Desde a década de 1980, o partido republicano americano tem estado sob o paradigma de Ronald Reagan: livre mercado global e política externa intervencionista em conflitos internacionais. Se eleito esse ano, Trump consolidará sua revolução dentro do partido republicano.
Trump é um nacionalista que quer se afastar da abertura comercial em prol de protecionismo econômico, enquanto enfraquece os termos do pacto da OTAN diante da ameaça russa em relação à Europa e da China face a Taiwan.
A indicação de J. D. Vance como seu vice é clara: Trump quer consolidar e garantir a continuidade de seu pensamento como principal expressão do partido republicano. Essa é uma mudança radical: do paradigma cosmopolita de Reagan para o nacionalismo trumpista.
Aqui estão duas grandes preocupações: 1) Protecionismo pode prejudicar a produtividade no longo prazo porque o mercado se acomoda às garantias do Estado, enfraquecendo tanto a economia americana como de outros países que não terão o incentivo para competir com os produtos americanos.
2) Em âmbito externo, o nacionalismo trumpista pode ser um grande problema para o Ocidente diante das ameaças russas à Europa. Trump e Vance não escondem que podem deixar a Ucrânia nas mãos de Putin, que é um cruel e terrível ditador imperialista que destrói vidas na Ucrânia.
O trumpismo é a expressão do descontentamento das classes baixas contra as elites cosmopolitas econômicas e progressistas. Agora, em momentos de crise e revolta, sempre existe o perigo de o remédio se tornar veneno.
Anderson Paz