O Santo André passou a semana quietinho, só vendo todo mundo badalar o Santos. Melhor time do Brasil, com um ataque que, até o início desta partida, havia marcado 93 gols no ano. O Peixe atropelaria o Ramalhão. Essa era a tônica das análises feitas durante a semana. Mas o futebol prega peças e a torcida alvinegra, que lotou o Pacaembu, assistiu, atônita, ao time do ABC acuar o Peixe, com marcação forte e contra-ataques muito rápidos.
O Santos até deu pinta de que estava com muito apetite e, logo no primeiro minuto, andou perto de balançar as redes quando o Wesley recebeu passe de calcanhar de Robinho e mandou a bomba, obrigando o goleiro Júlio César espalmar. Mas o time da Vila Belmiro parou por aí. O Santo André, com uma formação bem consistente, marcando Neymar e Robinho implacavelmente, controlou o jogo no meio de campo. Neymar, aliás, levou uma dura entrada por trás de Rômulo, torceu o tornozelo e sumiu. Sentindo muitas dores, o garoto foi apenas uma sombra em campo na etapa inicial.
No início, o Santos tentou marcar os meias Branquinho e Bruno César. Até conseguiu em alguns momentos. O problema é que os volantes do Ramalhão têm muita qualidade e, livres, saíram para armar o jogo. Alê e Gil chegavam ao ataque com disposição e, quando os meias conseguiram se livrar, a equipe do ABC chegava com até seis jogadores no ataque. O Peixe provava do seu próprio veneno.
Bem superior em campo, o Santo André martelava o gol defendido por Felipe. Aos 20, Branquinho desceu pela esquerda cortou Pará e chutou cruzado. Felipe espalmou. O Santos tentava se valer de algum contra-ataque, mas somente aos 29 minutos é que voltou a ameaçar. Neymar foi lançado na direita e pedalou em cima de Toninho, que o derrubou na área. Houve o pênalti, mas o árbitro Paulo César Oliveira ignorou.
Essa investida do Santos foi um lance isolado. O Santo André continuava melhor e o gol, que parecia inevitável, acabou saindo aos 34 minutos. Branquinho, cobrando falta da meia direita, acertou o canto direito de Felipe, que foi na bola, mas não conseguiu alcançar. Em seguida, quase saiu o segundo. Aos 37, Edu Dracena saiu jogando errado e entregou a bola para Nunes, que rolou para Rodriguinho. O artilheiro recebeu, girou e chutou por cima do gol.
O Santos estava atordoado, mas ainda conseguia ser perigoso quando acertava os passes. Aos 43, Léo fez ótima jogada pela esquerda, entrou na área e rolou para Robinho. O atacante dominou, já perto da pequena área, e chutou, mas pegou torto e errou o alvo.
– O nosso time não veio a campo, não compareceu. Vamos para esse segundo tempo como se fosse o primeiro tempo.
E finalmente o Santos entrou em campo. Com André no lugar de Neymar, que sofreu uma lesão no olho no primeiro tempo e teve de ser levado ao hospital, o Alvinegro ganhou presença de área. Além disso, Ganso também passou a jogar muito. Desfilando no meio de campo, acertando passes improváveis, o meia tomou conta do jogo.
O que se viu até os 24 minutos, quando o Santos marcou o terceiro gol, foi um massacre. Acuado dentro de sua área, o Ramalhão via homens de preto e branco surgindo de todos os lados. Aos 13, Ganso fez linda jogada pela ponta esquerda e levantou na cabeça de André, que só completou para o gol. Logo em seguida, aos 16, Robinho, que teve um primeiro tempo apagado, acertou grande lançamento para Wesley, que desceu pela direita, invadiu a área e chutou no canto direito de Júlio César.
A virada santista deixou o Ramalhão bastante assustado. O time do ABC tentava sair do sufoco, mas mal passava do meio de campo. O Santos não deixava. Aos 24 saiu o terceiro, numa linda triangulação. André tocou de calcanhar para Wesley, que jogou para Robinho e se projetou pela direita. O Rei das Pedaladas dominou e devolveu certinho. Wesley desceu e bateu forte. A bola ainda desviou em Júlio César antes de entrar.
A situação do Santo André ficou ainda mais complicada quando Toninho, aos 29 minutos, fez falta dura em André. Como já tinha o amarelo acabou expulso. No entanto, o Ramalhão mostrou ser um time valente. Mesmo com um a mais e correndo sério risco de levar uma goleada nos contra-ataques, foi para cima e, aproveitando-se de um relaxamento do time santista, acabou premiado com um golzinho. Aos 37, Gil chutou a bola na trave. Na volta, ela bateu em Rodriguinho e voltou para a rede.
O Ramalhão, na base da empolgação, abandonou a defesa e se mandou para o ataque, deixando enormes espaços para o Peixe. O jogo se tornou lá e cá: franco, totalmente aberto, eletrizante.
Domingo que vem tem mais. Antes, na quarta, o Santos enfrenta o Atlético-MG, no Mineirão, na primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil.
G1
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