Sobre o jogo, pode chamar de chocolate, de massacre, de passeio, de humilhação. Sobre a equipe, vale dizer que atuou como máquina, carrossel, um timaço de embasbacar. O Inter, no ano de seu centenário, fez história. O bicampeonato gaúcho, com a conquista da Taça Fábio Koff, saiu na tarde deste domingo, no Beira-Rio, com uma goleada impressionante sobre o Caxias: 8 a 1, placar idêntico ao da final do ano passado, contra o Juventude. O primeiro título do novo século de vida do clube colorado consolida a imagem de uma equipe que, em algumas ocasiões, parece ser de outro mundo. O Inter conquistou o Gauchão de forma invicta. Atenção aos números: em 21 jogos, 18 vitórias e apenas três empates.
É o 39º Gauchão conquistado pelo Inter, que abre vantagem de quatro canecos sobre o Grêmio. O novo título foi fruto de uma atuação perfeita, para lembrar o rolo compressor, os heróis dos anos 70, os campeões mundiais de 2006. O primeiro tempo virou 7 a 0. Sim, é isso mesmo: o primeiro tempo, só os 45 minutos iniciais, terminou 7 a 0!
Agora, o Inter parte para objetivos maiores. Na quarta-feira, tem jogo contra o Guarani pela Copa do Brasil. A classificação às oitavas-de-final está encaminhada. E depois vem o Campeonato Brasileiro, sonho vermelho desde a conquista de 1979. Por mais que o Gauchão não seja parâmetro, o time de 2009 parece pronto para entrar no Nacional mais forte do que jamais aconteceu em sua história. A ressalva é que no ano passado a equipe então comandada por Abel Braga tinha dado a mesma impressão. E não comprovou depois.
Um primeiro tempo para jamais esquecer
Quando o árbitro Leandro Vuaden encerrou o primeiro tempo, o goleiro Rafael, do Caxias, caminhou lentamente até o vestiário. Nos olhos, lágrimas. Ele não acreditava que havia levado sete gols em 45 minutos.
O Inter destruiu com o adversário na etapa inicial por dois motivos. Primeiro, pela qualidade de jogadores como D’Alessandro, Taison, Nilmar, Magrão e Guiñazu, todos em excelente tarde. Segundo, porque lutou sempre. Mordeu a cada minuto, disputou todas as bolas, jogou como se estivesse em uma decisão de Mundial. Foi um time perfeito, o extremo oposto do Caxias, que parecia amador.
O primeiro gol saiu com seis minutos. D’Alessandro, na ponta direita, mandou a bola na cabeça de Magrão, que completou para a rede. A vantagem era o primeiro sinal de que o título sairia fácil, fácil.
O Inter jogava por música, colocava o Caxias na roda, em uma prévia daquilo que comprovaria no placar. Taison, artilheiro e craque do Gauchão, fez o segundo. A jogada, como de costume, passou por D’Alessandro, que fez a bola viajar de uma ponta para a outra do campo, até os pés de Kleber. O lateral mandou na área para o guri concluir: 2 a 0.
Eram 15 minutos. Com mais três, saiu outro gol. Bolívar acionou Nilmar em profundidade. O atacante mandou no canto de Rafael: 3 a 0. Ele mal teve tempo de comemorar e respirar até fazer mais um. D’Alessandro lançou a bola na área, a zaga cortou e o camisa 9 completou. Com 22 minutos, já era goleada.
Em uma tarde perfeita para os colorados, até Guiñazu, ídolo máximo da galera, fez gol. Ele recebeu em profundidade e desviou do goleiro. O Beira-Rio explodiu em euforia, aplausos e gritos de incentivo para o argentino. Todos os jogadores correram para vibrar com o capitão do time, que raramente chuta a gol. O detalhe é que, poucos minutos depois, com o placar de 5 a 0, lá estava o carequinha na linha de fundo defensiva caçando um adversário, dando carrinho, evitando o ataque adversário.
O gol mais bonito foi de Magrão, o melhor jogador em campo. O volante recebeu na entrada da área, viu o goleiro adiantado e deu um toquezinho leve, por baixo da bola, em lance de craque. Ela entrou no ângulo. Golaço. 6 a 0 no placar.
O resultado ficaria ainda mais absurdo. Aos 43 minutos, Taison fez fila na zaga e ficou pronto para marcar. Mas aí ele olhou para o lado e viu o amigo D’Alessandro livre. O argentino recebeu e concluiu sem problemas para fazer 7 a 0.
Aplausos para o Caxias
Com o título assegurado, o Inter acalmou o jogo no segundo tempo. Seguiu com o controle total, mas se tornou menos agudo. O Caxias, sem o pavor de antes, conseguiu ir para o ataque e até fez gol. O colombiano Cristian Borja, primo do ex-colorado Rentería, fez linda jogada pela ponta esquerda, tocou a bola entre as pernas de Índio, tabelou e mandou para o gol. Ele foi prontamente aplaudido pelos colorados.
Tite mexeu no time. Mandou a campo três jogadores importantes na campanha do título invicto. O atacante Alecsandro, o meia Andrezinho e o lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro entraram nas vagas de D’Alessandro, Nilmar e Magrão, respectivamente.
Conforme passava o tempo, a torcida fazia a contagem regressiva para a festa. O Inter seguiu tocando a bola, deixando os ponteiros do relógio correrem. Mas faltava o gol no segundo tempo. Ele ele veio aos 43: cruzamento de Kléber e cabeçada de Álvaro. O primeiro título do novo século de vida do Inter estava assegurado em uma tarde histórica.
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