Em recente livro publicado pela Editora Thomas Nelson, o historiador brasileiro Willibaldo Neto busca responder a pergunta: “A Igreja apoiou Hitler”?. A resposta é intrigante: aproximadamente 95% dos alemães na época eram batizados e contribuintes de igrejas católicas e protestantes. Logo, os cristãos apoiaram, sim, o nacional-socialismo.
Primeiramente, Hitler subiu ao poder apoiado nos anseios, angústias e ressentimentos dos alemães. A Alemanha havia perdido a Primeira Guerra e estava economicamente falida após a Quebra da Bolsa de Nova York (1929). Hitler prometia salvar a Alemanha e o cristianismo do comunismo e da desordem social e econômica.
Para muitos cristãos, Hitler se tornou o salvador que resgataria a honra nacional. Ao chegar ao poder, Hitler conseguiu estabilizar a economia, recuperar o moral do país, controlar a criminalidade, fustigar os comunistas. Para vários cristãos, ele representava a realização de muitos sonhos e a superação de frustrações.
Nesse contexto, cristãos cederam ao ódio antissemita e ao medo do comunismo. Tornaram-se presas e predadores. Textos antissemitas de Lutero foram usados e um preconceito cultural antijudaíco foi fortalecido. Hitler radicalizou o ódio e inventou teorias da conspiração para angariar apoio de antissemitas e anticomunistas cristãos.
Se não bastasse, Hitler se afirmava publicamente como católico por ter sido batizado na infância. E dizia ser um defensor da cristandade. Devido à cegueira moral e espiritual, várias igrejas dispuseram ao lado da cruz a suástica e hastearam bandeiras nazistas nos templos.
Hitler afirmava que Jesus era um “líder ariano” que, na batalha contra judeus, perdeu e morreu na cruz. Ele, então, afirmava que: a tarefa não terminada por Jesus “será por mim concluída” p. 49. Teólogos e pastores apoiaram e defendiam de púlpito que Jesus era ariano, e não judeu, legitimando o apoio cristão a Hitler.
Inclusive, surgiu “O Movimento Cristão Alemão” que tentou implantar a visão ariana nas igrejas protestantes, mudando textos bíblicos, hinos, liturgias, etc. Em oposição, surgiu a “Igreja Confessante”, liderada por Karl Barth, que passou a defender a fé cristã tradicional em oposição ao nacional-socialismo, denunciando a corrupção da Igreja. O teólogo Bonhoeffer tentou matar Hitler, mas acabou sendo executado.
O messianismo político levou a Igreja cristã alemã ao fundo do poço moral e espiritual. É uma dura, triste e lamentável verdade que o ódio político, o medo e o silêncio de cristãos possibilitaram o apoio a Hitler. Essa é uma página terrível e lamentável da história da Igreja cristã. Resta uma lição: a fé cristã não pode ser corrompida por ideologias ou líderes políticos. Igreja: confesse, confesse, confesse o puro evangelho de Cristo!
Anderson Paz
Colunista PB Agora