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Meteoro da Paraíba, Campinense corre risco de ‘acabar’ em junho

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O Campinense-PB fez história no último domingo ao conquistar a Copa do Nordeste, o clube e a Paraíba ainda estão em festa, mas mesmo a conquista inédita não foi capaz de garantir continuidade ao projeto vencedor. Qual legado a conquista deixará para a instituição e o futebol paraibano?

Do elenco campeão no domingo contra o ASA-AL, sem sofrer um gol sequer dentro de casa, 24 jogadores têm contrato até o dia 5 de junho, término do Campeonato Paraibano. Ainda sem competição no segundo semestre, a Raposa depende do título estadual para disputar a Série D do Brasileiro e ter razões para não desmanchar o time. Do contrário, a diretoria admite que não há o que ser feito e é possível que esse time fique apenas na memória do torcedor.

– Se não formos campeões paraibanos, será um novo time, vida nova. Não teremos por que manter elenco – afirma o gerente de futebol do Campinense, Kleber Romero, em entrevista ao LANCE!Net.

Além do Paraibano, o clube ainda disputará a Copa do Brasil e sonha com um grande jogo contra o Flamengo, na segunda fase. Antes, porém, precisa passar pelo Sampaio Corrêa, na estreia.

Apesar das incertezas, a conquista não deixa de ser um marco, sobretudo pela fase recente do Campinense. O título do Nordestão coroou um trabalho de reconstrução da Raposa, que quase fechou as portas há três anos.

Por conta de processos trabalhistas acumulados desde a década de 1990, o Rubro-negro tinha uma dívida de cerca de R$ 3 milhões, calculada pela Justiça paraibana em 2010. Por conta disso, o clube teve todos os seus bens penhorados e, alguns, leiloados. Foram desde troféus de importantes conquistas, como do hexa estadual até hoje inédito, a rolos de papel higiênico.

O ápice da crise foi também em 2010, quando a Justiça foi até a sede do clube e, com caminhões, retirou todos os bens, deixando vazias as dependências do Renatão, casa da Raposa, em Campina Grande.

A atual diretoria, que assumiu em 2011, fez um acordo em abril do ano passado com a Justiça do Trabalho e 20% de todas as receitas vão direto para a quitação dos débitos. O clube garante que hoje a dívida está pela metade e haverá novo acordo em breve para renegociar valores.

A folha salarial é de R$ 240 mil mensais e não há atrasos. A conquista do Nordestão rendeu R$ 1 milhão e R$ 260 mil ficará para os atletas como gratificação. Uma história bonita, mas que carece de continuidade.

O FUTURO DO CAMPINENSE

Campeonato Paraibano

A equipe precisa ser campeã estadual para conseguir vaga na Série D do Brasileiro e ter competição a disputar no segundo semestre. A estreia no Paraibano será quinta-feira, contra o Atlético de Cajazeiras, fora de casa. No domingo, o clássico contra o Treze, principal rival. A Raposa é a favorita ao título com sobras e vê mo Botafogo, de João Pessoa, o principal concorrente.
 

Copa do Brasil

Estreia no próximo dia 10, contra o Sampaio Corrêa-MA, às 20h30, no Amigão, onde não sofreu gol no Nordestão. O principal objetivo do clube paraibano na competição é avançar pelo menos uma fase. Isso porque o adversário seguinte provavelmente será o Flamengo, que enfrenta o Remo-PA. O duelo contra o clube carioca geraria uma grande renda aos cofres do clube.

OS PASSOS DA RECONSTRUÇÃO

Estabilidade financeira

Assim que assumiu o clube, em 2011, a atual gestão, do presidente William Simões, priorizou uma forma de negociar a dívida do clube, que batia os R$ 3 milhões. Em abril do ano passado, o clube fez um acordo com a Justiça para quitar uma quantia a cada mês da seguinte forma: de todas as receitas do clube, como conta de patrocínios e renda dos jogos, 20% iriam direto para pagar o montante devido. Hoje, o clube afirma que a dívida está pela metade e haverá no meio do ano outra negociação do montante.

Comissão técnica vencedora e elenco ‘pinçado’

Após um primeiro ano de resultados sem expressão, o Campinense venceu o Paraibano ano passado e garantiu vaga na Copa do Brasil e Copa do Nordeste deste ano. Assim, no fim do ano passado, o presidente tomou a decisão que considera primordial para o título: mandou embora toda a comissão técnica e elenco e contratou uma nova. A aposta foi no técnico Oliveira Canindé, que havia sido campeão da Série D com o Guarano de Sobral, do Ceará. Foram contratados 24 jogadores, a maioria sem sucesso em outros clubes, ou que já tinha trabalhado com Canindé, todos com a supervisão do gerente de futebol Kleber Romero.

Apoio irrestrito e pagamento em dia

Com o Campinense voltando a conquistar o Estadual, a diretoria também conseguiu atrair mais investidores para o clube. Uma situação comum em clubes menores, a Raposa recebeu muitas doações de empresários paraibanos para gastos com contratações, viagens e outras despesas. Hoje, o Rubro-negro tem o patrocínio da Central de Construção, um dos grupos mais fortes da Paraíba, da Rota do Mar, e prefeitura municipal, que paga cerca de R$ 35 mil para estampar a marca do São João de Campina Grande na camisa do clube. Isso é feito com outros do estado também, como o Treze.

ENTREVISTA COM WILLIAM SIMÕES, PRESIDENTE DO CAMPINENSE

O que aconteceu para a mudança drástica do Campinense?
Antes de tudo, o planejamento. Para mim, 2010 faz parte de um passado distante. Iniciamos a pré-temporada no dia 2 de dezembro e mandamos todo o elenco embora. Apostamos na atual comissão técnica, que renovou todo o time.

Como estão as dívidas do clube? É possível zerá-las?
Vamos tentar novos acordos em processos com precatória e vamos diminuir. Acredito que com mais dois anos de gestão o clube já esteja totalmente sem débitos.

O desmanche é inevitável?
De maneira alguma. Já iniciei conversas com os jogadores, comissão técnica. Eles estão felizes e recebem rigorosamente em dia. Também premiamos bem.

Mas não há garantias de que o clube vai disputar a Série D.

 

Vamos garantir, sim. Vamos ser bicampões paraibanos. Não pelo título do Nordeste, mas pelo planejamento. Temos um elenco extraordinário, acredito muito nesse time e que vamos ganhar.
 

DEPOIMENTO – MARCIO PORTO, REPÓRTER DO LANCE!, VISITOU O CAMPINENSE EM 2010

"Um ginásio podre, um campo no qual futebol era impraticável, salas vazias de dar tristeza, quatro ou cinco funcionários e um par de chuteiras. Foi o que encontrei no Renatão, sede do Campinense, em visita ao clube, em junho de 2010.

Passava-se a Copa do Mundo da África do Sul, e ver um dos clubes mais populares do seu estado naquela situação em meio ao evento futebolístico mais importante e caro do mundo foi irônico.

Fui gentilmente recebido pelo assessor de imprensa, que trabalhava há meses sem receber salário. Não tinha escolha, era pela “visibilidade”, explicou. Ele me apresentou a Rômulo Leal, presidente que acabara de assumir para salvar a Raposa de extinção.
 

Não me recordo de uma resposta contundente do mandatário na entrevista que fiz. Porque ele simplesmente não as possuia. Também querendo ser gentil, me passou um “furo de reportagem”: um dos cinco funcionários que eu acabara de entrevistar iria ser demitido. Uma triste realidade, que agiganta ainda mais a conquista do Nordeste pelo clube. E se o projeto não tiver continuidade, que pelo menos o Campinense nunca mais volte ao caos que pude observar. O paraibano agradece."

Lancenet

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