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Vôlei do Brasil dá adeus à Rio 2016

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 Quando a pancada de Sheilla bateu na rede e voltou, algo se mostrou fora do lugar. A casa estava cheia, a festa estava montada, mas tudo desabou em pouco mais de duas horas. Como numa ironia escrita às pressas, o roteiro montado há tempos foi jogado no lixo. Nas previsões, poucas medalhas pareciam tão certas. Pareciam.

Em uma noite para ser esquecida, o Brasil lutou até o fim, mas caiu para a China em 3 sets a 2, parciais 15/25, 25/23, 25/22, 22/25 e 15/13, e deu adeus ao sonho do tricampeonato olímpico nos Jogos do Rio. O choro em quadra foi inevitável.

Na fase de classificação, a China passou em quarto lugar no grupo B. O Brasil, que sequer havia perdido um set na competição, havia avançado em primeiro. Embalada, a China vai encarar a Holanda, nesta quinta-feira, para definir uma das finalistas.

 

A queda nas quartas de final transforma, nos números, a participação brasileira na pior desde os Jogos de Seul, em 1988, quando terminou em sexto lugar. Desde então, a equipe sempre havia avançado ao menos às semifinais, conquistando o ouro em Pequim 2008 e Londres 2012, além do bronze em Atlanta 1996 e Sydney 2000. Apesar do status de favorito ao ouro, o Brasil não conseguiu conter a força de Ting Zhu, que terminou a partida com incríveis 28 pontos. Do lado brasileiro, Fernanda Garay, com 24 pontos, Sheilla, com 18, e Natália, com 20, foram os principais destaques.

– A gente fez um primeiro set excepcional, com poucos erros e o saque entrando bem. No segundo set, a China mudou a recepção e começou a equilibrar mais as ações e começou a virar bolas com mais facilidade. Foi quando começamos a sofrer no nosso sistema defensivo. Foi a tônica do segundo e do terceiro set. A gente não estava encontrando o passe. A gente não estava usando o meio, que é um ponto de apoio muito grande nosso. Com o embalo da torcida, a gente conseguiu ganhar o quarto set. No quinto, alguns detalhes, como sempre é o tie-break. A China, em um contexto geral do jogo, foi melhor do que o Brasil. A gente lutou do começo ao fim, tentou do começo ao fim, a gente só tem de agradecer as jogadoras pelo empenho do começo ao fim – afirmou Zé Roberto.

 

O JOGO
Ting Zhu encheu o braço, e as chinesas começaram a correr em círculos, como costumam fazer para comemorar cada ponto. O Brasil não começou a contagem, mas não demorou a pular à frente no placar. Quando Sheilla subiu e fechou a rede em frente ao ataque rival, a seleção abriu 4/1. Na defesa, as asiáticas pareciam se multiplicar e dificultavam a definição do ponto. No ataque, porém, faltava calibrar a mão. Elas erravam – e muito –, facilitando a vida das donas da casa. Em uma largadinha de Sheilla, o placar marcou 7/2, e a técnica Lang Ping parou o jogo.

O Brasil mostrava força no ataque e muita consistência na defesa. Não havia bola perdida. Natália, por exemplo, se lançou de longe para salvar jogada que terminou em ponto brasileiro. A vantagem aumentava em ritmo rápido. Na pancada de Fabiana pelo meio, o Brasil já tinha 11/5. A China tentava responder com Ting Zhu, principal jogadora do outro lado, mas faltava fôlego para a reação.

Fê Garay apareceu duas vezes em sequência e fez a vantagem chegar a 19/9. A China tentava. Passou a explorar mais jogadas pelas pontas, na tentativa de vencer o bloqueio brasileiro. Não teve muito jeito. A seleção ainda desperdiçou alguns ataques, deu bobeira em algumas bolas, mas nada grave. O ponto final veio com Thaísa, em uma pancada pelo meio: 25/15.

 

A China quis endurecer o jogo. Após parar Fernanda Garay com um bloqueio pela ponta, abriu 3 a 1. A virada não demorou a chegar. Garay deu o troco e fez a seleção chegar a 9/4 com facilidade. Do lado de lá, Ting Zhu se esforçava. Na marra, conseguiu fazer com que a diferença caísse para apenas três pontos. O Brasil também não ajudava. Depois de alguns erros em sequência, a seleção permitiu que as rivais deixassem tudo igual: 11 a 11.

Zé Roberto parou o jogo e tentou arrumar a casa. Em um primeiro momento, deu certo. No ace de Natália, a seleção chegou a 14/11. A China, porém, voltou a buscar e deixou tudo igual com Yunli Xu. Pela primeira vez, as rivais tomaram a dianteira em ace de Changning Zhang. O Brasil acordou e abriu 21/18, mas lá foram as chinesas buscar mais uma vez. À beira da quadra, Zé Roberto praticamente implorava: “Vamos virar, vamos virar”. Mas, pela primeira vez, a seleção sentiu o gosto de ser derrotada em uma parcial. Ting Zhu deixou tudo igual em bloqueio certeiro: 25/23.

A China abriu a contagem no terceiro set quase sem querer: ao mandar a bola de graça para o outro lado, contou com uma bobeira da defesa do Brasil. Era até estranho de ver. Tão bem até a metade da parcial anterior, a seleção parecia perdida em quadra. A equipe cometia erros e entregava pontos de graça, mas tinha talento para se reencontrar. Passou à frente depois de um erro de rotação das chinesas (6/5).

Era um jogo tenso àquela altura. Em ataque de Ting Zhu, a China fez 8/7, mas Zé Roberto viu bola fora e desafiou. Estava certo. Dois erros em sequência, porém, fizeram com que as chinesas retomassem a dianteira. O Brasil virou em um golpe de sorte, quando o ataque de Fê Garay raspou na cabeça da rival, dando o ponto para o Brasil. Zé, então, chamou Jaqueline. A veterana entrou em quadra no lugar de Natália e marcou logo em sua segunda jogada, mas ainda faltava algo.

O Maracanãzinho se prendia em tensão, e a seleção parou. Em uma série de erros das donas de casa, a China chegou a 21/18. Em quadra, Sheilla reuniu as jogadoras e pediu calma. Zé, por sua vez, pediu tempo. Mas nada parecia certo. Com o set point em mãos, as chinesas chegaram a fechar, mas o árbitro flagrou invasão, fazendo a seleção respirar. Mas a queda foi apenas adiada: em mais um golpe de Ting Zhu, 25/22.

O Brasil juntou os cacos e tentou se arrumar. O início do quarto set, porém, não foi bom. Os erros ainda estavam ali, com uma frequência incômoda. Zé Roberto fechou o rosto, pôs a mão na testa e pediu tempo. No retorno, o time pareceu se acertar. Acertou a mão em alguns ataques, mas foi passageiro. A China, do outro lado, tinha a leveza de quem jogava sem pressão. Abriu 12/9 e fez o Maracanãzinho se calar.

 

A hora de reagir era aquela, mas a seleção precisava de uma forcinha. Na marra, conseguiu buscar o empate. Fabiana marcou no saque, com a bola caindo na linha do fundo da quadra chinesa. Lang Ping quis duvidar e pediu desafio. Sem sucesso, pediu tempo. Queria quebrar o ritmo brasileiro. Não funcionou. Em uma largadinha de Natália, o Brasil tomou a frente e, desta vez, o Maracanãzinho explodiu. Juciely, em bloqueio monstruoso, aumentou a vantagem. Mas nada parecia fácil. A pancada de Sheilla causou alívio imediato à arquibancada: 25/22.

 

O primeiro ponto foi chinês, mas Juciely respondeu à altura logo na sequência. O tiro em um tie-break é curto e não permite erros. O problema é que o Brasil errava. Esteve à frente no placar, mas viu o ataque de Natália voar longe. Na sequência, Ting Zhu aumentou a vantagem das chinesas (8/6).
O Brasil foi buscar. Chegou ao empate com Fê Garay, fazendo o placar marcar 10/10. Foi o último suspiro. A China retomou a liderança. E quando o saque de Sheilla parou na rede, o time asiático teve o match point. Fabiana marcou e conseguiu evitar o fim em um primeiro momento. Zé pediu tempo. A torcida passou a gritar “Eu acredito”. O fim, porém, foi inevitável. Em novo ataque chinês, fim do sonho: 15/13.

 

G1

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