O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um pronunciamento rápido na noite deste domingo (31) sobre a renegociação do aumento do teto da dívida dos Estados Unidos.
Em um período de aproximadamente cinco minutos, Obama declarou que o acordo será feito dentro do prazo –cuja expiração ocorre em 2 de agosto–, e que "os líderes de ambos os partidos desejam o acordo".
O presidente, no entanto, deu poucos detalhes sobre o pacote acordado e não esclareceu diversas dúvidas, como o valor da elevação do teto da dívida –hoje em US$ 14,3 tri. Em versões anteriores do plano, esse aumento era de US$ 2,4 trilhões, mais que o PIB do Brasil. Esse valor seria suficiente para o governo americano arcar com suas obrigações até 2012.
Obama também disse que o corte de gastos do país deve ser de US$ 1 trilhão ao longo de dez anos. No total, os cortes devem extrapolar US$ 2 trilhões, em uma segunda etapa do plano ainda não detalhada. Tanto os republicanos quanto os democratas concordam com a meta, segundo o presidente.
"Não concluímos ainda. Eu quero alertar os membros de ambos os partidos para que tomem a atitude certa, e para que apoiem esse acordo", declarou o presidente, que também classificou como "devastador" o efeito de um possível calote do país norte-americano.
Após o comunicado, Obama saiu sem falar com os jornalistas.
Segundo informações da imprensa americana, o Senado e a Câmara dos Representantes devem votar a proposta ainda nesta segunda-feira.
NOVELA
O aumento do teto da dívida deve acontecer a fim de evitar que o país entre em default (suspensão de pagamentos), ao atingir o limite de seu endividamento na terça-feira.
Na sexta-feira, os senadores recusaram o plano republicano sobre o tema, que havia sido aprovado cerca de duas horas mais cedo pela Câmara de Representantes. A proposta, apresentada pelo presidente da Câmara, o republicano John Boehner, buscava elevar o teto da dívida americana em duas etapas.
Sem o aumento do teto da dívida até 2 de agosto, os americanos podem enfrentar elevação da taxa de juros e a queda do dólar. Com o aumento do custo das taxas de empréstimo, hipotecas e empréstimos estudantis ficam mais caros e o efeito é sentido por grande parcela da população.
TRÂMITE
Veja como, possivelmente, o aumento do teto se desenrolará no Parlamento:
– Assim que for alcançado um acordo sobre o limite do endividamento do país, o líder da maioria no Senado, Harry Reid, buscará o apoio unânime para incorporar ao acordo condições impostas ao plano.
– Se nenhum dos senadores fizer objeções, o Senado endossaria rapidamente a proposta revisada e a enviaria à Câmara dos Deputados, para votação.
– Normalmente, a Câmara leva três dias entre a introdução de um projeto e sua aprovação final, mas essa regra foi deixada de lado e a votação poderá ser realizada horas depois de o Senado dar seu aval.
– Assim que a Câmara aprovar a medida, a legislação sobre aumento do teto do endividamento do país será enviada para sanção do presidente Barack Obama.
– Num outro cenário, se apenas um senador impuser objeções, Reid convocaria uma votação sobre procedimentos para a matéria a 1h da terça-feira (2h da madrugada em Brasília) para que o projeto possa seguir adiante. Essa votação poderá ser realizada mais cedo, se nenhum senador se opuser.
– Se o projeto obtiver os 60 votos necessários para seguir adiante, uma votação final ocorreria às 7h de quarta-feira (8h em Brasília). Esse cronograma também poderá ser antecipado, se não houver objeções.
– Depois disso, o projeto aprovado iria para a Câmara e, em seguida, para a sanção de Obama.
FOLHA.COM