a 1 do São Paulo e 4 a 0 do Santos num intervalo de pouco mais de um mês. Aquilo, no entanto, era um ano de exceção, tanto que, no primeiro semestre com Felipão, o clube já chegou ao vice-campeonato brasileiro, batido pelo Vasco na final.
Hoje, a torcida encara uma sequência de fiascos e uma década praticamente sem títulos relevantes – desde a saída de Felipão, em julho de 2000, o Palmeiras ganhou apenas a Copa dos Campeões do mesmo ano, sob o comando de Murtosa, auxiliar do técnico; a Série B de 2003, com Jair Picerni; e o Paulista de 2008, treinado por Vanderlei Luxemburgo. No ano passado, com Muricy Ramalho, o time liderou metade do Brasileiro, mas caiu de rendimento na reta final e acabou apenas em quinto lugar.
O elenco de 1997 também era mais forte que o atual, com nomes como o zagueiro Cléber e o atacante Viola, ambos com passagem pela seleção brasileira. E logo que Felipão chegou o time se reforçou com reforços indicados por ele, como o meia Alex e o atacante Oseas, além de trazer de volta o meia Zinho, que estava no Japão.
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Desta vez, a diretoria promete contratar ídolos como o meia Valdivia e o atacante Kleber, mas a realidade é desanimadora, já que o clube vem atrasando direitos de imagem (parte do salário) de vários atletas, como revelou o meia Lincoln recentemente.
Um outro Felipão
A maneira como Luiz Felipe Scolari é visto pela torcida do Palmeiras também mudou. Ele chegou sob reservas da torcida: seu principal trabalho até então havia sido no Grêmio, onde ele levou a melhor em vários confrontos contra o Palmeiras – os que ficaram mais marcados foram nas quartas de final da Libertadores de 1995 e na mesma fase do Brasileiro de 1996.
A desconfiança, no entanto, logo virou idolatria: com Felipão no banco, o time venceu a Copa do Brasil e a Copa Mercosul em 1998 e a Libertadores no ano seguinte, mas perdeu o Mundial Interclubes para o Manchester United. Em 2000, a dor pela derrota para o Boca Juniors, na tentativa do bi sul-americano, foi aplacada pela vitória sobre o Corinthians, nas semifinais.
Semanas depois, Felipão trocou o Palmeiras pelo Cruzeiro, onde voltou a cruzar o caminho do Palmeiras – mas a vitória foi alviverde, nas quartas de final da Libertadores de 2001. Contratado pela CBF, levou a seleção brasileira ao pentacampeonato mundial, em 2002, e depois passou cinco anos à frente da seleção de Portugal – foi vice-campeão da Eurocopa de 2004, quarto colocado na Copa de 2006 e eliminado pela Alemanha nas quartas de final da Eurocopa de 2008.
Depois de uma passagem mal-sucedida pelo Chelsea, o técnico foi trabalhar no Bunyodkor, do Uzbequistão, de onde se despediu agora. Voltar ao Brasil não é sua prioridade, mas a proposta do Palmeiras pode balançá-lo.
R7