O ano do Flamengo se transformou após a queda na Libertadores. Se antes não chegara a ser brilhante, após a eliminação perdeu-se qualquer sensação de evolução e, a cada adversidade, torna-se mais comum ver o time se desorientar. Na noite desta quarta, na assustadora exibição contra o Sport, na derrota por 2 a 0, em Recife, o time foi a imagem do absoluto desencontro, em especial no segundo tempo.
Há conceitos de futebol dos quais é difícil fugir. Construir um time que pretende ter a bola, tomar a iniciativa dos jogos e trocar passes desde a defesa, exige, no mundo moderno, algumas características. O Flamengo que acrescenta qualidade na parte ofensiva de seu elenco, inicia o jogo de forma defeituosa. Isso inclui laterais, defensores, volantes e o goleiro Alex Muralha, longe de ser um especialista no jogo com os pés. Ontem, Márcio Araújo errou uma comprometedora sequência de passes. No início do segundo tempo, em dez minutos, dois lances foram a imagem do problema e encaminharam a definição do jogo.
Pará recuou uma bola traiçoeira que Muralha, com a mão, concedeu ao Sport um tiro indireto na área. Não foi gol. Mas logo em seguida, o goleiro errou um passe e deu a bola nos pés de Osvaldo, que abriu o placar.
Mas não foi apenas isso. A entrada de Diego como meia mais centralizado e a presença de Éderson pela direita tornava a escalação usada por Zé Ricardo uma espécie de molde do que se espera ver em campo após a estreia de Éverton Ribeiro. Espera-se que o novo reforço ocupe o lado direito do campo. Houve problemas.
A começar pela recomposição naquele setor. Pará se viu diante de dois adversários algumas vezes. Por ali, Osvaldo e Thallyson combinaram até que Rithely perdeu a melhor oportunidade do Sport.
Mas a construção de jogo do Flamengo era ruim também. Teve raras ocasiões, apenas uma em lance trabalhado, quando Renê e Damião tabelaram até o atacante chutar com perigo. A outra chance, também de Damião, foi em bola longa de Pará para Arão fazer o cruzamento. No mais, o Flamengo sofreu sempre que foi pressionado em sua saída de bola, recurso usado em boa parte do primeiro tempo por Vanderlei Luxemburgo.
No segundo tempo, após se ver em desvantagem, o Flamengo perdeu qualquer estrutura com uma rapidez assustadora. Diego sentia nitidamente o lado físico. Primeiro, Zé Ricardo sacou Éderson e colocou Vinícius Júnior, que errou além da conta até aparecer em duas chances de gol, já nos acréscimos e com a partida definida.
Com dois centroavantes após a entrada de Vizeu, o Flamengo foi uma sucessão de bolas longas e cruzamentos. Do outro lado do campo, Thomas, ex-rubro-negro, fez o segundo.
O globo