O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba, Lionaldo Santos Silva, determinou nesta quarta-feira a imediata instauração de um inquérito desportivo para apurar um suposto esquema de corrupção envolvendo o futebol paraibano. A suspeita é que árbitros de futebol local seriam subornados para beneficiar o Botafogo-PB.
Segundo a decisão, que atende uma solicitação da Procuradoria Geral do TJD, são consideradas partes do inquérito o zagueiro Walter Januário de Paula Júnior (que jogou no Belo em 2015 e atualmente está no Rio Claro) como denunciante; além do Botafogo-PB, de Breno Morais (dirigente botafoguense) e do árbitro João Bosco Sátiro comoinvestigados.
O inquérito foi aberto como consequência de um áudio atribuído ao zagueiro Walter em que se descreve como aconteceria o esquema de corrupção. O jogador, em outro áudio, até já negou que seja a voz dele que aparece fazendo a denúncia, mas isto não parece ter convencido os auditores do Tribunal.
O áudio, de toda forma, é forte:
– Já joguei lá, mano. O Breno paga os caras. Juiz… paga tudo, mano, para ganhar. É a maior várzea, mano. E os caras se vendem lá mesmo, mano. Dá 50 mil pros caras. E os caras se vendem tudo lá. Maior zica. (…) Ali nem adianta. Esquema do caralho nesta Paraíba, mano. Roubam na cara de pau – escuta-se no áudio.
O áudio se refere a um jogo específico: Botafogo-PB x Auto Esporte, pelo Quadrangular Final do Campeonato Paraibano de 2015, que foi vencido pelo Belo por 3 a 1. De acordo com o relato, o então vice-presidente do Belo, Breno Morais (atual diretor de futebol do clube), teria chegado ao vestiário do clube alvinegro e avisado que o o árbitro daquele jogo (João Bosco Sátiro) já estaria pago e avisado que era para dar pênaltis em favor do Belo. O time paraibano venceria por 3 a 1 e teria dois pênaltis a seu favor, tendo marcado um e desperdiçado outro. É por estas razões que Breno e e João Bosco aparecerem como partes da investigação.
As primeiras determinações já foram dadas. O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo vai ser contatado para que pegue o depoimento de Walter, que atualmente atua no interior de São Paulo. E foi solicitado à Federação Paraibana de Futebol a súmula do jogo – realizado em 13 de junho de 2015 -, o relatório do delegado da partida, e a lista dos atletas e dirigentes das equipes que disputaram a partida.
A auditora Nilza Carolina Albuquerque foi designada para conduzir os trabalhos.
Entenda o caso
Um áudio atribuído ao zagueiro Walter detalha o que parece ser um esquema de compra de árbitros que seria orquestrado por dirigentes do Belo. O arquivo de áudio se tornou público no dia 20 de março e rapidamente se espalhou.
No áudio, relata-se como se dava o esquema e chega a citar o então vice-presidente do clube pessoense, Breno Morais (atualmente diretor de futebol do clube) como um dos envolvidos.
Quando a polêmica já estava instaurada, surgiu um segundo áudio, este sim declaradamente gravado por Walter, em que ele nega ser o autor do primeiro.
Mas a confusão já estava formada. O Botafogo-PB levou o caso à Polícia Civil e quer que o arquivo de áudio seja periciado para saber se foi mesmo o jogador quem o gravou. E, se declarando inocente, avisa que vai tomar as medidas judiciais caso fique comprovado que o jogador é mesmo o autor.
O Auto Esporte, por sua vez, citado como um dos prejudicados pela arbitragem, pediu uma rígida apuração do caso por parte da FPF e destacou que “há fortes indícios de que a denúncia seja verdadeira”.
Redação com globesportes.com